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Wiktoria Ulma com os filhos no outono de 1943. A partir da esquerda Władzio, Stasia (que segura Marysia), Franuś (nos ombros), Basia i Antoś Wiktoria Ulma com os filhos no outono de 1943. A partir da esquerda Władzio, Stasia (que segura Marysia), Franuś (nos ombros), Basia i Antoś  

Família Ulma, uma beatificação sem precedentes

Exterminada por esconder oito judeus, no dia 10 de setembro de 2023, a família Ulma será elevada às honras dos altares. Trata-se de uma novidade, do ponto de vista do processo canônico atual: toda uma família será beatificada, pais e filhos, inclusive o nascituro que a mãe trazia em seu ventre. Cardeal Semeraro: “Penso que este caso é semelhante ao dos Santos inocentes”.

Emanuela Campanile – Cidade do Vaticano

A família Ulma foi uma centelha de luz nos anos sombrios da Segunda Guerra Mundial, mas era uma família como qualquer outra: o pai, Josef, trabalhava no campo e a mãe, Wiktoria, fazia os serviços de casa, além de cuidar de seis filhos e daquele que estava para nascer.

Evangelho nas pequenas coisas

 

Vivendo a quotidianidade na simplicidade, a família vivia e tornava vivo o Evangelho. A educação à fé, a oração comum em família, a leitura da Bíblia, faziam da família Ulma o que João Paulo II chamava de “Igreja doméstica”, aberta também aos mais necessitados. Naqueles anos, “os mais necessitados” eram, sobretudo, os judeus. A oito deles, a família abriu suas portas, ofereceu abrigo, comida e amizade, embora estivesse ciente do imenso risco que corria.

Um encontro inesperado

 

Para sabermos um pouco mais sobre a história da família Ulma, temos que voltar aos nossos dias, através das palavras de Manuela Tulli, jornalista da agência ANSA e autora, junto com o Padre Paweł Rytel-Andrianik, historiador e responsável do Programa Polonês de Vatican News - Rádio Vaticano, do livro: “Mataram até as Crianças: a família Ulma mártir que ajudou os judeus” (Edições Ares). Enviada à Ucrânia, para acompanhar as notícias da tragédia no coração da Europa, Manuela Tulli fez uma escala no sudeste da Polônia:

 

“Conheci a família Ulma por acaso. Trata-se de uma história que eu não escolhi, mas uma história que me escolheu. Muitas vezes nós, jornalistas, vamos à caça de histórias. Desta vez, porém, posso dizer que aconteceu o contrário. Na Polônia, vi em todos os lugares imagens, desenhos e fotos desta família numerosa, que viveu há mais de 80 anos. Sinceramente, eu nem sabia quem era, embora os poloneses quase que o presumiam. Porém, se sentiam felizes só em vê-los… estes dois pais tão jovens, já com tantos filhos pequenos. Enquanto estava lá, pensei na guerra de hoje e na guerra de ontem: pensei na amizade de hoje, pois, também hoje, os poloneses abriram as portas de suas casas para 2 milhões de refugiados. Não foram apenas os institutos e os conventos que deram hospitalidade; pensei na amizade de ontem, no fato de como esta família abriu as portas da sua pobre casa, de apenas dois quartos, a oito judeus.

Depois, antes de continuar minha viagem, o postulador da beatificação da família Ulma, ao me explicar o que os poloneses faziam pelos ucranianos, ofereceu-me um livro, pedindo-me para dedicar um pouco de tempo à sua leitura, a fim de conhecer melhor a família. Coloquei o livro na mala e parti para a Ucrânia. Quando regressei para a Itália, soube que o Papa havia decidido beatificar a família Ulma. Assim, procurei entender melhor a sua história”.

Os samaritanos de Markowa

 

Retomando o fio da meada sobre a família Ulma, na cidade de Markowa, entre as paredes de sua casa, encontramos a Bíblia da família - ainda conservada – na qual estava sublinhada a palavra "samaritano" e, à margem, uma anotação com a escrita "sim". Tratava-se de uma escolha consciente, uma vocação abraçada na simplicidade de uma vida, que permaneceu atuante e harmônica, apesar do período histórico do tempo, onde a violência, o ódio e a divisão tentavam impor sua desordem. Testemunho desta vida eram também as inúmeras fotos tiradas pelo chefe da família, Josef, fotógrafo amador, homem de talento e ativo na comunidade de Markowa.

O massacre

 

Depois, a denúncia, a traição e os nazistas, que invadiram a pequena casa da família Ulma, dando tiros em direção ao sótão, onde os amigos judeus estavam escondidos. Foi um massacre. Josef e Wiktoria foram arrastados para fora e fuzilados na presença de seus filhos. A mãe estava no sétimo mês de gravidez. Depois do pai e da mãe, foi a vez de seus filhos, que também foram “executados”. A casa deles foi incendiada. Era o dia 24 de março de 1944.

 

Um martírio judaico-cristão

 

Padre Paweł Rytel-Andrianik, historiador e autor do livro, junto com Manuela Tulli, recorda que o assassinato da família Ulma consiste em um martírio não apenas cristão:

“O Padre François-Marie Léthel, consultor do Dicastério das Causas dos Santos, escreveu no jornal L’Osservatore Romano, que este foi um martírio judaico-cristão. Com a sua declaração, ele quis destacar a evidência dos fatos, pois foram assassinadas pessoas inocentes: a família Ulma e oito judeus, cujos nomes são: Shaul Goldmann, com os seus quatro filhos, Lea Didner, com a sua filha Reshla, de cinco anos, e Golda Grünfeld.

Esta história é muito comovente: quando os alemães nazistas chegaram à casa da família Ulma, começaram a atirar em direção ao teto, onde se encontrava o sótão, de onde o sangue das vítimas começou a escorrer. Em baixo, no lugar para onde correu o sangue, havia uma mesa sobre a qual foi colocada - não se sabe o motivo – uma foto das duas mulheres judias. No braço de uma delas estava desenhada a estrela de Davi. Esta foto foi conservada até hoje como “relíquia” do martírio também judaico.

Nesta história, conclui o Padre Rytel-Adrianik, “podemos notar os horrores do Holocausto, mas também a luz do Evangelho, que provém dos que o quiseram incarnar na concretude da vida de cada dia”.

Justos entre as Nações e Beatos

 

O mal da guerra não conseguiu apagar a luz deste acontecimento. Os membros da família Ulma, Justos entre as Nações pelo Estado de Israel e Beatos pela Igreja Católica, foram reconhecidos pela Igreja católica como mártires, até mesmo o sétimo filho, ainda vivo no ventre de Wiktoria.

Beatificação sem precedentes

 

O Prefeito do Dicastério das Causas dos Santos, Cardeal Marcello Semeraro, em uma entrevista para a publicação do livro “Mataram até as Crianças”, disse que, a petição para a beatificação, apresentada ao Santo Padre, incluiu também a criatura que estava no ventre da mãe. Provavelmente, ela havia iniciado a dar à luz, por medo, durante a sua execução pelos nazistas. De fato, afirmou o cardeal, “este é um caso muito singular, referindo-se a um episódio evangélico, que pode ser chamado Batismo de sangue, como o caso semelhante ao dos Santos inocentes. Este nascituro, encontrado na fossa comum após o massacre (a cabeça e parte do seu corpo já estavam saindo do ventre de Wiktoria, ndr), foi considerado digno do martírio".

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31 agosto 2023, 13:27
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