Natal: Festa do Amor e da Reconciliação
Dom Luiz Antônio Lopes Ricci - Bispo de Nova Friburgo
“Em Cristo a natureza humana foi assumida e não destruída, por isso mesmo também em nós foi elevada a sublime dignidade. Porque, pela sua Encarnação, Ele, o Filho de Deus, uniu-se de certo modo a cada homem” (GS, 22).
Comunidade: lugar do perdão e da festa. Este é o título do livro de Jean Vanier, bastante oportuno, sobretudo em tempos de tensões, divisões e polarizações. Para Vanier, a comunidade cristã é o lugar do perdão e da festa: “No coração da comunidade está a festa. A festa é alimento, revitalização. Estimula a esperança e dá nova força para retomar com mais amor a vida cotidiana”. A festa é também resultado do Perdão e exercício da Misericórdia. Quem se sente perdoado festeja, experimenta a satisfação e a alegria da Reconciliação com Deus, com os outros e consigo mesmo. Quem dá o perdão também sente a alegria verdadeira. Cultivar o perdão para poder festejar! Sem perdão não há festa e sem festa a vida se esvazia. O perdão precede a festa e a festa é o resultado do perdão como indica a Parábola do Pai Misericordioso: peguem o novilho gordo... vamos fazer um banquete... e começaram a festa (cf. Lc 15, 23-24). Portanto, o Natal é a Festa do Amor e da Reconciliação, pois Aquele que assumiu a nossa carne, veio para nos salvar e nos reconciliar com Deus.
Neste ano, em nossa Diocese de Nova Friburgo, o Natal do Senhor foi precedido pelo Dia Diocesano da Reconciliação, celebrado no último dia 16 de dezembro, como preparação próxima e concreta para acolher Jesus que vem, veio e virá. Sigamos rezando pela reconciliação e paz nas famílias, entre amigos, colegas de trabalho, de escola, Comunidades, Igreja, Sociedade, grupos de redes sociais, pelo Brasil e mundo. Sabemos que há muitas famílias divididas e pessoas distanciadas por vários motivos e, atualmente, por questões políticas, partidárias e ideológicas. Urge reconciliar e cicatrizar as feridas, somos todos irmãos e precisamos reaprender a conviver pacificamente com opiniões divergentes. O que deve prevalecer é o Amor, a Unidade e a Misericórdia. Portanto, o Natal é um Tempo de Graça para restaurar, em Cristo, as relações feridas, e indicar uma urgente necessidade de retorno ao Primeiro Amor (cf. Ap 2,4), colocando Jesus no Centro de nossa vida, escolhas e atitudes, como Opção Fundamental capaz de “fazer novas todas as coisas” (Ap 21,5).
Sem o perdão não há festa! O Natal é por tradição uma Festa familiar. Como celebrar o Natal, com tantas divisões e rivalidades na família de sangue, na família de amigos e colegas de trabalho, na família Igreja e na grande família, a sociedade brasileira? Como Bispo Diocesano, que está a serviço da pacificação, unidade e diálogo, procuro me orientar pelo conselho de São Paulo: “Somos, pois, embaixadores de Cristo; é como se Deus mesmo fizesse seu apelo através de nós. Em nome de Cristo, vos suplicamos: reconciliai-vos com Deus” (2Cor5,20) e, consequentemente, com os irmãos e irmãs, vivendo fraternalmente, sem brigas e rivalidades, deixando-nos guiar pela Luz do Príncipe da Paz.
Rezemos e trabalhemos pela Paz, não apenas nesse sensível tempo do Natal, mas durante todos os dias de nossa vida. A Paz verdadeira é filha da justiça e do perdão. Portanto, com humildade, procure pedir o perdão, dar o perdão e perdoar a si mesmo. Somos todos irmãos! É hora de “ouvir cantos de festa e de alegria” (Sl 50,10), que vem da Festa oferecida pelo Pai Misericordioso a nós, Diocese da Alegria, da Unidade, da Gratidão e da Misericórdia (os quatro pilares norteadores que apresentei no dia de minha posse).
Desejo-lhes um Feliz e Santo Natal. Vem Senhor Jesus, fica conosco e nos torne mais humanos. Jesus nasce em nós e nós renascemos Nele para uma vida nova. Gratidão por tudo, por tanto, por todos e todas, que durante este complexo ano de 2022, nos acompanharam por meio de inúmeros gestos de amor, partilha, solidariedade, acolhida e orações, expressões concretas da Fé em Cristo, nosso Salvador.
Desejo-lhes, também, um sereno e frutuoso Novo Ano! O balanço do ano que finda é sempre positivo porque, movidos pelo amor de Deus, somos capacitados para superar os obstáculos e situações adversas e com Maria, nossa Mãe Maior, cantar: “O Senhor fez em nós (e por meio de nós) maravilhas”!
Com minha bênção, orações e gratidão, unidos no compromisso de sermos instrumentos de paz, reconciliação e amor.
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