Venerável Eliswa: apóstola da Igreja indiana em defesa dos direitos das mulheres

Rosa Martins - Vatican News

As virtudes heroicas da Serva de Deus, Eliswa da Beata Virgem Maria, manifestadas durante a vida levou a Santa Sé a declará-la venerável em 8 de novembro de 2023. O reconhecimento das virtudes se deve à sua luta em defesa dos direitos das mulheres em situação de vulnerabilidade em Kerala, sul da Índia. Em vista da sua beatificação está sendo feita uma rigorosa investigação sobre a sua vida, escritos e milagres atribuídos à sua intercessão.

Em um sistema feudal de castas que forçava as mulheres à complacência doméstica e a suportar o machismo, Eliswa se comprometeu com a causa de tantas delas em situação de analfabetismo, desemprego, casamento precoces. Portanto, condenadas à dominação e exploração masculina.

Mulher, mãe e viúva

Nascida em 15 de outubro de 1831, foi a primeira dos oito filhos da ilustre família de Thomman e Thanda de Ochanthuruth, no Vicariato de Verapoly. Recebeu sua educação juntamente com a fé cristã e, desde jovem, cultivou uma devoção especial à Eucaristia e à Santíssima Virgem. Eliswa viveu plenamente a experiência feminina de ser mulher, irmã, mãe e viúva.

Seus pais a casaram com Vatharu Vakayil aos 16 anos de idade e o casal teve uma filha chamada Anna. Vatharu adoeceu e morreu. Desistindo da sugestão de um segundo casamento, Eliswa buscou refúgio na oração silenciosa e no serviço aos necessitados. Ela visitava frequentemente o Santíssimo Sacramento, nutrindo sua alma e desejando se entregar totalmente ao Senhor.

A fundação de uma Ordem a serviço das mulheres

Em Kerala, Eliswa fundou a Ordem Terceira dos Carmelitas Descalças (TODC), que mais tarde se tornou Congregação das Irmãs Carmelitas Teresianas.

Eliswa foi seguida nessa experiência por sua filha Anna e sua irmã mais nova, Thresia. Em 13 de fevereiro de 1866, as três mulheres de rito latino (Eliswa, Thresia e Anna) receberam o escapulário carmelita e fizeram sua profissão religiosa em 6 de julho de 1868. As três religiosas foram recebidas pelas Carmelitas até a construção de um convento em Kerala, que se tornou comunidade das Carmelitas Teresianas. Este foi o primeiro convento da Ordem recém fundada.

Entre elas, havia mulheres da Igreja de rito latino e outras do rito siro-malabar. Mais tarde com a divisão da aquidiocese de Verapoly a Tereceira Ordem das Carmelitas Descalças foi divida segundo os ritos latino e siro-malabar. Assim se tornaram duas congregações de ritos diferenciados, mas com o mesmo carisma.

A vida da nova família religiosa combinava a contemplação com uma vida ativa, com um compromisso com a educação e o treinamento de meninas pobres e órfãs, o cuidado dos abandonados e dos mais necessitados. Em mais de cem anos de serviço, a congregação se espalhou pelo mundo e hoje conta com 1500 religiosas professas, com 209 casas, também presentes na América, África, Alemanha, Itália e Inglaterra.

Madre Eliswa passou os últimos 23 anos de sua vida no Convento de São José, em Varapuzha, convivendo com suas irmãs de rito latino, servindo como prioresa, mestra de noviças, educadora de meninas e órfãs. Ela morreu no mesmo convento em Varapuzha (Índia), em 18 de julho de 1913.