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O Núcleo de Direitos Humanos da Repam está reunido O Núcleo de Direitos Humanos da Repam está reunido 

Repam em Manaus: encontro analisa os direitos básicos de pobres e indígenas

Reunidos em Manaus, o Núcelo de Direitos Humanos da Repam reúne esforços para "trabalhar cada vez mais sobre o significado dos direitos humanos na própria evangelização" e junto às comunidades indígenas, afirma Pe. Peter Hughes, que faz parte da coordenação.

Vatican News

A Repam, a Rede Eclesial Pan-Amazônica, está reunida nesta semana em Manaus, onde atualmente está sediada. Já o seu Núcleo de Direitos Humanos se reúne de forma híbrida, com um grupo presencial e outro virtual, a partir desta terça-feira (8). De acordo com Padre Peter Hughes, membro da coordenação, a Repam compreendeu desde o início a necessidade de "estabelecer um caminho para poder acompanhar os líderes e grupos indígenas da Amazônia, a fim de alcançar mudanças efetivas". Nesse sentido, o missionário colombiano, que mora no Peru, enfatiza que "o trabalho com direitos humanos é básico, porque os direitos são a base para produzir mudanças". Ele pede que isso seja "internalizado pela própria Repam", porque "os direitos humanos são a espinha dorsal da Rede", insistindo em "trabalhar cada vez mais sobre o significado dos direitos humanos na própria evangelização, no coração do trabalho pastoral e da mensagem cristã", superando a ideia de que os direitos humanos não fazem parte do nervo central da mensagem cristã.

O Padre Hughes afirma ainda que, "nos últimos dois ou três anos, a Repam deu um enorme passo em frente, com o reconhecimento cada vez mais importante por parte de organismos internacionais, como as Nações Unidas, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos e, mais recentemente, a Organização dos Estados Americanos". O chamado é para não esquecer que "biblicamente, os direitos dos pobres são os direitos de Deus", o que nos leva a entender que "uma leitura da Carta Fundamental dos Direitos Humanos de 1948 também deve se basear na revelação das histórias bíblicas", algo muito importante para avançar com base no que o Sínodo para a Amazônia declarou, que vê que os direitos humanos "não apenas como uma coisa política importante ou um dever social, mas uma exigência de fé". 

O Núcleo de Direitos Humanos da Repam assume, então, o desafio de "acompanhar o território a partir de suas necessidades e realidades", e junto com isso "articular todos os esforços de todas as igrejas e instituições que estão nesse caminho de defesa das comunidades indígenas, trabalhando em equipe, em rede, todas com a mesma visão", afirma por sua vez, Lily Calderón. Os povos amazônicos são os principais atores dos direitos humanos no território, "por eles, para eles e com eles", insiste ela. Nesse sentido, enfatiza que a defesa da dignidade da pessoa humana é algo presente nas Constituições dos países que fazem parte do território amazônico, lembrando que, "em Querida Amazonia, essa ideia também se repete e deve ser a base central, o eixo principal de todas as atividades a partir de uma perspectiva de direitos humanos na Amazônia".

A partir daí, entende-se que "nosso objetivo, nosso caminho, todos os nossos esforços visam assegurar que estas comunidades tenham sua identidade reconhecida, que seus direitos e dignidade sejam defendidos. Nós vamos atrás deles, promovendo-os, acompanhando-os, mas são eles que finalmente decidem seu desenvolvimento a partir de suas realidades, de sua cultura. E todas as propostas de desenvolvimento têm que ser implementadas e desenvolvidas a partir deles”.

A participação da Caritas da Espanha

A Caritas Espanhola faz parte deste núcleo, "um compromisso que tem tido desde sua fundação, sua presença na América Latina", diz Sonia Olea, que vê como algo histórico. Neste sentido, "quando começamos a sonhar com a Rede Eclesial Pan-Amazônica e a forma como trabalhamos, foi também um compromisso de mudança interna para nós", e Olea destaca que "fazer parte da Repam mudou nossa forma interna de trabalhar". Uma presença que é consequência do fato de que "historicamente a Caritas quis estar onde os direitos são violados na América Latina, mas também porque viu o momento histórico da Igreja". 

O encontro pós-pandemia

O encontro da Repam acontece de modo presencial depois de um longo período de pandemia que fez com que tudo fosse em modo virtual. Nesse sentido, o Irmão João Gutemberg Sampaio destaca que “o encontro é sempre algo maravilhoso e, depois de tanto tempo de jejum de encontros, nos traz uma motivação muito grande querermos nos encontrar”, mesmo sendo um grupo reduzido, dado o alto custo que representa o deslocamento, algo que se acentua neste momento de crise que vive a humanidade. Segundo o secretário executivo da Rede Eclesial Panamazônica, o encontro é motivo de alegria e oportunidade de “poder continuar essa caminhada sinodal de discernimento, que vem a partir dos diálogos, do encontro, do reencontro, de celebrar juntos”. Um encontro que tem como desafio o fato de “vivermos um grande processo de empobrecimento dos povos e de evasão das culturas, de sofrimento, e a Igreja é a grande defensora da vida”.

Nesse sentido, o Irmão Marista insiste em que “nosso compromisso é com a vida, é estar muito mais conectado com as propostas de vida”, algo que vê como custoso e desafiador, “porque nem sempre vai com o pensamento social dominante, que muitas vezes é de exploração, sobretudo na Amazônia, onde é muito forte o tema do extrativismo a todo custo para o esgotamento dos recursos naturais, que nós entendemos que são bens comuns que precisam ser cuidados”. Finalmente, destaca uma dupla dimensão: “da pessoa e do ambiente, que precisamos estar sempre atentos, discernindo e vendo como organizar as ações”. Tudo isso em vista do Sínodo sobre a Sinodalidade e desde o trabalho conjunto entre a Rede Eclesial Pan-Amazônica e a Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA).

Colaboração: Repam Brasil

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08 novembro 2022, 11:48