Sala Sinodal em mesas redondas, a sinodalidade
Padre Modino – Regional Norte 1 da CNBB
O primeiro aspecto a ser destacado é a participação de toda a Igreja. Por se tratar de um Sínodo dos Bispos, a presença de não bispos é algo que enriquece o processo, embora alguns membros do Sínodo, desrespeitando o pedido de silêncio do Papa Francisco, tenham se manifestado contra a presença de não bispos, especialmente mulheres, com direito a voz e voto. E é preciso dizer que as mulheres, especialmente as religiosas, têm sido protagonistas positivas nesses primeiros dias.
Em segundo lugar, a disposição da sala do sínodo, com 35 mesas redondas distribuídas na Aula Paulo VI. Uma maneira de estar com os outros, olhando nos olhos, que ajuda a tornar a escuta mais atenta e o diálogo mais franco, com a consequente melhoria do processo de discernimento comunitário. Essa disposição também ajuda na dinâmica dessa primeira sessão da Assembleia Sinodal. As tensões, que existem em alguns círculos menores, não prejudicam o fluxo geral da assembleia, e evita que algumas pessoas, protegidas por sua posição de autoridade eclesiástica, monopolizem a voz da assembleia, algo que aconteceu em sínodos anteriores.
Conversação espiritual
Com relação ao método de trabalho, o discernimento comunitário à luz da conversa espiritual é muito mais do que um formato diferente. Os participantes destacam os momentos de silêncio, tanto nos círculos menores como nas chamadas congregações gerais, quando os 35 grupos em que se divide a assembleia, que serão renovados ao final de cada um dos módulos, compartilham suas experiências, algo que em muitas dessas comunidades de discernimento comunitário nasce de uma grande diversidade de origens, culturas, formas de viver a fé e de ser Igreja. É aqui que há espaço e tempo para que todos entrem em seu próprio ritmo.
É um caminho lento, mas que está ajudando a se apropriar de um modo de ser Igreja ao qual muitos não estão acostumados e que, podemos dizer, ainda provoca desconfianças, especialmente entre aqueles que defendem um modo de ser Igreja marcado pelo clericalismo. Não nos esqueçamos de que esse é um dos pecados que o Papa Francisco sempre condena e que esta Igreja sinodal, onde se caminha juntos e juntas, na qual se escuta e se dialoga com todos e todas para discernir em comum, busca superar.
Um caminho indicado pelo pequeno
Uma Igreja na qual o caminho e o ritmo não são mais marcados pela autoridade, mas pelas vozes que, a partir do pequeno, indicam onde continuar dando passos como Igreja. E para isso, o método da conversa espiritual é decisivo, porque Deus se faz presente na brisa suave e não no vento impetuoso. Isso é algo que tradicionalmente tem sido experimentado nas Igrejas Orientais, onde a sinodalidade, a prática de caminhar juntos, sempre foi muito mais evidente. Sua presença na Assembleia Sinodal é um instrumento de aprendizado, pois as diferentes denominações cristãs presentes ajudam a olhar de outra perspectiva, a valorizar outros elementos que ajudam a continuar dando passos.
Após os primeiros dias de reflexão sobre o tema: "Por uma Igreja Sinodal. Uma experiência integral", aprofundando os sinais característicos de uma Igreja sinodal e a maneira de assumir esse modo de ser Igreja, a conversa no Espírito, os membros do Sínodo entrarão no segundo módulo do Instrumento de Trabalho que trata dos três temas prioritários para a Igreja sinodal: comunhão, missão, participação. Daí a pergunta que é o ponto de partida e deve marcar o discernimento neste segundo momento que começa na segunda-feira: "Como podemos ser mais plenamente sinal e instrumento da união com Deus e da unidade do gênero humano?”. Uma nova reflexão sobre o amor a Deus e ao próximo, que mostra àqueles que têm medo do Sínodo que ele é mais um passo para entender e viver melhor o Evangelho.
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