Mensagem de Schevchuk na 72ª semana de guerra

O Primaz da Igreja Greco-Católica ucraniana observou em sua mensagem que nestes dias vive-se uma profunda angústia por Kramatorsk, onde os russos novamente bombardearam civis, destruindo um café com mísseis em plena luz do dia, matando 12 pessoas, três delas crianças. Confirmada também a morte no sábado, após 4 dias hospitalizada, da escritora ucraniana Victoria Amelina, de 37 anos. Ela estava no bar/pizzaria no momento do ataque e voltou a morar em Kiev para investigar crimes de guerra.

Já em Berdiansk, os russos estão começando uma guerra contra as crianças - mataram dois adolescentes, alegando que tinham sentimentos pró-ucranianos.

"As crianças estão no foco da repressão russa. Mas ainda hoje, queremos que o mundo ouça que a Ucrânia está de pé apesar da dor, sofrimento, sangue e lágrimas! A Ucrânia está lutando! A Ucrânia está rezando!” enfatizou o líder espiritual.

"Hoje, em nome do nosso povo sofrido, especialmente do sul da Ucrânia, gostaria de agradecer ao Santo Padre Francisco pela sua enésima missão humanitária. Sua Eminência o cardeal Konrad Krajewski chegou nestes dias à Ucrânia com outro comboio humanitário. Tive a oportunidade de conversar com o cardeal que visitou nosso mosteiro basiliano em Kherson depois de nos ter trazido alimentos e gêneres de primeira necessidade. Hoje queremos agradecer a todos aqueles que se lembram da dor da Ucrânia, a dor das vítimas após a destruição da barragem da Usina Hidrelétrica de Kakhovka.

Mas os últimos dias também foram marcados por um belo raio de esperança. Em 28 de junho, a Ucrânia tradicionalmente celebra o Dia da Constituição. Neste dia, o presidente da Ucrânia anunciou o programa de transformação do nosso Estado, uma espécie de manifesto da Ucrânia vitoriosa nesta guerra. Foi muito interessante ouvir como nossas autoridades veem a vitória da Ucrânia e, em particular, o que significa a palavra "vitória". Estamos todos começando a entender que a vitória não é apenas a desocupação de todos os territórios ocupados pela Rússia e a restauração das fronteiras de 1991.

A vitória significa o renascimento do espaço vital em todo o território da Ucrânia. Seria muito importante para nós ouvir que nosso governo vê os valores familiares tradicionais como a pedra angular da transformação da Ucrânia. De fato, é impossível falar sobre a vitória da Ucrânia se os jovens ucranianos não se sentirem confiantes em dar à luz seus filhos precisamente na Ucrânia.

A vitória da Ucrânia significará o retorno dos filhos de nossa Pátria espalhados por todo o mundo, o retorno daqueles que hoje estão fora das fronteiras de sua Pátria, para reconstruí-la. O presidente falou sobre um salário digno, que os ucranianos não podem mais ser mão de obra barata na Europa e a Pátria os espera em casa.

Curiosamente, este tipo de visão do futuro da Ucrânia é, em certo sentido, muito consistente com a estratégia pastoral da nossa Igreja, elaborada pelo nosso Sínodo para o período até 2030. Nós a chamamos de cuidado pastoral para a cura das feridas da guerra. Hoje sabemos que 78% da população ucraniana tem parentes ou entes queridos que morreram ou ficaram feridos durante a guerra. Portanto, o futuro só é possível quando em nossa terra natal Ucrânia fizermos renascer, quando reconstruirmos o espaço da vida: uma vida digna, uma vida que nasce, cresce, floresce em nossa terra natal ucraniana.

Hoje pedimos: Deus, abençoe nossa Pátria, abençoe essas boas intenções! Abençoe nossas meninas e meninos no front que sacrificam suas vidas hoje para criar um espaço para a vida. Eles morrem para que a Ucrânia viva. Deus, abençoe nossa pátria, nosso povo, os filhos da Ucrânia com Tua justa paz celestial!"