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Schevchuk: rezemos pelos órfãos que são sequestrados na Ucrânia e depois deportados

Na reflexão do arcebispo greco-católico de Kiev, entre outros, o pedido a para rezarem por Kherson, a denúncia dos atos terroristas da Rússia que destrói as fontes de geração de energia elétrica com o objetivo de deixar a população sem eletricidade e sem aquecimento, além do tema do matrimônio, com os benefícios que os cônjuges devem acolher e aceitar de forma consciente e voluntária: o mistério, a fidelidade, o dom da geração da prole.

Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!

Queridos irmãos e irmãs em Cristo, hoje é domingo, 23 de outubro de 2022. Na Ucrânia, por outro lado, já são agora 242 dias da grande, sangrenta e terrível guerra que já ceifou tantas vidas humanas, causou dor a muitas pessoas e estraçalhou o destino de inúmeras crianças.

Durante o último dia, intensos e sangrentos combates ocorreram em toda a linha de frente: no norte, leste e sul do nosso país. Mas, aparentemente, ontem ficará na história como mais um dia de terrível terrorismo russo em grande escala.

Ontem, foi lançado um ataque maciço de mísseis contra a Ucrânia, que pode ser comparado, se não superado, às ondas de ataques com mísseis realizados em 10 ou 11 de outubro. Embora as forças de defesa aérea ucranianas tenham derrubado a maioria dos mísseis, de acordo com as informações que temos esta manhã, a Ucrânia foi atingida por 32 mísseis inimigos. 25 ataques aéreos foram realizados. 80 ataques foram feitos com vários lançadores de foguetes múltiplos. O inimigo está destruindo metodicamente a infraestrutura energética da Ucrânia. E ontem, em apenas um dia, o inimigo destruiu importantes centrais de fornecimento de eletricidade ucranianos em 9 regiões de nossa pátria. São as regiões de Vinnytsia, Volynia, Rivne, Kharkiv, Khmelnytskyi, Kirovohrad, Chernihiv e Zaporizhzhia. Nossa região de Odesa também sofreu ontem. Segundo relatos, 1,5 milhão de ucranianos ficaram sem eletricidade após o ataque terrorista.

Percebemos que ter luz em sua casa na Ucrânia está se tornando um luxo. Mas a Ucrânia resiste! A Ucrânia luta! A Ucrânia reza!

 

E hoje, neste domingo, vamos às nossas igrejas para estar diante da face de Deus, estar em comunhão com o corpo e o sangue de nosso Salvador no Mistério da Eucaristia e pedir a Deus ajuda, proteção e cura das feridas do sofrimento da Ucrânia.

Hoje continuamos nossas reflexões sobre como a Ucrânia deveria ser depois da guerra. Sabemos todos que a Ucrânia, bem como a Rússia e o mundo que existia até 24 de fevereiro deste ano, não existe mais. Mas nosso trabalho é fazer de tudo para tornar a Ucrânia e o mundo melhores do que éramos antes deste momento trágico. Vejamos que podemos fazê-lo com a ajuda de Deus e com a solidariedade universal e internacional.

Hoje continuamos a pensar em como fortalecer a instituição da família na Ucrânia, como apoiar nossos cônjuges que estão se preparando para o casamento. Como ouvir e apoiar jovens casais que estão dando os primeiros passos para a vida juntos, os primeiros passos comuns em seu caminho para a santidade.

Hoje eu gostaria de chamar sua atenção para as coisas que tornam válido um casamento. Sobre como os esposos devem se preparar e, portanto, viver corretamente este evento sagrado. Dissemos que, para poder conceder o Sacramento do Matrimônio, os noivos e o sacerdote, a Igreja e a comunidade devem fazer um grande trabalho de preparação. Em nossa Igreja existem comunidades dedicadas, programas de preparação para o casamento. E, claro, um dos objetivos dessa preparação é ajudar os cônjuges a se prepararem corretamente, a entender e, portanto, a expressar seu consentimento conjugal. De fato, no início deste sacramento do rito de noivado, o sacerdote pede a quem entra na igreja na presença de toda a Igreja, de todas as testemunhas, de toda a comunidade, as seguintes palavras: "De livre e espontânea vontade, não forçada, tens a firme intenção de tomar como esposa a mulher que vês diante de ti? A mesma coisa se pegunta à esposa: "De livre e espontânea vontade, não forçada, recebes como marido o esposo que tens diante de ti?”

Então, tanto a noiva quanto o noivo respondem "sim". Mas o que significa tomar uma pessoa por esposa? O que significa tomar o homem que você ama como marido? Significa dar consentimento, aceitar os três benefícios fundamentais, os maiores benefícios da vida conjugal. Ou seja, aceitar certos dons que essa pessoa, esse sacramento trazem para sua vida.

Para se casar, obviamente é necessário dar um consentimento livre e bem elaborado aos três benefícios da vida conjugal que a Igreja tradicionalmente esboça em três palavras.

Pela primeira vez, estas palavras foram formuladas por Santo Agostinho: “Fides Proles Sacramento.” Significa aceitar que o matrimônio não é um simples contrato humano, um acordo estipulado entre os dois. Trata-se, de fato, de sacramento, de um dos sete sacramentos da Igreja. Quem une os esposos em um só não é tanto a vontade humana, nem mesmo o consentimento humano, mas o poder e a graça do Espírito Santo. Aqui está o maior bem, o maior dom do amor de Deus, que então acompanha o esposos em seu caminho para a felicidade e a santidade.

A segunda vantagem da vida conjugal é a fidelidade e a inseparabilidade. Quando alguém não concorda em tomar o outro como esposa ou marido pelo resto da vida, até a morte, quando alguém não concorda que esse casamento é inseparável, então esse casamento pode ser inválido. Ou seja, não vai existir.

E o terceiro e muito importante benefício da vida conjugal é a geração de filhos. Precisamente no matrimônio, na unidade, no amor de um homem e de uma mulher, o Senhor revela a sua particularidade. Porque nosso Deus é o Deus Fonte que dá vida.

Homens e mulheres refletem de maneira especial a imagem de Deus que carregam dentro de si. Eles se tornam coparticipantes na criação de uma nova pessoa. Portanto, a pessoa que contrai o casamento deve concordar, deve expressar a boa vontade, a vontade não forçada de estar aberta para ter filhos.

"Fides Proles Sacramento". O mistério, a fidelidade, o dom da geração da prole. Esses são os benefícios que os cônjuges devem acolher e aceitar de forma consciente e voluntária. O Senhor Deus lhes dará dons generosos. Precisamente Ele, pelo seu poder e graça, derrama sobre os esposos o Sacramento do Matrimônio e é o garante de que poderão cumprir as suas promessas conjugais e receber os dons de que hoje falamos.

Neste domingo quero pedir a todos os filhos e filhas de nossa Igreja, todas as pessoas de boa vontade em todo o mundo que rezem pela cidade ucraniana de Kherson. Hoje, esta cidade no Dnipro, no sul da Ucrânia, está se tornando o centro de um grande confronto. Os ocupantes estão saqueando a cidade destruindo-a, expulsando seus habitantes. Eles o transformam em um posto avançado de futuras batalhas pesadas onde muito sangue pode ser derramado. Mas o coração sofre especialmente por crianças órfãs. Crianças órfãs que são privadas de cuidados parentais e, portanto, são as mais vulneráveis, em particular, aos horrores da guerra. Recebemos informações de que 46 hóspedes do Lar Infantil Kherson foram deportados à força para Simferopol. Rezemos por estes órfãos, porque é dever antigo de cada bispo em cada comunidade cristã cuidar sobretudo das viúvas e dos órfãos. Oremos pelos órfãos que são sequestrados na Ucrânia e depois deportados para um destino final desconhecido.

Deus, abençoe a Ucrânia! Deus, abençoe o exército ucraniano que protege nossa pátria do injusto agressor e assassino russo. Deus, salve as crianças da Ucrânia! Deus, proteja os órfãos que estão sob Seu maior cuidado nesta guerra. Porque você disse: "Tudo o que você fez com um desses meus irmãos, você fez comigo"

Que a bênção do Senhor esteja sobre vocês por meio de Sua graça e amor pela humanidade,  agora e para todo e sempre, amém!

Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!

Svyatoslav+

Pai e Primaz da Igreja Greco-Católica Ucraniana
23.10.2022

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23 outubro 2022, 20:42