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Recordar 10 anos da Exortação Apostólica “Ecclesia in Medio Oriente”

Chipre, a ilha mediterrânea Oriental também conhecida como a ilha de Barnabé, Paulo, Lázaro e importante rota marítima das viagens dos primeiros cristãos, acolheu patriarcas e representantes das Igrejas cristãs do Oriente Médio para o Simpósio “Enraizados na Esperança”. Encontro para festejar os 10 anos da publicação da Exortação Apostólica pós-sinodal, “Ecclesia in Medio Oriente”- Igreja no Oriente Médio.

Lurdinha Nunes- Christian Media Center- Jerusalém

Em setembro de 2012, durante a viagem ao Líbano, o Papa Bento XVI assinou e entregou a Exortação Apostólica, fruto da Assembleia Especial para o Oriente Médio do Sínodo dos Bispos, celebrada no Vaticano em outubro de 2010.

Fr. BRUNO VARRIANO, ofm- Vigário Patriarcal para Chipre

Chipre faz parte da história deste documento. Aqui, o Papa Bento XVI, entregou o Instrumentum Laboris para o Sínodo sobre a Igreja no Oriente Médio de 2010. É por isso que voltamos a Chipre, que é a porta entre o Oriente e o Ocidente, a porta para o Oriente ou a porta para a Europa, um ponto estratégico, mas também lugar histórico para este momento. Passados ​​dez anos, muitas coisas aconteceram no Oriente Médio: realmente é preciso parar, relembrar e reler o documento à luz da situação atual, mantendo no olhar a esperança, que é justamente o mote do Simpósio.

Nas palavras de S. B. Pierbattista Pizzaballa, Patriarca Latino de Jerusalém, a Exortação Apostólica é extraordinariamente atual

S. B. PIERBATTISTA PIZZABALLA- Patriarca Latino de Jerusalém

O documento é atual porque aborda temas que estão no centro da vida da Igreja. As metodologias mudam, as atitudes mudam, mas os temas permanecem os mesmos. Agora talvez estejamos mais desiludidos, mais realistas em relação à vida da sociedade, mas não devemos parar por isso – muito pelo contrário, talvez agora seja ainda mais necessário - trabalhar em comunhão uns com os outros, para dar testemunho, e precisamente à luz das tragédias, com as dificuldades nas relações com o Islã e com o Judaísmo, justamente por isso é ainda mais importante empenhar-nos no diálogo e nas relações serenas.

O Simpósio reuniu os responsáveis ​​das Igrejas católicas do Oriente Médio e representantes das Igrejas irmãs, além de sacerdotes, religiosos e leigos de toda a Região. Ao todo, mais de 250 pessoas, entre elas sete patriarcas, 51 bispos e arcebispos, dois núncios apostólicos e o Custódio da Terra Santa.

S. B. PIERBATTISTA PIZZABALLA- Patriarca Latino de Jerusalém

São as Igrejas das quais partiu a mensagem evangélica para o mundo inteiro, e este testemunho deve permanecer, antes de tudo com a comunhão entre elas, e depois com o anúncio, que não é proselitismo, mas testemunho através das obras.

Para o Patriarca de Antioquia dos Maronitas, um documento profético ainda hoje

S. E. BÉCHARA BOUTROS RAÏ- Patriarca de Antioquia dos Maronitas

A convocação de um Sínodo para o Oriente Médio foi uma decisão profética. Dez anos depois, encontro a mesma mensagem. Esta exortação é como se fosse escrita hoje e por isso eu disse: verdadeiramente é profética. Muitas coisas mudaram, mas a exortação é a mesma: princípios, análise e leitura. Podemos aplicá-la hoje como em 2012.

S. E. WILLIAM SHOMALI- Vigário Patriarcal para Jerusalém e Palestina

Eu estava presente, foi uma benção para mim. Eu era bispo há apenas um ano. Posso dizer que foi um momento de graça, um kairós, como dizem em grego. Um momento oportuno, em que pensamos e meditamos sobre a nossa situação atual mas também sobre o futuro. Foi um Sínodo profético. O documento do Papa Bento XVI pode ser lido hoje com o mesmo interesse de dez anos atrás. Hoje é um momento de graça, outro kairós.

S. E. PAOLO MARTINELLI- Vigário Apostólico da Arábia Meridional

A nossa é uma Igreja feita inteiramente de migrantes: não há cidadãos de um lado e migrantes do outro. Toda a nossa Igreja é formada por migrantes, por fiéis que vêm de regiões, línguas, nações, até ritos diferentes, por isso devemos aprender a viver a nossa fé partilhando também as diversas tradições.

S. E. YOUSEF MATTA- Arcebispo Melquita da Galileia

Estamos reunidos aqui no Oriente Médio, com todas as Igrejas Orientais, com a presença da Santa Sé – Com os núncios apostólicos - para ouvir o povo, para ouvir as preocupações, as dificuldades das Igrejas nestes anos - como viveram este documento, esta carta apostólica - mas também para colocar como prioridade o nosso futuro, o que devemos fazer à luz das mudanças que todos conhecemos. Estamos aqui para nos ouvir mutuamente e testemunhar que as Igrejas Orientais são as Igrejas locais, têm uma grande responsabilidade de transmitir a fé aos outros na vida concreta e cotidiana das Igrejas.

Fr. FRANCESCO PATTON, ofm- Custódio da Terra Santa

Refletindo sobre os temas tratados e discutidos nestes dias, diria que o tema do enraizamento da fé, neste contexto, faz parte da história da Custódia - isto para nós também está ligado à custódia dos Lugares Santos: a transmissão da fé não acontece de forma abstrata, mas a transmissão da fé se dá em contextos muito concretos. Para nós, o fato de também existirem Lugares Santos no Oriente Médio é uma oportunidade a mais para transmitir a fé de forma integral.

Para o Custódio da Terra Santa, as escolas são lugares de educação e exemplo de convivência entre cristãos e muçulmanos.

Fr. FRANCESCO PATTON, ofm- Custódio da Terra Santa

Este é outro tema importante para nós, que nascemos, podemos dizer, também do encontro, do diálogo entre São Francisco e o Sultão há oito séculos. O tema do diálogo, de construir um diálogo fraterno também com a componente muçulmana, que é majoritária em todo o Médio Oriente.

Entre os passos dados, a viagem do Papa Francisco a Abu Dabhi e o Documento sobre a Fraternidade Humana assinado pelo Papa e pelo Grande Imam de Al-Azhar, no qual se recorda também o encontro entre São Francisco e o Sultão Malik al Kamil, ocorrido há oito séculos.

Dom Claudio Gugerotti, prefeito do Dicastério para as Igrejas Orientais, expressou em cinco aspectos sua avaliação e a proximidade do Papa Francisco à Igreja no Oriente Médio.

S. E. CLAUDIO GUGEROTTI- Prefeito do Dicastério para as Igrejas Orientais

Antes de tudo, a solidez da própria fé no Senhor ressuscitado, porque de outra forma não se pode resistir, nas condições atuais, sem aquela fé profunda que marcou a história de todas estas Igrejas aqui presentes. O segundo aspecto é a colaboração entre todas as realidades cristãs presentes no local, porque a divisão significa derrota. Em terceiro lugar, a certeza de que a Santa Sé fará todo o possível para apoiar, promover, ajudar e encorajar todos aqueles que aqui permanecem, não apenas para sofrer, mas também para desenvolver seus direitos e obter o que lhes é devido como cidadãos de pleno direito desses países.O quarto ponto é a colaboração financeira com as nossas organizações, para que seja a mais precisa possível, tendo em conta que a Europa envia cada vez menos dinheiro. Então, infelizmente, a nossa contribuição será mais limitada, pelo menos por enquanto. O aspecto mais importante é que eles sintam o Papa Francisco constantemente presente no meio deles como se estivesse fisicamente aqui, porque todos os dias o Papa carrega no coração essas comunidades, que são tão antigas e ao mesmo tempo tão vivas, tão capazes de nos dar um testemunho vibrante de fé viva, para que todos juntos e somente todos juntos, possamos obter o que o Senhor estabeleceu para nós.

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27 abril 2023, 18:48