Patriarca Pizzaballa: Páscoa além do extremismo
Vatican News
A Terra Santa é "um grande condomínio" onde as pessoas convivem "apesar dos problemas: há grandes extremismos, mas devemos continuar a trabalhar juntos" como nas escolas e hospitais. Por mais que continuemos a "construir barreiras" no final "somos obrigados a nos cruzarmos, a nos encontrarmos em todos os âmbitos da vida. E as reuniões de condomínio nunca são aborrecidas". Com esta metáfora, o Patriarca de Jerusalém dos Latinos Pierbattista Pizzaballa descreve o clima nestes dias que antecedem a Páscoa, em uma região que nas últimas semanas tem visto uma escalada de violência. A última, por ordem de tempo, na última noite uma batida policial israelense na mesquita al-Aqsa, levou à prisão de 350 palestinos.
Somos parte desta terra
Em uma entrevista à Agência de Notícias Ásia News, o religioso afirmou que "o quadro é problemático, mas isto não é novidade, estamos acostumados a problemas" que não afetam as celebrações que a comunidade espera "com entusiasmo". "Este ano", continuou, "começamos com a procissão de Ramos, que contou com muita participação e com a presença de todas as paróquias". Pode parecer paradoxal, mas "talvez precisamente por haver tantas tensões, políticas e religiosas, queremos mais uma vez expressar nosso desejo de celebrar com ainda maior determinação". O desejo de estar presente nas cerimônias, explica, é uma “reação espontânea” porque “continuo repetindo, não temos medo, não desistimos, somos parte desta terra e não permitiremos que poucos extremistas ditem nossa agenda”.
Tudo nasceu aqui
A referência do Patriarca na Terra Santa é devido às tensões em Israel e aos ataques que também envolveram cristãos. De uma população de nove milhões de habitantes, os cristãos das diversas denominações em Israel são cerca de 180.000, menos de 2%, e os católicos apenas uma pequena fração. Mas, como os chefes das Igrejas muitas vezes repetem, tudo nasceu aqui, aqui começou a história cristã, e por esta razão é decisivo estar presente e permanecer. Por ocasião das celebrações do Domingo de Ramos, o Patriarca Pizzaballa voltou a responder aos que acusam os cristãos de serem estrangeiros, ligados ao Ocidente, ou melhor, hóspedes da Terra Santa. "Somos parte integrante da identidade desta cidade, de Jerusalém, e desta terra" explicou o Patriarca. A escalada dos ataques "não é novidade", apenas que eles adquiriram "maior força, porque há partidos extremistas no governo que os reivindicam muito claramente". O número de licenças para os cristãos de Gaza participarem das celebrações, também despencou, "de quase 700 no Natal para pouco menos de 200 nesta Páscoa.
Exemplo das escolas cristãs
Um exemplo sempre válido de convivência, embora também aqui tenham ocorrido "episódios de violência", continuam sendo as escolas cristãs onde há uma "reação oposta numa chave positiva, de solidariedade, de proximidade, de denúncia tanto do lado judeu como do lado muçulmano". Jovens de diferentes crenças "vivem juntos", famílias "se encontram e conversam umas com as outras", discutem as questões mais importantes e sobre seus filhos "mesmo que não faltem problemas". Mas o que emerge, afirma ainda, é um movimento de "rejeição da violência e dos estereótipos" de uma imobilidade e de uma indiferença generalizada mesmo em nível global".
O importante sentido de pertença
Por fim, o Patriarca Pizzaballa aborda uma reflexão sobre a comunidade cristã da Terra Santa, que ele viu crescer "no sentido de pertença, de unidade". "Sempre corremos o risco", observou, "de cada um viver em sua própria ilha: Gaza, Cisjordânia, Jordânia, Jerusalém, Galileia, Chipre; religiosos, seculares, árabes, não árabes". Pelo contrário, o sentimento de pertencer "à única Igreja de Jerusalém", conclui, "cresceu muito, tornando-se uma participação concreta. O processo sinodal tem ajudado promovendo a participação, colaboração, amizade, iniciativas e relações".
(com AsiaNews)
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