Dom Leonardo: Marco Temporal “será um marco de continuidade de morte dos povos indígenas”
Padre Modino - CELAM
“Se aprovado será um marco de continuidade da destruição”. Assim vê o cardeal Leonardo Steiner o julgamento do Marco Temporal no Supremo Tribunal Federal, que será retomado nesta quarta-feira 30 de agosto. Até o momento três ministros já votaram, se posicionando um a favor e dois contra o Marco Temporal.
O Regional Norte1 da CNBB tem entre suas prioridades a defesa dos povos indígenas, uma defesa que dom Leonardo Steiner assumiu em sua missão como cardeal, empenhado em preservar os direitos da Amazônia e dos povos que a habitam. Daí sua denúncia da destruição que provocaria a aprovação do Marco Temporal, “destruição da natureza, do meio ambiente, destruição das culturas”. É por isso que o presidente do Regional Norte1 afirma que “será um marco de continuidade de morte dos povos indígenas, de desrespeito em relação aos povos indígenas”. Um marco que fará, segundo o arcebispo de Manaus, “não levarmos em conta enquanto Federação nenhum dos direitos”.
Caso contrário, “se não aprovado será um grande marco, um marco de justiça, um marco de preservação dos nossos povos indígenas, será um marco para podermos ajudar os povos a se erguerem, mas também dizerem que eles são realmente brasileiros. E são brasileiros que eles têm direito a suas terras, que tem direito a viver do modo que eles desejam, que eles têm direito a exercer a sua cidadania”, ressalto o cardeal Steiner. Ele deixou claro que “nós esperamos que o Marco Temporal não seja aprovado”.
Dom Leonardo Steiner comparou a situação que vivem os povos indígenas do Brasil com a situação que seria vivida “se um empresário tivesse a sua empresa invadida, que é que isso significaria. Imagine se as nossas pessoas do agronegócio se tiverem as suas fazendas invadidas, o que que haveria de acontecer?”. Diante disso, o arcebispo de Manaus denunciou que “nós estamos invadindo as terras indígenas, nós estamos destruindo as terras indígenas, nós estamos matando os povos indígenas”.
O cardeal pediu que “o Marco Temporal não seja aprovado e que nós possamos ir ao encontro dos povos indígenas, ajudá-los a retomar a sua cultura, as suas línguas, a sua religiosidade”. Ele afirmou sem reservas que “nós como Igreja queremos sempre estar do lado dos povos indígenas, especialmente neste momento do julgamento do Marco Temporal”.
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