Reflexão para o 27º Domingo do Tempo Comum
Padre Cesar Augusto, SJ - Vatican News
Quando fazemos corretamente nossa obrigação, esperamos resultados positivos. Usamos nossa inteligência, nossos recursos e empregamos o melhor e da melhor forma.
Aí sentamos e esperamos os resultados que, de acordo com nossa idéia, tem de dar certo. Fizemos o que devíamos e o fizemos da melhor forma. É esperar para usufruir do trabalho realizado. Mas para nossa surpresa o resultado não é o esperado, pelo contrário, é de péssima qualidade. O que fazer?
A primeira leitura da liturgia deste domingo nos conta algo parecido. O proprietário de uma vinha faz tudo o que pode e o resultado é negativo. No caso, ele fica revoltado e destrói a vinha. O Profeta Isaías, autor desse texto, diz que Deus é o agricultor e nós somos a vinha. Deus colocou em nós e em nosso redor o melhor e nos mandou produzir bons frutos, mas na hora da colheita encontrou injustiça e opressão no lugar de obras de bondade e de solidariedade.
No Evangelho encontramos Jesus contando a parábola dos vinhateiros. O Senhor se encontra no Templo de Jerusalém, no meio dos doutores da Lei e lhes conta a parábola onde um proprietário plantou uma vinha, cercou-a e também construiu um lagar para produzir o vinho excelente que ele esperava obter. Arrendou a propriedade e viajou para o estrangeiro. Na época da colheita enviou seus empregados para receber seus frutos, contudo, os arrendatários maltrataram e feriram gravemente os enviados. Por fim, ele enviou seu filho com a esperança de que ele fosse respeitado, mas tal não aconteceu. O herdeiro foi morto. E o Senhor termina o relato perguntando o que o proprietário fará quando retornar. Os doutores da Lei responderam que o proprietário mandará matar, de modo violento, os assassinos, e entregará a vinha a outros arrendatários.
Jesus concluiu dizendo que o Pai irá entregar o Reino a um povo que produza frutos e não mais aos judeus, aqueles com quem foi realizada a primeira aliança, mas que crucificaram o herdeiro.
Quais são esses frutos que deverão ser produzidos? Como vimos na primeira leitura, os frutos são justiça e bondade. Sem eles não se pode entrar no Reino de Deus.
O Pai, como bom agricultor, dedicou-se de modo excelente à sua vinha. Deu-lhe condições para produzir frutos de justiça e de direito. Mas a realidade encontrada foi outra. Também em nossa realidade, olhemos para nosso mundo, nossa cultura, nossa ciência, nosso progresso, nosso século.
Temos tudo para uma vida plena de justiça, sem fome, pobreza, sem guerras e destruições, mas não é assim nossa realidade. Já tivemos duas grandes guerras com mortes e destruições. Nossa sociedade, apesar de ter inúmeros restaurantes e colocar sobras de comida no lixo, tem uma imensa porcentagem de pessoas que passam fome, que é desnutrida; fazemos transplantes de órgãos de um modo impressionante, mas também é impressionante o número gigantesco de pessoas pobres que morrem por causa de um simples vírus; temos uma elite privilegiada que usufrui de todas as benesses de uma cultura ocidental, mas, ao mesmo tempo, temos um número ingente de pessoas que morrem por falta de atendimento médico, por desconhecerem cuidados elementares de higiene. Temos recursos econômicos, mas desaparecidos nas mãos dos administradores corruptos.
O Senhor nos deu um belo mundo com recursos imensos e variados, além disso nos deu inteligência, capacidade de discernimento e sabedoria e tudo que é necessário para sermos seus colaboradores na criação de um mundo belo e feliz. O Senhor enviou seu Filho nas pessoas dos pobres, dos carentes, das crianças, dos idosos; e qual foi nossa resposta? Qual a resposta que demos?
“Pecador, ainda é tempo!”, assim fala um antigo canto penitencial. Ainda é tempo de mudança, tempo de conversão, tempo de entregar a Deus os frutos por Ele desejados. Deixemos nosso coração falar mais alto e construamos um mundo de justiça e fraternidade: Minhas capacidades para Deus, para um mundo mais justo e mais irmão!
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