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Uma pessoa deposita flores em memória dos mortos na greve de fim de semana em um quarteirão residencial na cidade ucraniana de Dnipro, no monumento à famosa poetisa ucraniana Lesya Ukrainka, em Moscou, em 17 de janeiro de 2023. (Foto da AFP) Uma pessoa deposita flores em memória dos mortos na greve de fim de semana em um quarteirão residencial na cidade ucraniana de Dnipro, no monumento à famosa poetisa ucraniana Lesya Ukrainka, em Moscou, em 17 de janeiro de 2023. (Foto da AFP) 

Na tragédia de Dnipro, a grande humanidade de um povo

Pe. Oleh Ladnyuk, salesiano e capelão militar, vivenciou a tragédia do prédio de apartamentos destruído por um míssil, que matou 45 pessoas. Mesmo crianças, correram para socorrer os sobreviventes. Basta de horrores como este!

Svitlana Duckhovych - Cidade do Vaticano

É uma guerra dos indefesos. Das famílias que estão em suas casas e um míssil as mata. Das crianças brincando no quarto eliminadas como alvos militares.

O absurdo que se arrasta na Ucrânia há 328 dias, desde sábado passado, somou ao seu diário sangrento a morte de 45 pessoas, 6 crianças, sendo uma de apenas 11 meses, exterminadas por um míssil russo que atingiu um condomínio em Dnipro. O prédio, que parece ter sido destruído por uma mordida gigantesca, tornou-se o símbolo máximo da impiedade.

 

E novamente, como já aconteceu inúmeras outras vezes em circunstâncias semelhantes, verificou-se uma rede de solidariedade, de pessoas que escalaram os escombros para buscar, ajudar, para salvar.

Um testemunho vem do Pe. Oleh Ladnyuk, um salesiano que vive e trabalha como professor e capelão militar na cidade marcada por este massacre de civis.

As imagens do prédio atingido pelo míssil russo em Dnipro são chocantes. Como os cidadãos reagiram a esta tragédia?

Assistimos a coisas realmente trágicas. Além dos tantos mortos, cerca de uma centena de feridos foram parar nos hospitais. Temos tantas casas destruídas... É uma coisa trágica, mas ao mesmo tempo vimos que as pessoas se uniram para ajudar. Após a explosão do míssil, a administração da cidade rapidamente alertou que uma escola perto do prédio atingido poderia acomodar todos os desabrigados - e os funcionários da escola relataram mais tarde que apenas cerca de 50 pessoas a usaram, porque outros cidadãos de Dnipro chegaram ao prédio destruído para oferecer alojamento, quer aos que ficaram sem um teto como àqueles que viram as suas casas danificadas nos prédios circundantes, muitos apartamentos ficaram sem janelas. Percebemos uma grande unidade entre a população e isso é confirmado pelos comentários nas redes sociais em que, apesar de a situação ser psicologicamente difícil e isso ser percebido em todos os lugares, o povo da região escreve que quer resistir e defender sua terra. Não sabemos quantos mais mortos iremos encontrar, alguém foi salvo mas infelizmente aqui faz muito frio e não sabemos quanto tempo os que ficaram debaixo dos escombros aguentam nestas condições.

Ucranianos trazem ajuda, tendo ao fundo do prédio bombardeado em Dnipro
Ucranianos trazem ajuda, tendo ao fundo do prédio bombardeado em Dnipro

O que as igrejas locais estão fazendo para ajudar as vítimas, tanto concreta quanto espiritualmente?

A primeira coisa nas Missas dominicais em todas as paróquias rezamos pelos mortos e pelas pessoas afetadas por isso. No sábado, dia da tragédia, o nosso pároco levou agasalhos para cobrir as pessoas e dirigiu-se àquela zona. Também sei que o grupo Caritas, os voluntários, foram lá levar sanduíches, chá quente e ouvir as necessidades das pessoas. Uma psicóloga também foi com eles para conversar com as pessoas, acalmá-las, há pessoas que ainda procuram e esperam ver seus vizinhos ou familiares vivos… Fiquei muito impressionado com as imagens daqueles que correram para ajudar os bombeiros a fim de salvar as pessoas dos escombros mais rapidamente. Até as crianças ajudaram os adultos nas operações de resgate. A segunda coisa que me impressionou foi a menina que todos vimos nas fotos: ela estava no quinto ou sexto andar, eles a salvaram e ela escreveu do hospital dizendo que esperava que seus pais estivessem vivos, mas infelizmente eles não sobreviveram... Lamentamos muito, só nos resta rezar e ajudar essas pessoas com tudo que pudermos. E esperemos que algo do gênero não aconteça noutras cidades da Ucrânia.

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17 janeiro 2023, 23:07