Dom Lizardo Estrada: "escutar o Espírito que sopra onde quer e como quer”
Padre Modino – Regional Norte 1 da CNBB
Uma das questões fundamentais da existência humana é descobrir onde e como Deus se manifesta. Para isso, que envolve um processo de aprendizagem, é necessário compreender as diferentes manifestações de Deus e é cada vez mais importante conhecer "a linguagem simbólica da cultura popular", tema de reflexão do encontro realizado na sede do Conselho Episcopal Latino-Americano e do Caribe (Celam), em Bogotá, de 27 a 29 de novembro de 2023.
A linguagem em um mundo complexo, plural e em transformação
Um encontro que é realizado em um lugar que desde sua fundação é “um centro de reflexão pastoral”, segundo Dom Lizardo Estrada, secretário-geral do Celam, que ele definiu como "a casa do Povo de Deus", como um espaço para realizar "a recepção do magistério pontifício e responder à realidade da vida de nossos povos, especialmente onde a vida está mais ameaçada", insistiu Estrada.
O bispo auxiliar de Cusco definiu essas novas expressões artísticas populares como algo que "nasce do povo de Deus em um mundo complexo, plural e em transformação". O secretário do Celam insistiu que estamos diante de "uma proposta que nasce do subsolo do planeta", e que deve nos levar a "escutar o Espírito que sopra onde quer e como quer, além da dinâmica acadêmica".
Em sua opinião, "as novas expressões de Deus que caminha com seu povo nascem das periferias territoriais e existenciais", fazendo um chamado para "acolher, dialogar e comunicar essas novas linguagens que nascem da cultura popular". Para isso, redobrou a acolhida em um Celam aberto a todos.
Tecer redes para construir um senso de significado abrangente
Trata-se de "tecer redes, compartilhar nossas diferenças e, em meio a elas, construir um sentido de envolvimento", nas palavras de José Carlos Caamano, um dos coordenadores do encontro. Esse é um desafio, de acordo com o teólogo da Universidade Católica da Argentina, porque o Evangelho não é uma cultura única, mas nunca existiu sem ser inculturado, o Evangelho não é abstrato, ele é expresso nas culturas. É uma questão de criar redes para colocar tudo sobre a mesa e colocá-lo a serviço de todos.
Descobrir o que é religioso em lugares não tradicionais é uma das missões do estudo iniciado anos atrás, do qual participa Gustavo Morelo, do Boston College, no qual as ciências sociais pretendem mostrar a prática religiosa na América Latina. Esse é mais um passo em uma dinâmica de diálogo que está ocorrendo nos e entre os diferentes continentes, já que, de acordo com Emilce Cuda, os problemas e as soluções econômicas, de saúde e educacionais são comuns, porque têm uma raiz comum. Diante disso, há discursos comuns para salvar, mas também para dividir a humanidade, que se apresenta por meio da estética popular, segundo a secretária da Pontifícia Comissão para a América Latina.
Em suma, um encontro teológico e interdisciplinar com especialistas acadêmico-pastorais das três Américas (Norte, Central e Sul), em diálogo com convidados dos continentes para continuar construindo pontes, para entender que as manifestações do Espírito através das expressões estéticas da cultura popular oferecem uma riqueza teológica em linguagem simbólica que ainda não foi considerada seriamente como um dispositivo de evangelização.
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