33º Curso para os Bispos: diálogo e pós modernidade
Eduardo Silva – Arquidiocese do Rio de Janeiro
O segundo dia do curso teve início com a Santa Missa, presidida pelo cardeal dom Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus, que em sua homilia refletiu sobre a realidade de Deus que se faz peregrino com os homens no tempo. “Deus, no nosso tempo, não deseja ser preso à finitude humana, mas deseja participar da peregrinação da finitude”, indicou o cardeal. “Jesus, nas suas parábolas, lembra sempre do Reino de Deus. Essa é a casa, um abrigo, uma proteção que não é estática, pois se coloca na dinâmica do peregrinar do Semeador: Deus é um grande semeador, incansável, generoso, abundante. Seu desejo é apenas semear a graça do Reino de Deus.”
A primeira conferência do dia ficou a cargo do cardeal José Tolentino Mendonça, que deu continuidade à temática iniciada em sua primeira conferência na terça-feira, 23. Refletindo sobre A cultura do diálogo como serviço da Igreja sinodal, o cardeal Prefeito do Dicastério para a Cultura e Educação chamou atenção para o fato de que “a convicção reencontrada de que todos os batizados são discípulos e missionários, corresponsáveis na vida e na missão da Igreja, compromete internamente o conjunto da comunidade com o «diálogo fecundo de carismas e ministérios para o serviço do advento do Reino» e externamente a projeta no «diálogo com o mundo».”
Apresentando Jerusalém e Atenas como dois modelos culturais representados nos Atos dos Apóstolos, dom Tolentino ressaltou a figura de São Paulo que, sendo naturalmente mais próximo do modelo de Jerusalém, paradigma de um corpo antropologicamente coeso e homogêneo, percebeu a urgência do diálogo e do encontro ao desembarcar em Atenas, modelo cultural poliédrico, dialogante com componentes heterogêneos.
Seguindo para uma análise da temática do diálogo no magistério do Papa Francisco, o cardeal elencou pontos de documentos como Evangelii Gaudium e Fratelli Tutti para demonstrar que essa é “uma das categorias essenciais do seu magistério”. E concluiu sua fala referindo-se expressamente ao exercício do ministério episcopal: “Se existe um perfil de bispo necessário para o mundo contemporâneo, é aquele capaz do magistério sinodal do diálogo.”
A segunda conferência foi feita por dom Ignazio Sanna, arcebispo emérito de Oristano e presidente da Pontifícia Academia de Teologia. Expondo o tema Uma antropologia cristã no contexto da pós-modernidade, o arcebispo apresentou no início uma definição do conceito de pós-modernidade, entendida como “a dissolução da síntese cultural moderna e o advento do pensamento fraco e a crise da razão.”
Passando por diversos autores que debatem sobre o tema, dom Ignazio indicou aos bispos presentes no auditório as respostas da antropologia cristã. “Penso que uma contribuição para enfrentar e, em certa medida, resolver esses nós antropológicos – destacou o conferencista – é dada pela concepção da antropologia cristã do homem como imagem de Deus. Esta concepção, de fato, constitui em primeiro lugar a base teórica e prática do conceito de dignidade do homem, que fundamenta e solidifica a ‘humanidade’ do homem.”
Após as duas conferências, os bispos participaram de um diálogo com dom Tolentino e dom Sanna, onde puderam fazer perguntas e expor impressões acerca da temática abordada. Na parte da tarde os bispos fizeram um passeio cultural e rezaram a oração de Vésperas na Igreja de São Pedro, localizada no bairro carioca do Rio Comprido.
Fotos: Bruno Carvalho
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