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XVI Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos sobre a sinodalidade, XX Congregação Geral (outubro 2023) XVI Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos sobre a sinodalidade, XX Congregação Geral (outubro 2023)  (Vatican Media)

Sínodo é “solavanco eclesial” que permite processos imparáveis de liberdade

“Tenho muita esperança no Sínodo”, diz o padre Rui Santiago, sublinhando que na História da Igreja “vai haver um antes e um depois deste Sínodo”.

Rui Saraiva – Portugal

O Relatório de Síntese da primeira sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos bispos, está a ser objeto de estudo e de reflexão nas igrejas locais, tendo sido proposta uma pergunta genérica orientadora da reflexão: como ser Igreja sinodal em missão?

Essa síntese sinodal publicada pela Secretaria Geral do Sínodo propõe um texto que “recolhe as convergências, as questões a aprofundar e as propostas que surgiram do diálogo” desenvolvido na primeira sessão em Roma.

Processos imparáveis

Sobre o Sínodo, o padre Rui Santiago diz ter “muita esperança”, pois faz “desencadear processos que são imparáveis”. O missionário redentorista caracteriza o Sínodo como um “solavanco eclesial”.

“Não tenho esperança no Sínodo enquanto produtor de soluções ou de mudanças instantâneas, mas numa espécie de solavanco eclesial que vai desencadear processos que são imparáveis. Tenho muita esperança no Sínodo, afirma o missionário.

Para o sacerdote português, mais importante do que o documento final do Sínodo, é o processo que está desencadeado. Porque na História da Igreja “vai haver um antes e um depois deste Sínodo”.

“Eu estou convencido que quando se contar a História da Igreja se por cá andarmos daqui a 100 anos, vai haver um antes e um depois deste Sínodo. É a diferença entre um Sínodo do qual se espera um belíssimo documento, a um Sínodo, como é o caso deste, em que, seja qual for o documento final, é o que menos interessa. Porque o processo está desencadeado. E se este processo desencadeado der um belíssimo documento, até pode ser mau sinal. Pode ser sinal de que chegamos cedo de mais a um ponto de convergência, cedo de mais a um ponto de unanimidade, a um ponto conclusivo. Pode ser muito bom sinal nós chegarmos ao final deste momento de processo de Sínodo e chegarmos novamente a um documento que nos deixa descontentes. Onde parece que há tanto em conflito, onde parece que há tantas pontas que não dão para juntar, mas isto pode ser muito melhor sinal do que um belíssimo documento que está fechado na sua beleza conclusiva. Porque significa que este processo é de facto imparável”, sublinha o missionário.

A liberdade que o povo de Deus sente

O padre Rui Santiago sublinha o atual momento histórico e “a liberdade que o povo de Deus sente”. O “Sínodo está a ser um desencadear desta liberdade”, afirma.

“O que eu acho que há de histórico neste momento tem a ver com a liberdade que o povo de Deus sente. Liberdade tem a ver com a queda do medo. A verdade é que a hierarquia já não mete medo a ninguém. Já meteu e erradamente. E nem sequer estou a dizer que a hierarquia o queria. Mas tem que ver com padrões sociais e culturais nos quais a autoridade era solene. Hoje não há medo da polícia, ou do professor, ou dos pais. A verdade é que toda a crise de autoridade que nós falamos em questões pedagógicas, políticas e também em questões eclesiais, traz-nos um bem muito grande porque nos liberta da lógica do rebanho e do assentimento acrítico e este Sínodo está a ser um desencadear desta liberdade. Eu vou experimentando numa minoria sinodal que vai, de facto, apanhando o espírito disto, gente que vai dizendo: pode-se? então vamos. Há uma experiência profundamente nova neste Sínodo, é que, a meio do Sínodo, quando aparecem estes documentos preliminares, transitórios, o próprio Papa e o relator do Sínodo dizem ao povo de Deus: não é preciso estarem à espera de grandes conclusões, pois a maior parte do que está aqui, vocês podem experimentá-lo. Este apelo é extraordinário”, disse o sacerdote.

Ousar, sem medo, sem constrangimentos

Para o sacerdote, é também importante serem faladas neste Sínodo as questões sobre a estrutura da Igreja, mas mais importante é fazer a experiência sinodal.

“Se nós ficarmos apenas com questões sobre a estrutura, que também têm que ser faladas, estamos a perder algo de fundamental no Sínodo que é que a grande parte do que é proposto sinodalmente para que a Igreja faça, o próprio Papa e os responsáveis do Sínodo dizem à Igreja: por favor, façam, experimentem, ensaiem, que haja experiências piloto nas comunidades cristãs. Não é para todos, não é em todo o lado, não é possível a toda a gente, é o que é, mas certamente encontraremos lugares de liberdade em que alguns destes veios que o Sínodo vai abrindo podem ser postos em prática. E esta é para mim a grande novidade histórica, é ser legítimo ousar, sem medo, sem constrangimentos e sem termos de estar à espera de um decreto hierárquico para nos dizer o que é que devemos fazer. Pelo contrário, o próprio Papa está-nos a dizer: por favor, ensaiem”, declara o padre Rui Santiago.

O padre Rui Santiago, é Provincial da Congregação do Santíssimo Redentor em Portugal e refletiu aqui na antena da Rádio Vaticano e no portal Vatican News, sobre o momento atual do Sínodo.

Recordemos que a Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) pediu às dioceses de Portugal para promoverem a reflexão nesta fase do Sínodo. Segundo o comunicado do Conselho Permanente da CEP essa “reflexão deve incidir nos capítulos 8-12, 16 e 18 do Relatório de Síntese da XVI Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos”.

Assim, temas como “As mulheres na vida e na missão da Igreja”, “O bispo na comunhão eclesial” e “Organismos de participação” serão objeto de análise em todas as dioceses do país.

A CEP aguarda os contributos das dioceses de Portugal até final de março de 2024, para que na primeira semana de abril a sua Equipa Sinodal possa sintetizar a reflexão de todas as dioceses. Depois de aprovado pela Assembleia Plenária da CEP de 8 a 11 de abril, o texto final será enviado para a Secretaria Geral do Sínodo até 15 de maio de 2024.

Laudetur Iesus Christus

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25 janeiro 2024, 16:40