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60ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil 60ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil 

Terceiro dia da 60ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil

A quinta-feira foi dedicada às avaliações das atualizações realizadas no regimento interno da CNBB. A 60ª Assembleia Geral da CNBB realiza-se entre os dias 19 e 28 de abril, em Aparecida (SP). Vatican News conversou com o cardeal Damasceno Assis.

Silvonei José – Aparecida -Vatican News

Os bispos brasileiros reunidos em Aparecida (SP) para a 60ª Assembleia Geral da CNBB continuam seus trabalhos nesta sexta-feira (21), no Santuário Nacional. Hoje é feriado nacional, Dia de Tiradentes, mas os encontros continuam normalmente no Centro de Eventos Padre Vitor Coelho, em Aparecida, SP.

A Assembleia teve início na quarta-feira dia 18 e se encerra no dia 28 de abril de 2023.

O dia de ontem foi dedicado às avaliações das atualizações realizadas no regimento interno da CNBB.

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Regimento interno da CNBB

O episcopado brasileiro apreciou no segundo dia da 60ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), durante a quarta sessão, as atualizações feitas no regimento interno da entidade. Trata-se de um processo que vem sendo realizado, por uma comissão específica, desde a aprovação do Novo Estatuto da CNBB, promulgado em 8 de dezembro de 2022, e que determina que o regimento seja “revisto, adequando-se às novas normas estatutárias, no prazo de um ano a partir de sua entrada em vigor”. Dessa forma, no período da manhã, os bispos apreciaram e fizeram acréscimos ao texto em vista da aprovação da versão final do documento. Uma vez aprovado, na 60ª Assembleia Geral da CNBB, a presidência da entidade já promulga o novo regimento interno sem a necessidade de enviar o documento para validação da Santa Sé.

Em relação ao Estatuto Canônico e o Regimento da CNBB, o primeiro deles foi aprovado em 2022 e nesta Assembleia Geral os bispos têm que aprovar o Regimento, que tem a mesma estrutura do Estatuto. Segundo Dom Moacir Silva, arcebispo de Ribeirão Preto, muita coisa mudou nos últimos 20 anos em que tem se regido o atual regimento, se tornando necessário incorporar essas mudanças. Ao longo da Assembleia os bispos estudarão o novo Regulamento com o fim dele ser aprovado. Um trabalho que já está sendo realizado nos encontros por regionais, que começaram nesta quinta-feira e nas reuniões privativas, que também começaram neste dia 20.

Ainda na parte da manhã de ontem quinta-feira, a Comissão Episcopal de Liturgia e a de Doutrina da Fé apresentaram suas atividades e suas contribuições para a Igreja no Brasil.

A Comissão de Doutrina da Fé da CNBB refletiu sobre o papel da Igreja na transmissão da fé e dos bispos como “pais da fé”. Dom Pedro Cipolini, bispo de Santo André (SP), e presidente da Comissão destacou o interesse pastoral da comissão, relatando as atribuições que o Estatuto da CNBB lhe confere. O bispo mostrou algumas luzes e sombras da vivência da fé na Igreja do Brasil, destacando que a Igreja do Brasil foi uma das que melhor acatou o Concilio Vaticano II, assim como a sinodalidade.

Assembleia geral da CNBB
Assembleia geral da CNBB

Celebrações no Santuário

No final do dia de ontem os bispos rezaram o terço no Altar Central do Santuário Nacional, às 18h; e às 18h30 participaram da celebração eucarística. Desta vez, a Santa Missa com vésperas foi dedicada aos bispos de recente nomeação e foi presidida por dom Reginei José Modolo, bispo auxiliar de Curitiba (PR).

Já na noite da última quarta-feira o episcopado brasileiro celebrou a primeira Missa do encontro. A Eucaristia, com Vésperas, foi marcada pelo início do uso de textos da nova tradução brasileira do Missal Romano, aprovada pela Santa Sé.

No início da celebração, o bispo de Paranaguá (PR) e presidente da Comissão Episcopal para a Liturgia, dom Edmar Peron, recordou o processo de tradução, que levou 19 anos, e destacou que “o Missal traz uma tradução fidedigna à língua latina e à Língua Portuguesa”.

Celebração Eucarística
Celebração Eucarística

Missal Romano

Na liturgia da Igreja, o Missal Romano é o segundo livro litúrgico mais importante. Nele, estão as orações e orientações para as celebrações eucarísticas. O Evangeliário, que traz os textos do Evangelho, é o livro mais importante nos ritos da Igreja.

A tradução brasileira dessa terceira edição do Missal Romano levou 19 anos de trabalho. A caminhada começou após a promulgação, em 2002, pelo Papa João Paulo II, da nova edição típica. Desde então, foram anos de intenso trabalho de tradução, revisão e aprovação do conteúdo do Missal, coordenados pela Comissão Episcopal para os Textos Litúrgicos (Cetel).

A Terceira Edição Típica do Missal Romano foi aprovada pelos bispos na 59ª Assembleia Geral da CNBB e encaminhada ao Dicastério para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos em dezembro de 2022. A confirmação da Santa Sé foi publicada no dia 17 de março deste ano.

Cristo ao centro

O arcebispo de Belo Horizonte e presidente da CNBB, dom Walmor Oliveira de Azevedo, presidiu a celebração da última quarta-feira Em sua homilia, refletiu sobre o apelo e a interpelação “que nos vem da Palavra de Deus”.

“Aqui chegamos e estamos peregrinos. Sem coração de peregrino, a Palavra de Deus não encharca o nosso coração. Adentrar ao Santuário Nacional, contemplar e sentir a presença amorosa da Mãe Maria, Nossa Senhora Aparecida, é encharcar o coração para que a força da Palavra de Deus nos atinja e possamos dar a resposta que o mundo precisa, que a Igreja nos confia e que é a razão da nossa missão e vocação”, disse.

Dom Walmor falou do novo modo de viver proposto por Jesus, modo este que “só é frutífero no encontro maior de Cristo de Jesus. Encontro com Cristo que toca o coração mais profundo. Cristo deve estar hospedado no coração de cada um nós para vivermos a experiência de grande transformação”.

O chamado é a viver a experiência deste novo modo de viver, com Cristo ao centro. “Cristo deve ser a Luz que ilumina nossa vida. É preciso se encantar com o gesto admirável de Deus Pai que entregou seu filho para a morte e para nossa salvação”, disse dom Walmor.

Análise de conjuntura eclesial

Na última sessão de quarta-feira, 19 de abril, o episcopado brasileiro se reuniu no auditório Noé Sotillo, do Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, para apreciar o trabalho do grupo de análise de conjuntura eclesial da CNBB, coordenado pelo arcebispo de Brasília, cardeal Paulo Cézar Costa, com o tema “as ameaças à comunhão eclesial no atual contexto sociopolítico e pastoral”.

A análise foi dividida em três partes – diagnóstico (cenário interno e externo); análise e prognóstico. Como um dos pontos do cenário externo, o estudo trouxe a polarização como chave de compreensão. “Contribuiu para isso um ecossistema comunicacional pós-redes sociais, pois reduziu a economia da informação à caça desesperada por cliques”.

Outros aspectos que contribuíram para o cenário externo, conforme o estudo, foram as guerras culturais e as manifestações. “No Brasil, a polarização foi aproveitada para recuperar as insatisfações das manifestações de 2013”. Conforme a análise, as manifestações são expressões do antagonismo entre governantes e governados, classe política e população, instituições e os que a representam.

O texto apontou também as matrizes que estão na origem da polarização no Brasil, como o militarismo, o antiintelectualismo, o empreendedorismo, o libertarismo econômico, o anticomunismo e o combate à corrupção. “O encontro desse conservadorismo traz individualismo, punitivismo, valorização da ordem acima da lei; e as condições afetivas trazem humilhação diante de situações de desemprego, subemprego”. A análise eclesial salientou ainda que as redes sociais são determinantes e que a mídia digital facilita a comunicação rápida, mas que também cria bolhas.

Foram salientadas as oportunidades do cenário externo para a missão evangelizadora da Igreja, como o uso dos símbolos religiosos e o uso inteligente das tecnologias digitais. E como prognóstico foram apontadas as dinâmicas eclesiais e pastorais para enfrentar a polarização. O texto sugere, por exemplo, que cabe aos bispos “aproximar-se, expressar-se, ouvir-se, olhar-se, conhecer-se, esforçar-se por entender-se, procurar pontos de contato”.

Outro ponto destacado e que precisa ser corrigido pelos bispos, segundo o texto, é a questão da religiosidade popular, sobretudo mariana, que enfatiza a perspectiva da “manifestação”. “Ela necessita ser corrigida com a dimensão da proclamação; para isso: formação bíblica”.

Por último, foi também sugerido na análise que fosse criado um observatório de mídias digitais, pelas dioceses, para que se faça um acompanhamento do que é publicado nas mídias digitais. Além disso, houve a sugestão para que se priorize a formação nos seminários e a continuação do caminho sinodal iniciado em 2021, como um caminho de conversação espiritual.

Presentes também na Assembleia muitos bispos eméritos, cerca de 157. Nós conversamos com o arcebispo emérito de Aparecida, cardeal Raymundo Damasceno Assis...

Coletiva de Imprensa

No período da tarde, a tradicional coletiva de imprensa realizou-se às 15h, na Sala de Coletivas, com a presença de três bispos da Conferência:

• Dom Leomar Antônio Brustolin, arcebispo de Santa Maria (RS), falou sobre o processo de atualização das Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (DGAE);

• Dom Edmar Peron, bispo de Paranaguá (PR), apresentou a tradução brasileira da terceira edição típica do Missal Romano, aprovada pela Santa Sé;

• Dom Pedro Cipollini, bispo de Santo André (SP), fez um balanço das atividades realizadas pela Comissão Episcopal para a Doutrina da Fé da CNBB.

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20 abril 2023, 19:05