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o Papa  Francisco aponta a sinodalidade como caminho para a Igreja de hoje (Vatican Media) o Papa Francisco aponta a sinodalidade como caminho para a Igreja de hoje (Vatican Media)

Dom Hilário Moser: a votação no Sínodo

Dom Hilário Moser, SDB, bispo emérito de Tubarão/SC, faz uma reflexão sobre a decisão do Papa Francisco em incluir 70 membros “não bispos”, que representam vários agrupamentos de fiéis do povo de Deus, na votação do Sínodo.

Dom Hilário Moser, SDB

Antes de tudo é preciso compreender o que é a “Igreja”. A Igreja é Jesus  Ressuscitado e todas as pessoas unidas a Ele e unidas entre si, graças ao batismo; o “liame”  que mantêm essa “comunhão” de vida divina é o Espírito Santo. Esta imensa “comunhão”  é que constitui o “Povo de Deus”. Portanto, a Igreja é o Povo de Deus que, tendo à frente  Jesus Ressuscitado e animado pelo Espírito Santo, evangeliza o mundo e caminha rumo  ao Pai. Qual é a consequência? Que devemos caminhar juntos, não divididos, uns contra  os outros. Ora, caminhar juntos é precisamente o sentido da palavra sínodo, sinodalidade. 

Caminhar juntos não significa que todos sejam iguais: onde ficaria a riqueza da  diversidade? No Povo de Deus há diversidade de dons do Espírito Santo; há diversidade  de vocações para a viver o próprio batismo; há os que foram constituídos pelo Espírito  Santo como pastores, mestres da fé, sinais da unidade. São Paulo ensina: “A cada um de nós foi dada a graça conforme a medida do dom de Cristo” (Efésios 7, 7). E São Pedro:  “Como bons administradores da multiforme graça de Deus, cada um coloque à disposição  dos outros o dom que recebeu” (1 Pedro 4, 10).  

A variedade de dons é dada ao Povo de Deus em sentido de serviço. São Paulo  compara o Povo de Deus a um corpo: no corpo humano há grande variedade de membros,  cada qual prestando um serviço diferente, sob o comando de uma única cabeça. Assim é  também o Corpo de Cristo: ele é a Cabeça, nós somos os membros: caminhando juntos  (sínodo, sinodalidade) cumprimos a missão de evangelizar o mundo. 

Falemos agora do Sínodo. O Sínodo dos Bispos foi instituído por Paulo VI. É um  encontro dos pastores do Povo de Deus; não um parlamento em que vence quem tem maioria de votos. A natureza do Sínodo é ser instrumento de consulta, em função do  exercício do ministério papal. Em todos os Sínodos sempre houve um pequeno grupo de  não-bispos: observadores, consultores, peritos… não, porém, com direito a voto. 

O Papa Francisco alargou a participação de não-bispos, incluindo leigas e leigos  indicados pelas Conferências Episcopais, que também poderão votar. Houve quem  arregalasse os olhos ao saber da novidade… Ora, sendo o Sínodo um órgão de consulta,  por que privar as leigas e leigos do voto? Sabemos que, em questões de fé e moral, por disposição divina, a última palavra cabe ao magistério episcopal e papal. 

Aliás, do próximo Sínodo participará todo o Povo de Deus. Todas as Conferências  Episcopais, Dioceses, as paróquias e comunidades puderam fazer-se ouvir, falar, sugerir  o que julgassem mais conveniente para o bem da Igreja. Em outras palavras, o Papa  Francisco aponta a sinodalidade como caminho para a Igreja de hoje.  Dado que todos os membros do Povo de Deus possuem o mesmo Espírito Santo,  para que caminhemos juntos, nada melhor do que ouvir o que o Espírito Santo diz pela  boca de todos os membros do Povo de Deus. Não se trata de reuniões em que se vota  algum ponto e a maioria vence: trata-se de, na docilidade ao Espírito Santo, ouvir, tentar  compreender o que o outro/a tem a dizer. Sem dúvida, aos poucos, o Espírito Santo  conduzirá o Povo de Deus pelos caminhos do Evangelho. 

Esta disponibilidade ao diálogo, sob a invocação do Espírito Santo, fará com que  a Igreja dê testemunho de comunhão, de participação e de cumprimento de sua missão,  como pede o tema do próximo Sínodo: “Para uma Igreja sinodal: comunhão,  participação e missão”. 

Fonte: Inspetoria Salesiana de São Paulo

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12 maio 2023, 21:11