Cardeal Bo: do Sínodo, uma cultura do encontro para a Ásia

Vatican News

Com uma celebração eucarística presidida pelo cardeal Charles Maung Bo, arcebispo de Yangun, em Mianmar, e presidente da Federação das Conferências Episcopais da Ásia, a Assembleia sinodal dos delegados das Igrejas da Ásia foi concluída este domingo (26/02) no Centro Baan Phu Wan, em Bangcoc, na Tailândia.

O evento eclesial foi a etapa continental do percurso desejado pelo Papa Francisco sobre o tema da sinodalidade, que - após dois anos de escuta e discussão nas dioceses do mundo inteiro - chegará a Roma em outubro de 2023 para a XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos.

Em sua homilia, o cardeal Bo comparou o itinerário sinodal aos quarenta dias vividos por Jesus no deserto: um "tempo exigente, mas necessário, porque permite à Igreja testemunhar melhor o Evangelho, através de um processo de escuta, de encontro e de discernimento".

Acolher o "poder transformador do Espírito Santo"

Nesta atitude de purificação, o cardeal Bo enfatizou como um dos passos necessários hoje é "abandonar tudo o que nos impede de ser uma Igreja sinodal", cultivando uma "cultura do encontro", acolhendo o "poder transformador do Espírito Santo".

Um convite a trabalhar de maneira simples "como Jesus", não apenas observando, mas olhando; não apenas sentindo, mas escutando; não apenas passando pelas pessoas, mas detendo-se com elas; não apenas lamentando a pobreza, mas deixando-se mover pela compaixão.

"Na Ásia - lembrou o purpurado -, "somos uma minoria e vivemos no meio de tensões sociais, políticas e religiosas. Mas é propriamente aqui que somos chamados a ajudar nossos irmãos e irmãs em necessidade".

Uma Igreja só é sinodal se abraçar a missão de Cristo

Na última sessão dos trabalhos, o cardeal Jean-Claude Hollerich, arcebispo de Luxemburgo e relator geral do Sínodo, dirigiu-se aos delegados enfatizando três pontos da sinodalidade.

Usando o exemplo dos instrumentos musicais, o purpurado luxemburguês explicou primeiro como cada delegado é um instrumento único que deve, entretanto, ser capaz de tocar em sintonia com os outros, para produzir uma sinfonia e não uma cacofonia de sons.

Em segundo lugar, ele enfatizou que a sinodalidade requer humildade para trabalhar e caminhar juntos neste percurso. Por fim, lembrou que uma Igreja só é sinodal se abraçar a missão de Cristo de proclamar o Evangelho e estar a serviço abnegado de todo o povo de Deus.

Documentos constituirão base do Instrumentum laboris

O documento final - com as emendas sugeridas pelos delegados durante os três dias de discussão representando as 17 Conferências episcopais e 2 Sínodos de Igrejas de rito oriental que são membros da Federação das Conferências Episcopais da Ásia - foi então aprovado e confiado à Secretaria Geral do Sínodo.

Juntamente com os documentos das Assembleias semelhantes que têm se realizado nos outros continentes nas últimas semanas, eles constituirão a base do Instrumentum laboris do Sínodo, que será publicado até junho.

Os delegados presentes em Bangcoc também refletiram sobre como continuar este caminho no contexto específico da Ásia. Em particular, refletiram sobre duas questões: quais estruturas eclesiais precisam ser mudadas ou criadas para melhorar a sinodalidade da Igreja da Ásia, e o que os delegados gostariam que acontecesse em nível local no ano entre as duas sessões que o Papa Francisco previu para o Sínodo: a de outubro de 2023 e a de conclusão em outubro de 2024.

(com AsiaNews)