Dom Jaime: a tristeza dos atingidos pela cheia do Guaíba em Porto Alegre também é da Igreja

Andressa Collet - Vatican News 

Após um período difícil que castigou o sul do Brasil com enchentes históricas, mortos e desabrigados, a onda da soliedariedade é que procura ocupar o seu espaço para dar esperança a quem perdeu os sacrifícios de uma vida inteira. A Arquidiocese de Porto Alegre, por exemplo tem se mobilizado para apoiar as famílias afetadas por uma cheia histórica do Lago Guaíba que se localiza bem na região metropolitana da capital gaúcha, banhando também Eldorado do Sul, Barra do Ribeiro, Viamão e a própria cidade de Guaíba. Há uma semana, o nível das águas atingiu 3,46 metros, a marca mais alta desde a enchente de 1941, quando diversas ruas de Porto Alegre ficaram debaixo d'água por dias por causa do nível de 4,75 metros que foi atingido.

Mesmo com o sistema de comportas de contenção acionado, muitos locais ficaram alagados e centenas de pessoas precisaram deixar as suas casas na região das ilhas. O cenário da maior cheia do Lago Guaíba desde 1941 e a terceira em 150 anos de história de Porto Alegre vem a se somar no Rio Grande do Sul com enchentes em diversas regiões gaúchas, como a do Vale do Taquari, onde mais de 50 pessoas morreram no mês de setembro.

Os voluntários em missão pelas cidades atingidas

A atuação do Mensageiro da Caridade em setembro

Desde então, uma campanha de solidariedade foi organizada em conjunto entre o Mensageiro da Caridade (Caritas Arquidiocesana de Porto Alegre) e a Arquidiocese de Porto Alegre para ir ajudando as famílias atingidas com a doação de alimentos, água, roupas, calçados, móveis e utensílios domésticos básicos. 

Na cidade de Alvorada, 150 famílias atingidas pelo alagamento do Arroio Feijó foram auxiliadas. Em Viamão, a ajuda foi direcionada para outras 300 famílias afetadas na área geográfica da Paróquia Nossa Senhora de Fátima. Numa recente ação, de 21 de novembro, na comunidade Menino Jesus, teve distribuição de arroz e feijão para outras 150 famílias.

Nas Ilhas do Guaíba, os afetados pela enchente foram auxiliados com a distribuição de alimentos, roupas, camas e colchões. Na cidade de Esteio, a elevação do nível do Rio dos Sinos provocou represamento de arroios e teve como consequência grandes alagamentos. O Mensageiro da Caridade distribuiu cestas básicas para 120 famílias e roupas para as famílias atingidas. Em Roca Sales, o caminhão da entidade seguiu carregado ainda em setembro com produtos de limpeza e higiene pessoal, cobertores, colchões, sofás, poltronas e fogões, além de roupas e calçados. 

Novo período de emergência no RS

Segundo Luís Carlos Campos, diretor executivo do Mensageiro da Caridade, estavam todos preparando a próxima etapa de auxílio, após "passado o período de atendimento emergencial", para então ajudar "na reconstrução das residências de algumas famílias que perderam tudo, mas agora veio a segunda enchente e estamos novamente voltando nossas atenções no auxílio emergencial dos desabrigados de ultrapassam 28 mil no RS". O período é novamente de captação de doações, como móveis, alimentos, roupas e calçados:

Em Eldorado do Sul, com as consequências da cheia do Lago Guaíba da última semana, conta ainda Luís Carlos, uma operação especial foi realizada no ginásio municipal de esportes da cidade para acolher pessoas com deficiência atendidas pela rede socioassistencial: o Mensageiro da Caridade encaminhou camas, colchões - como o peridural e cadeira de banho. "A assistente social da entidade, Marta Bangel, destacou que essa operação é relevante, porque as pessoas com deficiência são as que mais sofrem nessas situações emergenciais", concluiu o diretor.

A necessidade de colchões também está sendo atendida pelos desabrigados

A mensagem do arcebispo de Porto Alegre

Já o arcebispo de Porto Alegre, dom Jaime Spengler, em mensagem divulgada em 21 de novembro, afirmou que "as tristezas dos atingidos pelas enchentes sãos as tristezas da Igreja. Assim, venho oferecer minha solidariedade a todas as comunidades afetadas pelas águas do Jacuí e do Guaíba, e falo não somente a católicos, mas a todos os filhos e filhas de Deus que estão sofrendo, que perderam tudo, e aos familiares das pessoas que perderam suas vidas como resultado dessa tragédia climática".

O também presidente da CNBB disse se solidarizar "com o poder público que está empenhando todos os esforços para auxiliar os desalojados e resgatar os que estão em áreas de risco; me solidarizo com os padres dessas comunidades, que, como pastores preocupados com seu rebanho, sofrem junto as dores do povo de Deus. Me uno a vocês na oração, e elevo os olhos ao céu, pedindo ao Pai de bondade que olhe por cada um. Que Maria, Mãe de Deus, padroeira de nossa Arquidiocese, interceda por cada um de seus filhos que foram atingidos por essa que já é a segunda maior enchente da história, perdendo somente para a de 1941".

O caminhão tem levado todo tipo de doação aos atingidos pelas enchentes