Cardeal Steiner: Campanha da Fraternidade 2024, “Refletir e aprofundar a necessidade de acolher o diferente”
Padre Modino – Regional Norte 1 da CNBB
Em Manaus, a apresentação da Campanha da Fraternidade 2024 contou com a presença do cardeal Leonardo Steiner, arcebispo da Arquidiocese de Manaus e presidente do Regional Norte1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, que lembrou que a Campanha iniciou na Arquidiocese de Natal em 1962, sendo hoje uma temática refletida em espaços diversos dentro e fora da Igreja, escolas, universidades, inclusive em espaços do Legislativo, com muitos subsídios que ajudam nessa dinâmica de reflexão.
O cardeal lembrou o objetivo da Campanha da Fraternidade 2024: “Despertar para o valor e a beleza da fraternidade humana, promovendo e fortalecendo os vínculos da amizade social, para que, em Jesus Cristo, a paz seja realidade entre todas as pessoas e povos”. Analisando a realidade, ele disse que nós temos hoje em nossas famílias uma divisão por uma ideologia política, uma divisão presente também nas comunidades, o que faz com que “o tema da Campanha da fraternidade possa nos ajudar a refletir e aprofundar a necessidade de acolher o diferente”, insistido na necessidade de permanecer na diferença.
Uma temática que é motivo de alegria e tristeza, segundo o padre Geraldo Bendaham, da Coordenação de Pastoral da Arquidiocese de Manaus. “Uma alegria porque a Igreja tem coragem de tocar um assunto tão importante, da fraternidade”, destacou, vendo como uma tristeza que a Campanha da Fraternidade ajuda a “constatar esse processo de ‘cainização’ ainda é uma realidade muito negativa”, relatando a existência de “sentimentos de ódio que podem levar a desafetos e podem levar também até a morte”, o que dá sentido à Igreja propor essa campanha para que seja vivenciada durante a Quaresma, e assim possa acontecer a conversão, superando sentimentos de autoafirmação.
Reconhecendo a continua existência de conflitos, o padre Bendaham fez um chamado à verdadeira amizade, a incentivar o perdão e vivência da paz, fomentando o ser irmãos e irmãs, algo que também tem que nos levar a nos sentirmos irmãos da Criação, de uma Natureza que sofre e geme pelo fato de termos machucado essa Natureza, a gerar uma capacidade amorosa com essa Natureza, destacou.
Em 2024, “o tema não é um problema social, mas uma solução”, segundo a Ir. Rosana Marchetti, que também faz parte da Coordenação de Pastoral da Arquidiocese. Em um mundo onde existe muita violência, nos meios de comunicação, nas nossas cidades, nas nossas comunidades, com um jeito de se relacionar que não é um jeito de paz, esta Campanha propõe a solução, a amizade social, afirmou a religiosa. Ela destacou igualmente como são desenvolvidas as questões bíblicas na Campanha, com exemplos de pessoas que viveram a amizade na Bíblia e ao longo da história, colocando a amizade como caminho para construir a paz em um mundo onde tem guerra, onde tem violência, o que demanda sermos construtores da paz nesses caminhos da amizade.
Na Quarta-feira de Cinzas será realizado o lançamento, com um momento de oração, no Largo de Sebastião, algo que está motivado pelo fato da praça dever ser um espaço da amizade, da fraternidade, da conversa, segundo o padre Geraldo Bendaham, que denunciou que algumas praças têm se tornado perigosas, muitas vezes pelo abandono do poder público. O momento do lançamento quer ser uma oportunidade para descobrir a necessidade de superar qualquer preconceito, ajudando a concretizar a amizade social.
“A amizade social tem como pano de fundo a fraternidade, esse respeito, essa convivência harmônica na diferença, essa confiança que nós temos nas pessoas, esse espaço onde podemos dialogar, onde podemos dizer o que sentimos, podemos partilhar as nossas aflições, que a amizade, ela acolhe, a amizade, ela reconcilia, a amizade sempre de novo fortalece, encaminha a vida”, enfatizou Dom Leonardo Steiner, que lembrou que o Papa Francisco aborda essa questão na Fratelli tutti. O arcebispo lembrou a importância dos subsídios, incentivando seu uso em diversos âmbitos, nas comunidades, famílias, escolas.
Uma temática que é refletida em diversos momentos durante o ano na Arquidiocese de Manaus, ainda mais diante da tensão, da violência que hoje acontece e que faz com que a pessoa do outro não seja levada em consideração, faltando perceber a dignidade de toda pessoa. Uma Campanha da Fraternidade que é uma tradição esperada em muitas comunidades, que segundo o cardeal “tem nos ajudado nesse exercício de conversão, mas especialmente olharmos a partir de Jesus Crucificado, Ressuscitado a nossa vida e a vida das comunidades”.
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