No Sudão do Sul, Igreja se mobiliza para acolher refugiados do conflito no Sudão
Vatican News
Em meio a uma crise econômica, os militares do Sudão haviam concordado em entregar a autoridade a um governo liderado por civis no mês de abril, mas as tensões aumentaram entre os líderes militares rivais, o general Abdel Fattah al-Burhan, visto como chefe de Estado de fato, líder das Forças Armadas do Sudão e o general Mohamed Hamdan Dagalo, mais conhecido como Hemeti, das Forças de Apoio Rápido (RDF). Ambos atuam como presidente e vice do Conselho de Soberania de Transição, respectivamente. Mas em 15 de abril, as duas forças deram início ao conflito que já causou ao menos 550 mortes e cerca de 5 mil feridos.
Na 36ª Sessão especial do Conselho sobre o impacto nos direitos humanos da guerra em curso no Sudão, a Missão permanente da Santa Sé junto à ONU em Genebra, na Suíça, reiterou sua "profunda preocupação" com a grave situação de conflito e violência que está ocorrendo no país africano.
Em particular, a preocupação é com as "graves implicações humanitárias" do conflito, com um convite dirigido a "todas as partes para cessar os ataques armados e garantir o acesso a bens básicos e essenciais para a população civil, onde quer que sejam necessários", o que inclui o fornecimento seguro de assistência humanitária.
Por sua vez, Dom Stephen Ameyu Martin, arcebispo de Juba, capital do vizinho Sudão Sul, pediu às Congregações religiosas presentes no país para se mobilizarem na acolhida da população que foge do conflito.
Os violentos confrontos não poupam ninguém, nem mesmo religiosas e religiosos, muitos dos quais viram-se obrigados a deixar o país.
"Com a carta que enderecei a todas as comunidades religiosas aqui na arquidiocese - diz o arcebispo Martin durante uma reunião com líderes religiosos - indiquei que pelo menos todos nós abramos nossas casas aos nossos irmãos que estão no Sudão, desde os missionários de Mill Hill até os Padres Brancos e as Irmãs do Sagrado Coração".
Em um telefonema durante o encontro, o bispo de Malakal, Dom Stephen Nyodho, denunciou a situação das pessoas que fogem do Sudão, que continuam chegando em massa à capital do Alto Nilo, onde são temporariamente acolhidas em Ruweng.
“A resposta do governo - relatou Dom Nyodho - ainda está atrasada porque milhares de pessoas estão retidas em Riverside, em Ruweng e também em Melut”. “A Caritas da Diocese de Malakal ofereceu barcos para permitir que essas pessoas cruzassem o rio até Malakal”, acrescentou o prelado.
O governo do Sudão do Sul diz ter enviado caminhões para transportar os próprios cidadãos presos em meio aos combates na capital sudanesa, Cartum, para transferi-los para o Estado sul-sudanês do Alto Nilo, que vive uma difícil situação humanitária devido ao grande número de deslocados internos causados pela guerra civil.
De acordo com as autoridades de Juba, até agora, apenas mais de 50.000 pessoas que fugiram da guerra no Sudão chegaram ao Sudão do Sul, a maioria expatriados sul-sudaneses que vivem em Cartum.
Egito e Chade também receberam fluxos de refugiados do Sudão, 70.000 e 30.000, respectivamente. Outros milhares seguiram para a Etiópia.
Neste meio tempo, o conflito no Sudão não dá trégua e corre o risco de passar de um confronto entre duas forças militares em luta para uma guerra civil, como deixam subentender as notícias do saque de depósitos da polícia com o roubo de milhares de armas, no cidade de El Geneina, em Darfur, no oeste do Sudão, na fronteira com o Chade, já palco de confrontos entre milicianos locais e o pró-governo Janjaweed, do qual nasceu a RDF.
*Também com informações da Agência Fides
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