Schevchuk: 24 de fevereiro, dia de jejum, esmola e maratona de oração

Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!

Queridos irmãos e irmãs em Cristo,

hoje é quinta-feira, 23 de fevereiro de 2023, e na Ucrânia já é o 365º dia da grande guerra em vasta escala que o ocupante russo trouxe para nossa terra. Passa um ano, um ano de dor, de sofrimento, um ano de grandes crimes contra Deus e contra o homem, crimes contra a humanidade, crimes de guerra que o mundo deve reconhecer e condenar.

Mais uma vez, foram registradas batalhas sangrentas na noite passada e no dia de ontem na Ucrânia. Muitos especialistas militares dizem que a escalada do conflito militar, especialmente no Donbass, atingiu seu pico hoje. Só no último dia, o inimigo realizou 90 ataques contra as posições do exército ucraniano, em nossas cidades e povoados pacíficos. Fez 10 ataques com mísseis. Somente a cidade de Kharkiv foi atingida ontem por quatro mísseis russos S-300 lançados do território da Federação Russa. Infelizmente, esse tipo de míssil não pode ser interceptado por meios de defesa aérea. Novamente há mortos e feridos.

Neste ano, o ano das grandes tragédias, procuramos nestes dias compreender melhor e também refletir sobre a grande tragédia ocorrida. Mas já hoje podemos dizer que este ano cerca de 700 centros de assistência médica, hospitais e policlínicas foram atacados por criminosos russos. Cerca de 500 igrejas, casas de oração, mesquitas e sinagogas foram destruídas durante o ano. Um forte golpe foi desferido contra o patrimônio da civilização, da cultura, da educação, da ciência e da vida espiritual do qual nossa pátria, a Ucrânia, se orgulhava. Milhares de mortos, milhares, dezenas de milhares de feridos. Talvez ainda não saibamos todos os números.

Mas é um grande milagre estarmos vivos. É um grande milagre que o agressor, que se considerava todo-poderoso, que quis e ainda quer chantagear o mundo inteiro, tenha falhado na Ucrânia. A resiliência e a coragem do povo ucraniano provaram ser mais fortes do que o aço dos russos. de seus carros armados, mísseis e aviões.

Portanto, neste 365º dia de guerra, agradecemos ao Senhor Deus por podermos continuar lutando contra o mal da guerra. Agradecemos a Deus e às Forças Armadas da Ucrânia por termos conseguido sobreviver. E hoje, com fé em Deus, com gratidão às Forças Armadas da Ucrânia e aos filhos e filhas de nossa Pátria, podemos mais uma vez dizer que a Ucrânia vive! A Ucrânia resiste! A Ucrânia luta! A Ucrânia reza!

Hoje gostaria de concluir convosco as nossas reflexões sobre o tema da vocação. Dissemos que a vocação é um dom de Deus, a vocação é uma ocasião especial para a pessoa ser feliz. O chamado é a intervenção pessoal de Deus na história, é a ação de Deus com a qual o Senhor Deus toca o coração do homem, o eleva e o chama para si.

Dissemos que a vocação precisa da nossa resposta. Deus chama, e o homem deve responder. Quando uma pessoa responde ao chamado, Deus se entrega a ela, se entrega a essa pessoa. Quando uma pessoa cultiva a sua vocação, responde ao chamado de Deus, cresce e torna-se capaz de acolher ainda melhor os dons de Deus, torna-se capaz de acolher o próprio Deus, que se entrega a ela no amor. Mas assim como se pode perder outros dons e talentos de Deus, também se pode perder sua vocação.

Deus nunca deixa de chamar o homem. Se este já escolheu o estado da sua vida com a sua decisão fundamental, recebeu o sacramento do matrimônio, do sacerdócio, professou os votos perpétuos, deve confirmar a sua escolha fundamental com escolhas quotidianas, decisões quotidianas, e não modificá-la.

Se a pessoa se fecha, pensa que aquilo que recebeu se torna sua propriedade privada, seu tesouro, ela pode perder isso. Às vezes acontece que uma pessoa que não quer mais ouvir Deus que a chama todos os dias pode se perder, pode perder a direção de seu caminho em direção ao crescimento diário. E então tudo é perdido. Acontece que quem escolheu o estado civil pensa que se casou com a pessoa errada e começa a buscar outra solução, outra pessoa. Quem fez votos monásticos começa a se arrepender de sua escolha de vida, pensa que estaria melhor em outro mosteiro porque começa a perder o sentido de sua vocação monástica e pensa em mudar de estado. É possível perder o dom da vocação de Deus, e então uma pessoa se sente perdida. Pode se perder.

Mas, graças à oração constante, Deus realiza em nós o seu desígnio, e podemos realizar plenamente a nossa vocação escutando o chamado de Deus todos os dias. Todos os tipos de problemas ligados à vocação aparecem quando a nossa oração, este nosso diálogo e a comunicação com Deus é interrompida. Então não permanecemos dentro da nossa vocação.

Mas, graças à oração constante, Deus realiza em nós o seu desígnio, e podemos realizar plenamente a nossa vocação ouvindo o chamado de Deus todos os dias. desligado. Então não permanecemos dentro da nossa vocação.

Também é importante se comunicar abertamente na comunidade monástica, no casamento.

A falta de uma comunicação adequada e de um apoio recíproco leva a uma sensação de perda do chamado. Quando uma pessoa se fecha no seu egoísmo, no isolamento individualista, já não ouve ninguém, não ouve quem chama, não ouve a voz de Deus que fala através da comunidade da Igreja, mas escuta as paixões , os pecados enraizados na própria consciência. Se a energia da graça é desperdiçada ou, pior ainda, é direcionada, desperdiçada em ações, desejos ambiciosos, apaixonados ou egoístas, então essa pessoa vive a crise da vocação à castidade ou ao matrimônio, a crise de identidade sacerdotal, a crise da própria personalidade .

Portanto, rezemos para que cada um de nós persevere na própria vocação. Saiamos do auto isolamento, abramo-nos à comunicação com Deus e com o próximo. Busquemos conselhos, peçamos ajuda se estivermos em dificuldade. Não há por que ter vergonha de abrir suas dúvidas sobre sua vocação a Deus e a seu pai espiritual, porque somente neste diálogo de amor, na oração, no cuidado constante de sua vocação se pode perseverar até o fim e continuar a levar sua missão de vida até a morte. Perseverar na própria vocação até à morte deve ser também o conteúdo da nossa oração pessoal diária.

Amanhã, 24 de fevereiro marca o fim do primeiro ano desta guerra brutal, a guerra em grande escala na Ucrânia. O Sínodo dos Bispos da nossa Igreja declarou esta sexta-feira, 24 de fevereiro, o dia da oração, do jejum e da esmola. Da mesma forma, o Conselho Pan-Ucraniano de Igrejas e Organizações Religiosas atendeu a este chamado e amanhã todos os crentes da Ucrânia irão orar, jejuar e realizar atos de misericórdia e amor.

Amanhã toda a nossa Igreja, tanto na Ucrânia como nas comunidades no exterior, estará diante da face de Deus em vigília de oração. Nossa TV “Gyve TV” começará a maratona de oração diante da face de Deus às 12h, horário de Kiev. Este período de 12 horas de oração contínua será o momento da nossa unidade e solidariedade dos ucranianos de todo o mundo.

Às 12h, horário de Kiev, nossa oração começará na Catedral Patriarcal de Kiev, depois o revezamento seguirá para Kharkiv, seguido por Zaporizhzhia, Odessa, Kherson, Irpin, Melbourne na Austrália, Przemyśl na Polônia, Roma na Itália, Winnipeg no Canadá , Filadélfia nos Estados Unidos da América, e depois Buenos Aires na Argentina.

Convido todos vocês, todos os fiéis de nossa Igreja a se unirem nesta oração. Sentimos que quando nos unimos em oração, jejum e boas ações, vencemos. Precisamos de muita força espiritual para aproximar nossa vitória. Da mesma forma, amanhã convido cada um de vocês a fazer algum ato de caridade, a doar algo para salvar as vítimas desta guerra. Em particular, está ativa em nossa Igreja a Fundação Patriarcal "Causa Sábia", que representa uma ajuda urgente do Chefe da Igreja para salvar aqueles que agora estão em maior perigo. Ficaremos muito gratos pelas doações destinadas à assistência , nas condições de emergência, do Chefe da Igreja para apoiar a atividade do trabalho da Fundação "Causa Sábia".

Deus abençoe a Ucrânia! Deus, ajude cada um de nós a não se perder em seus próprios desejos e paixões! Deus, dai-nos forças para responder ao Teu chamado! Dai-nos a força para perseverar no nosso apelo à liberdade, à liberdade do nosso povo, do nosso Estado, à liberdade como capacidade de fazer o bem e a verdade! Deus, abençoe nossa Ucrânia com Sua paz celestial!

Que a bênção do Senhor esteja sobre vocês por meio de Sua graça e amor pela humanidade, agora e para todo e sempre, amém!

Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!

Svyatoslav+

Pai e Primaz da Igreja Greco-Católica Ucraniana
23.02.2023