Sínodo: cultura digital, uma "nova Galileia"
Padre Modino – Regional Norte 1 da CNBB
O leigo mexicano José Manuel de Urquidi González e a religiosa nicaraguense radicada na Espanha, Xiskya Lucia Valladares Paguaga, compartilharam suas experiências do chamado Sínodo Digital, por meio do projeto "A Igreja te escuta", que definiram como uma iniciativa realizada por uma rede de missionários e evangelizadores digitais, com o acompanhamento do Dicastério para a Comunicação e da Secretaria Geral do Sínodo, uma experiência voltada exclusivamente para a periferia.
Eles destacaram três frutos: a missão digital se tornou um elemento importante na consulta global do Sínodo a partir de outubro de 2021, com 150 mil participantes, 30% não crentes e afastados, com frutos na etapa continental; a criação da própria consciência da missão digital, apesar do pouco apoio institucional, que despertou "a consciência de que fazíamos parte de algo que poderia ser chamado de missão digital", algo que vem envolvendo os bispos, citando como exemplo o encontro durante a JMJ em Lisboa com 577 missionários de 68 países; a crescente consciência da Igreja de que a missão digital não é apenas um instrumento para realizar a evangelização, mas é "um espaço, um território... um novo mundo para a Igreja de comunhão e missão", para citar as palavras do Cardeal Tagle.
O ambiente digital é uma cultura
A irmã Xiskya insistiu que "o ambiente digital é uma cultura, um 'lugar' onde as pessoas - todos nós - passamos grande parte de nossas vidas", que "tem sua própria linguagem e modos de agir" e onde "para que a semente do Evangelho cresça ali, ela precisa ser inculturada". Uma cultura na qual "encontramos irmãos e irmãs que anseiam pelo anúncio", onde ela disse que há "muitos que precisam de esperança, que precisam curar suas feridas, que precisam de uma mão, que precisam de Deus".
A religiosa insistiu que o mundo virtual na Igreja não é apenas para "comunicar o horário da missa ou convidá-los a visitar a catedral", mas um espaço de encontro, escuta e acompanhamento, que exige sair de nós mesmos. Lembrando que "diz-se que estamos em um momento de transformação na Igreja, que o modelo herdado não funciona mais para falar com a era digital", ele fez a proposta de que "a Igreja deve ser construída a partir das periferias", considerando a cultura digital como uma "nova Galileia".
Uma nova Galileia
Isso em um mundo digital "no qual precisamos saber onde estão as armadilhas e os truques", de acordo com Urquidi. Um território para o qual "o mesmo Espírito que, por meio deste sínodo, nos convida a abraçar a missão nesta nova Galileia" está nos conduzindo. Isso requer "escuta humilde, acompanhamento e diálogo, bem como um bom conhecimento do tesouro de nossa fé, o que nos permite entrar em diálogo com uma população que é difícil de ver nas igrejas", de acordo com o mexicano.
A partir daí, ele enfatizou que "eles são aqueles que deixaram a Igreja feridos por tanta discriminação, ou ficaram entediados com nossa pregação, ou não entendiam nosso idioma, ou talvez nunca tenham colocado os pés em uma igreja. Mas eles ainda estão procurando. Pessoas que, no anonimato da virtualidade, podem "superar o constrangimento e a distância, ou simplesmente ser capazes de fazer perguntas", ressaltando que "entrar em diálogo com elas requer tempo, paciência e muito amor". E isso porque, em um evangelizador digital, "o que importa é sua capacidade de ouvir e dialogar".
Urquidi vê o ambiente digital como "um território ideal para uma igreja sinodal missionária na qual todos os batizados assumem a corresponsabilidade pela evangelização". Isso em redes onde "tudo é provisório, fluido, incompleto", onde "é oferecido o rosto misericordioso, que tenta entender a linguagem para transmitir uma Vida". A partir daí, ele chamou a sonhar que um dia todas as dioceses terão suas equipes de "missionários digitais" enviadas por seus bispos; e que o ministério da escuta digital para encontrar o irmão que sofre será uma parte normal da vida da Igreja.
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