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O Reino de Deus: Obediência e a Pureza da Comunhão

Faz-nos lembrar o primeiro gesto de Obediência à Santíssima Vontade e a Pureza da Comunhão e da participação na Vida Divina, onde Maria Santíssima e São José (pai nutrício de Jesus) vão apresentar Jesus Cristo no Templo.

Diác. Adelino Barcellos Filho -  Diocese de Campos/RJ.

“Anunciaremos Teu Reino, Senhor! Teu Reino, Senhor! Teu Reino! Reino de Paz e de Justiça! Reino de Vida e Verdade! Reino de Amor e de Graça! Reino que habita em nós, Teus filhos! Reino que sofre violência! Reino que não é deste mundo! Reino que já começou! Reino que não terá fim! Teu Reino, Senhor! Teu Reino!”

Uma das comunicações do Céu com a Terra sobre o reinado de Nosso Senhor Jesus Cristo se deu nos seguintes termos: “completaram-se os dias dela. E deu à luz seu filho primogênito, e, envolvendo-o em faixas, reclinou-o num presépio; porque não havia lugar para eles na hospedaria. Havia nos arredores uns pastores, um Anjo do Senhor apareceu-lhes e a Glória do Senhor refulgiu ao redor deles, e tiveram grande temor. O Anjo disse-lhes: “Não temais, eis que vos anuncio uma Boa-Nova que será alegria para todo o povo - hoje vos nasceu na Cidade de Davi um Salvador, que é o Cristo Senhor (Lucas 2, 6-11).

Faz-nos lembrar o primeiro gesto de Obediência à Santíssima Vontade e a Pureza da Comunhão e da participação na Vida Divina, onde Maria Santíssima e São José (pai nutrício de Jesus) vão apresentar Jesus Cristo no Templo: “Completados que foram os oito dias para ser circuncidado o menino, foi-lhe posto o nome de Jesus, como lhe tinha chamado o Anjo, antes de ser concebido no seio materno. Concluídos os dias da sua ‘purificação’ segundo a Lei de Moisés, levaram-no a Jerusalém para o apresentarem ao Senhor, conforme o que está escrito na Lei do Senhor: “Todo primogênito do sexo masculino será consagrado ao Senhor” (Êxodo 13,2)”. (Lucas 2, 21-23)

A Constituição Dogmática Lumen Gentium aponta a inegociável Verdade de Jesus Cristo como a Luz dos Povos, das Gentes. “O Eterno Pai, pelo libérrimo (extremamente livre) e insondável desígnio da Sua Sabedoria e Bondade, criou o universo, decidiu elevar os homens à participação da Vida Divina e não os abandonou, uma vez caídos em Adão, antes, em atenção a Cristo Redentor «que é a Imagem de Deus invisível, primogênito de toda a criação» (Colossenses 1,15) sempre lhes concedeu os auxílios para se salvarem. Aos eleitos, o Pai, antes de todos os séculos os «discerniu e predestinou para reproduzirem a Imagem de Seu Filho, a fim de que Ele seja o primogênito de uma multidão de irmãos» (Romanos 8,29).

Estes humanos e divinos pressupostos confirmam a realidade da Fidelidade de Deus (Uno e Trino), por ser fiel à Sua própria Liberdade, concedeu à criatura humana o livre arbítrio e do qual não abre mão, por coisa alguma ou criatura alguma. Para tanto, dentro de uma perspectiva da “lógica da Fé” a criatura humana reflete a Imagem e Semelhança de Cristo, o Pai contempla o Filho,  na criatura humana, elevando a uma dignidade incomensurável, a de Filho de Deus, pelo Santo Batismo, por isso o Espírito Santo que procede do Pai e do Filho, através da Santa Igreja vem reafirmar, com todas as letras: “Todos os homens são chamados a esta união com Cristo, Luz do mundo, do qual vimos, por quem vivemos, e para o qual caminhamos.” (LG. 3).

Desta maneira, a Força da Palavra nos é revelada, pelo “Evangelho que rejuvenesce a Igreja e renova-a continuamente e leva-a à união perfeita com o seu Esposo (LG 3). Porque o Espírito e a Esposa dizem ao Senhor Jesus: Maranata, «Vem» (Apocalipse  22,17)!” Este Mistério revelado, sobre  a Santa Igreja está firmado desde a sua fundação. Infelizmente, as divisões, dissensões, fadigas e separações são frutos podres do pecado das origens, onde a Obediência a Santíssima Vontade e a Pureza da Comunhão e da participação da Vida Divina caem por terra. A obediência proporciona às pessoas o autocontrole e a capacidade do autoconhecimento. Quando nos deixamos guiar por nossos instintos, nós nos tornamos naturalmente indolentes (insensíveis, preguiçosos, desleixados ou negligentes), dados a ceder a qualquer coisa. Porém, o Gênero Humano não foi abandonado à sua própria sorte: “O Senhor Jesus deu início à Sua Igreja pregando a boa nova do advento do Reino de Deus (Ele próprio) prometido desde há séculos nas Escrituras: «cumpriu-se o tempo, o Reino de Deus está próximo» (Marcos 1,15; Mateus 4,17).

A proposta da vivência do Reino, vem confirmar a necessidade da recondução de toda a terra que é a nossa “Casa Comum” e de todo universo, adulterados pelo pecado das origens. A recondução de toda a criação é confirmada através da Santa Igreja de Jesus Cristo onde ele mesmo é a Cabeça deste Corpo Místico: “Ele é a imagem do Deus invisível e n'Ele foram criadas todas as coisas. Ele existe antes de todas as coisas e todas n'Ele subsistem. Ele é a cabeça do corpo que a Igreja é. É o princípio, o primogénito de entre os mortos, de modo que em todas as coisas tenha o primado (Colossenses 1, 15-18)”. “Pela grandeza do Seu poder domina em todas as coisas celestes e terrestres e, devido à Sua supereminente perfeição e ação, enche todo o corpo das riquezas da Sua glória (Efésios 1, 18-23) (7)”. Até que se realize a doxologia definitiva: Por Ele, com Ele e N'Ele.

A imagem da relação esponsal é perfeita para que todos os batizados possam despertar sobre a realização plena da eterna felicidade, iniciada aqui, exige o bom uso da inteligência e da vontade para cultivar o crescimento desta relação, através da Obediência à Santíssima Vontade e a Pureza da Comunhão e da Participação da Vida Divina, uma vez que:  “Cristo ama a Igreja como esposa, fazendo-se modelo do homem que ama sua mulher como o próprio corpo (Efésios 5, 25-28); e a Igreja, por sua vez, é sujeita à sua cabeça (ibidem 23-24). «Porque n'Ele habita corporalmente toda a plenitude da natureza divina» (Colossenses 2,9), enche a Igreja, que é o Seu corpo e plenitude, com os dons divinos (Efésios 1, 22-23), para que ela se dilate e alcance a plenitude de Deus (Efésios  3,19)”.

No dia 14 de abril de 2013, quando completei 54 anos de idade, o Papa Francisco em suas Meditações matutinas na Santa Missa celebrada na Capela da Domus Sanctae Marthae afirmava que “A Obediência é a Escuta que Liberta” (desenvolver esta sensibilidade favorecida pelos Mandamentos e pelas Bem-Aventuranças); inicia esta reflexão a partir dos seguintes questionamentos: “obedecer a Deus? Significa que devemos ser como escravos, todos amarrados? Não, porque exatamente quem obedece a Deus é livre, não é escravo! E como se faz? Obedeço, não faço a minha vontade e sou livre? Parece uma contradição. Mas não é uma contradição». De fato, obedecer vem do latim e significa escutar, ouvir o outro de coração aberto para ir pela senda que Deus nos indica. E isto torna-nos livres». Liberdade esta, que Deus não abre mão, porque Ele é fiel à Sua própria Liberdade.

Na nossa vida — disse o Papa Francisco — ouvimos também certas propostas que não vêm de Jesus, nem de Deus. Fazemos um acordo e assim continuamos com uma dupla vida: um pouco a vida daquilo que ouvimos de Jesus e um pouco a vida do que escutamos do mundo, os poderes do mundo e muito mais». Mas não é um «bom» sistema. De fato «no livro do Apocalipse, o Senhor diz: isto não é bom, porque assim não sois maus nem bons: sois tíbios. Condeno-vos». A tibieza atinge, por incrível que possa parecer, a Pureza da Comunhão e da Participação da Vida Divina. Em nosso tempo, muito mais do que em outros tempos, estamos correndo riscos constantes da contaminação espiritual, seja pelas falsas doutrinas, seitas secretas, ausência do cultivo da Firmeza de Caráter dada a carência da Formação Continuada das Famílias, dos Consagrados, dos leigos de modo geral (aprofundamento nos pilares doutrinários da Santa Igreja de Jesus Cristo). 

Nesta escolha de Obediência à Santíssima Vontade e não ao mundo, sem ceder a acordos, o cristão não está sozinho. «Onde encontramos — perguntou-se o Papa — a ajuda para ir pela estrada do ouvir Jesus? No Espírito Santo. Somos testemunhas destes fatos: foi o Espírito Santo que Deus doou aos que O obedecem». Portanto, disse, «é precisamente o Espírito Santo dentro de nós que nos dá a Força para continuar». Ó Pai, dá-nos o Vosso Santo Espírito, sem medidas, para escutar Jesus, ouvir Jesus e ir pela senda de Jesus». O Papa Francisco concluiu a homilia (em 14/04/2013) com o convite a sermos corajosos nas diversas situações da vida: «Peçamos a Graça da Coragem. «A coragem de dizer: “Senhor, sou pecador, às vezes obedeço às coisas mundanas, mas quero obedecer a Ti, quero caminhar pela Tua vereda”. Apesar da minha condição de pecador, eu não tenho o direito de pecar. Peçamos a Graça, de ir sempre pela estrada da Vida de Jesus Cristo, na Fé de Jesus Cristo. E quando não o fizermos, peçamos perdão, porque Ele é muito bom. Até o dia em que vamos experienciar a Eternidade Feliz.

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29 novembro 2023, 15:27