Schevchuk: ensinar o amor significa descobrir a humanidade de Deus

Louvado seja Jesus Cristo!

Queridos irmãos e irmãs em Cristo, hoje é segunda-feira, 31 de outubro de 2022 e na Ucrânia já se passaram 250 dias desta grande guerra sangrenta e sacrílega, que ceifa a vida de dezenas de pessoas todos os dias e deixa centenas de feridos. Mas o povo ucraniano está resistindo inabalavelmente à agressão russa.

Mais uma vez, no decorrer do dia de ontem e especialmente esta manhã, toda a Ucrânia, toda a terra ucraniana, estremeu sob mísseis, drones, bombas e artilharia russos. Esta manhã, o inimigo atacou novamente com um grande ataque de mísseis. E neste momento ainda há um alerta antiaéreo e uma nova onda de ataques é esperada. Nossas cidades sofreram: Kharkiv, Cherkasy, província de Poltava, Zaporizhzhia. Esta manhã, Kiev estremeceu. O inimigo atacou a infraestrutura crítica de nossa capital. Algumas partes da cidade não têm eletricidade ou abastecimento de água.

O inimigo acredita que vai intimidar os ucranianos. Ele acha que vai quebrar nossa vontade de liberdade. Mas a cada golpe a Ucrânia se fortalece. Com cada pequeno esforço que fazemos para economizar energia, respeitar as regras nas vias públicas, respeitar as regras e leis do nosso Estado durante a lei marcial, com tudo isso fortalecemos nosso eEtado e protestamos contra o terrível agressor.

Além disso, nos últimos dias soubemos que a Rússia bloqueou o chamado acordo sobre grãos, que foi acordado para a província de Odessa há algumas semanas. Ouvimos falar desse perigo de bloquear a exportação de grãos ucraniana pela decisão dos novos ditadores, mais uma vez milhões de pessoas em todo o mundo estão condenadas a passar fome. A Ucrânia, que sobreviveu ao Holodomor no século passado e que em poucas semanas iniciará o ano de comemoração do grande Holodomor de 32-33, lembra bem o que é a morte por fome. Ainda assim, mesmo em tempos de guerra pensamos em como alimentar os famintos, como dar água aos sedentos, como aquecer e vestir os que estão com frio.

E é por isso que hoje dizemos: a Ucrânia está de pé! A Ucrânia está lutando! A Ucrânia reza! A Ucrânia defende a dignidade humana. O direito de cada pessoa de viver, de ser livre. O direito de cada pessoa sentir-se proprietária de sua terra.

Hoje quero continuar convosco a reflexão sobre a dignidade e a importância da família e das relações familiares para a construção de uma sociedade forte e real. Porque mesmo em tempos de guerra temos que manter nossa comunidade unida. Devemos construir o futuro. O futuro, que o Senhor Deus nos dará junto com a vitória sobre o inimigo.

Hoje quero refletir com vocês sobre a dignidade e a importância da família para ensinar a uma pessoa moderna a criar relações humanas reais, profundas, plenas e saudáveis. Sabemos que a família é a escola primária onde aprendemos a comunicar uns com os outros, a viver juntos na mesma casa. Sabemos o quanto é importante para os filhos verem seu pai e sua mãe se amarem e se apoiarem e que é isso que eles vão reproduzir na vida de casados. Se uma criança sente que seu pai e sua mãe a amam, só então ela crescerá para ser uma pessoa saudável e saudável em espírito, corpo e mente. É na família que aprendemos a construir relacionamentos entre irmãos e irmãs e entre os mais velhos e os mais novos. É na família que aprendemos a comunicar uns com os outros, onde aprendemos a ouvir, a compreender, a comunicar na nossa própria língua. É na família que aprendemos a rezar. Porque o que é importante para mamãe e papai será importante e valioso para seus filhos.

A família é a principal rede de relações humanas, que se estendem muito além do lar parental. É impossível falar de relacionamentos humanos saudáveis ​​e saudáveis ​​na sociedade se não aprendermos a construí-los adequadamente em nossa família. Mas a relação mais importante que garante a integridade do ser humano e garante sua capacidade de ser feliz é a relação amorosa. O amor como sabedoria eterna, como princípio construtor para a criação do casamento, da família, da sociedade e da paz estável. É numa relação de amor e respeito mútuo, apoio e até auto-sacrifício pelo bem do outro, onde podemos aniquilar o pecado da violência doméstica, o pecado do adultério, a exploração e o pecado da guerra. Os sábios dizem que todas as guerras se originam no coração do homem, são testadas na família, são vivenciadas na sociedade e destroem a humanidade.

Ensinar o amor é fortalecer a dignidade de uma pessoa, curar suas feridas e mostrar o caminho para a felicidade e a felicidade eterna. Em uma família é possível a aprender a amar verdadeiramente. E isso faz da família uma igreja doméstica que cura as próprias feridas da família. Ensinar o amor significa descobrir a humanidade de Deus que se apresenta por primeiro e estabele sua relação com o homem. Ele nos procura, como uma vez procurou Adão que, depois de ter cometido o pecado, se escondia no Paraíso, e nos diz, a mim e a ti: “Onde estás? Onde estás, meu filho?"

Hoje quero agradecer ao Senhor Deus junto com vocês pelo fato de que também nestes dias 52 de nossos heróis foram libertados do cativeiro russo, das prisões russas. 52 prisioneiros de guerra voltaram para casa. Rezemos por todos aqueles que permanecem em cativeiro. Rezemos por todos os que sofrem. Por todos aqueles que sofrem especialmente como vítimas diretas desta guerra. Rezemos pelos doentes, pelos moribundos, pelos desanimados, por aqueles que tanto precisam sentir aquele sopro quente e vivificante do amor de Deus.

Oh Deus, nós sabemos que você nos ama! Oh Deus, amo a Ucrânia! Oh Deus, ame os ucranianos e todos os habitantes de nossa pátria! Ó Deus, fazei-nos portadores do vosso amor, construtores de relações humanas reais, saudáveis ​​e salutares, que transmitam esta vossa força vivificante a todos os que hoje sofrem e choram! Ó Deus, abriga-nos com teu amor e abençoa nosso país com tua paz celestial e justa!

Que a bênção do Senhor esteja sobre vocês por meio de Sua graça e amor pela humanidade,  agora e para todo e sempre, amém!

Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!

Svyatoslav+

Pai e Primaz da Igreja Greco-Católica Ucraniana
31.10.2022