São José de Anchieta: Apóstolo, Pai da Biodiversidade e Naturalista do Brasil

Dom Roberto Francisco Ferrera Paz –Bispo Diocesano de Campos (RJ)

No dia 09 de junho de 1597, morria o Apóstolo e Padroeiro dos Catequistas do Brasil São José de Anchieta, na localidade de Reritiba, aos 63 anos. O que surpreende neste fantástico homem de Deus, gigante da fé e notável missionário, é a contribuição não só nas línguas indígenas nas suas duas obras especializadas:

Arte da gramática da língua mais falada na costa do Brasil e Vocabulário tupi-guarani; mas a sua pioneira e ilustre descrição da biodiversidade brasileira e do seu trabalho como naturalista, sendo também patrono desta categoria.

Na famosa carta dirigida ao Padre Diolo Laines denominada e traduzida do latim com: “Epístola contendo a descrição de numerosas coisas naturais que povoam a província de São Vicente”, encontramos material inédito sobre a fauna brasileira.

As rerum naturalium eram muito curiosas e sem equivalentes na Europa. Como o conhecido Tamanduá (Myrmecophaga Tridactyla Linnaeus) caracterizado e descrito muito antes de Lineu pelo padre Anchieta. Outro mamífero citado por Anchieta é o iguaraguá (peixe boi marinho), e finalmente a anta (Tapirus americanus, Bros). Descreveu ao todo 21 espécies de mamíferos, cerca de 20 aves, uma dezena de ofídios, 13 insetos, 11 aracnídeos e vários crustáceos.

Foi o primeiro cronista a observar o fenômeno da piracema, ou seja, o movimento migratório de peixes no sentido das nascentes dos rios com fins de reprodução. Isto tudo nos ensina que para ser missionário, é importante cultivar um amor profundo a Terra suas criaturas, seus habitantes, para estabelecer laços de ternura e comunhão, preservando a vida e tornando-se um artesão e mediador de paz como foi São José de Anchieta como os tamoios.

O caminho da Igreja sempre será o encontro com a humanidade, seguindo os passos de Anchieta sendo capazes de comunicar-nos com todas as pessoas e criaturas como o Apóstolo do Brasil. Deus seja louvado!