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Declaração dos Jesuítas sobre o caso Rupnik

As novas queixas contra o padre esloveno cobrem um período de mais de 30 anos. Previsto um procedimento interno.

Vatican News

Trata-se de testemunhos de pessoas que podem ser consideradas verdadeiras sobreviventes "dado o mal que disseram ter sofrido": é o que diz a Declaração dos Jesuítas sobre o caso Rupnik, publicada na manhã desta terça-feira (21/02) no site da Companhia de Jesus e intitulada "Em direção a um reconhecimento da verdade". O texto se baseia nas denúncias coletadas nos últimos meses pela Equipe de Referência da Delegação para as casas e obras Interprovinciais Romanas da Companhia de Jesus. O padre Johan Verschueren, delegado da Companhia de Jesus para acompanhar este caso, expressa sua gratidão "a todas as pessoas que tiveram a força de relatar suas experiências, às vezes com o sofrimento interior de ter que trazer novamente à luz muitos episódios dolorosos".

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Os comportamentos do padre Rupnik, que foram denunciados, dizem respeito a diferentes períodos (Comunidade Loyola, pessoas individuais que afirmam ter sido abusadas em consciência, espiritualmente, psicologicamente ou sexualmente assediadas durante experiências pessoais de relações com o padre Rupnik, pessoas que fizeram parte do Centro Aletti), abrangendo um período de mais de trinta anos, desde meados dos anos 80 até 2018: “O grau de credibilidade do que foi denunciado ou testemunhado parece ser muito alto.”

A equipe, propôs ao padre Rupnik reunir-se com ele sobre o assunto, mas não obteve sucesso. Esta mesma equipe compilou um dossiê abrangente de seu próprio trabalho, com conclusões sobre as várias possibilidades de novos procedimentos legais civis e canônicos e suas próprias indicações e recomendações à Companhia sobre possíveis medidas a serem tomadas. 

“A natureza das denúncias recebidas – diz a declaração – tende a excluir a relevância penal, perante as autoridades judiciais italianas, dos comportamentos do padre Rupnik. No entanto  –  afirma-se  –  a relevância destas denúnicas, do ponto de vista canônico e em relação à sua vida e sua responsabilidade religiosa e sacerdotal, é bem diferente.”

A Declaração menciona três opções que o Superior Maior pode tomar: pode impor ao jesuíta todo tipo de restrição ministerial (limitada ou total). Pode também obrigá-lo a se transferir para um lugar específico por um período de tempo determinado ou indefinido. Se o dossiê coloca em evidência atitudes que são o motivo de demissão necessária (c. 695) ou facultativa (c. 696) do instituto religioso, o Superior Maior pode decidir iniciar um procedimento de demissão da Companhia de Jesus.

Naturalmente – destaca-se -, a pessoa interessada tem o direito de ser assistida e de se defender neste procedimento. Se se trata de um motivo de demissão facultativa, também tem a possibilidade de reconhecer os próprios erros após receber a admoestação estabelecida pelo c. 697. Neste caso, o procedimento de demissão não pode ir adiante. A ser evidenciado que para este tipo de procedimento, que não é penal, a prescrição não é contemplada. Enfim, se as atitudes denunciadas corresponderem a um crime que não seja da competência do Dicastério para a Doutrina da Fé, o Superior Maior pode decidir iniciar um procedimento penal administrativo. Também este procedimento pode levar, entre outras coisas, à demissão do acusado. Entretanto, para certos crimes, o Superior Maior no final do processo pode também decidir não prosseguir com a demissão do instituto, mas adotar outras medidas.

Como primeiro passo, o padre Verschueren pretende promover um procedimento interno, dentro da Companhia. Ele também reforçou as regras restritivas contra o padre Rupnik, proibindo-o, por obediência, de qualquer exercício artístico público, especialmente em estruturas religiosas (tais como igrejas, instituições, oratórios e capelas, casas de exercícios ou de espiritualidade). Estas restrições se somam àquelas já existentes (proibição de qualquer atividade ministerial e sacramental pública, proibição de comunicação pública, proibição de sair da Região do Lácio).

"Queremos ter diante de nós  –  afirma o padre Verschueren  –  a possibilidade clara de um caminho que busque o pleno reconhecimento da verdade dos fatos pelos responsáveis e um caminho de justiça para o mal feito.”

As decisões foram comunicadas tanto ao padre Rupnik como às pessoas que deram seus depoimentos.

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21 fevereiro 2023, 09:22