Sínodo: caminhar juntos na proximidade em encontro e diálogo

Rui Saraiva – Portugal

Vão-se multiplicando os encontros nas dioceses portuguesas nesta fase de debate e reflexão sobre o Relatório de Síntese da primeira sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos. E estes encontros são especialmente importantes pela proximidade e diálogo que geram.

A Rede Sinodal em Portugal desde a sua criação, em janeiro último, iniciou também momentos de encontro e diálogo, a partir do livro “Não temos medo” e das suas reflexões sobre a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) Lisboa 2023 e o caminho sinodal.

Depois de uma iniciativa em janeiro, na diocese de Aveiro, na paróquia da Vera Cruz, foi a vez da diocese de Coimbra, num encontro que decorreu a 23 de fevereiro na Unidade Pastoral de Cantanhede que compreende seis paróquias. Uma oportunidade para caminhar juntos num evento promovido por uma plataforma digital que procura animar o encontro e o diálogo sinodal. Em março será na diocese do Porto.

Encontro e Diálogo em caminho

A jornalista Sónia Neves, colaboradora da Rede Sinodal e coautora do livro “Não temos medo” declara que “estes encontros fazem falta”.

“Estes encontros fazem falta! Estas partilhas, as dúvidas que possam ter, mas também as preocupações que aqui surgiram: o tema da fragilidade, o tema da saúde, o tema do ‘e depois do Crisma com estes jovens?’. Tudo isto foram temas aqui falados com base num livro que diz “Não temos medo” e que os jovens também levaram no bolso para o resto da sua vida e para a próxima etapa que vão ter que vai ser a Confirmação. Nós podemos estar muito presentes em qualquer rede social, estar muito ativos, mas nunca chega ao olhar, à empatia que conseguimos ter num encontro presencial. Foi isso que eu senti também aqui em Cantanhede. Este encontro de estar com o outro, de perceber que afinal as minhas preocupações são iguais àquelas da pessoa que está do outro lado do auditório e que a alegria que eu tive em acolher foi igual à alegria que outra família da Unidade Pastoral teve em acolher aquele jovem. Estes pontos de contacto fazem com que a comunidade caminhe mais em conjunto. E caminhe mais unida”, afirma a jornalista.

Sónia Neves sublinha que foi a equipa da Unidade Pastoral de Cantanhede, na diocese de Coimbra, que propôs a organização deste encontro. E lembra que o Papa Francisco refere a sinodalidade na sua Mensagem para a Quaresma.

“Criam proximidade. Muito destes encontros são os colaboradores da Rede Sinodal que os propõem acontecer. Neste caso foi ao contrário: foi a equipa de Cantanhede que disse à Rede Sinodal que gostava de ter uma Conferência Quaresmal. Isto parece-nos de grande responsabilidade. Falar de jovens, de JMJ, falar de Sínodo, em tempo de Quaresma e depois termos esta ‘cereja no topo do bolo’ que foi o facto do Papa Francisco ter escrito na sua mensagem para a Quaresma um ponto sobre sinodalidade. E quando eu percebi esta mensagem do Papa pensei que faz todo o sentido: a Quaresma e o Sínodo. E aqui foi um serão muito empático, com pessoas de várias idades, desde crianças a jovens, a mais velhos, diáconos e um sacerdote. Esta Unidade Pastoral aqui se juntou para recordar os dias vividos em Lisboa na JMJ, mas também as pessoas que acolherem jovens da JMJ nas suas casas. E as pessoas mostraram que isso as envolveu. Ora o que se quer com o Sínodo é esta envolvência, é este compromisso. O Sínodo empurra-nos para este compromisso”, declara.

Para a colaboradora da Rede Sinodal em Portugal, o processo sinodal ainda é desconhecido para alguns leigos e comunidades. “Há dúvidas que precisam ser esclarecidas”, afirma Sónia Neves.

“Eu julgo que este processo sinodal acaba por ser muito desconhecido ainda entre os leigos e nas comunidades. Ou seja, quando se fala em Sínodo ainda há sempre aqui uma imagem com alguma sombra em volta. As pessoas devem ser esclarecidas sobre que processo é este. Ouvem falar em Sínodo, ouvem falar em caminho conjunto e sinodalidade, mas há muitas dúvidas. É aquilo que me chega por muitas das pessoas com quem me cruzo e que participam da minha mesma comunidade. Há dúvidas que precisam ser esclarecidas. A Rede Sinodal é o local onde podem saber mais. É esta a sua missão, a de esclarecer e divulgar. No site podem ter acesso aos documentos da Assembleia do Sínodo. É também o local onde se percebem os temas que estão em cima da mesa no Sínodo. Os temas que as pessoas falam lá no Vaticano na Assembleia das mesas redondas. As pessoas precisam de saber mais e na Rede Sinodal é isso que se procura fazer: saber o que vai acontecendo nas dioceses, que formações, que encontros. Onde é que as pessoas podem ter um espaço de diálogo e de partilha. O mail geral@redesinodal.pt quer acolher o que está a acontecer no Sínodo em Portugal”, sublinha.

Rede Sinodal em Portugal

O site Rede Sinodal em Portugal dedica-se inteiramente ao Sínodo no endereço www.redesinodal.pt. Este site foi criado na Solenidade da Epifania do Senhor, manifestando a esperança de abrir um espaço de informação sobre o Sínodo em Portugal. Uma rede sinodal que partilhe informação, fazendo caminho na pluralidade e diversidade, propondo o tema deste processo sinodal: comunhão, participação, missão.

O novo espaço digital já atingiu mais de 5000 visualizações. Tem sido visitado sobretudo por utilizadores de Portugal, Estados Unidos da América, Espanha, Itália e Brasil. Este site teve no primeiro mês uma média de 15 novos utilizadores por dia.

Este novo endereço digital, que funda uma rede sinodal, nasce do espírito do livro “Não temos medo – Reflexões sobre a Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023 e o caminho sinodal”.

A multidão de jovens de mãos dadas em Lisboa, sem preocupações com hierarquias e lugares, celebrando a paz e a fraternidade, foi a imagem de Sínodo que inspirou esse livro que evolui agora para uma plataforma digital sinodal.

“Não tenham medo” repetiu o Papa Francisco várias vezes na Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023. O livro “Não temos medo” é a afirmação generosa de 20 personalidades portuguesas, que partilharam em livro as suas reflexões sobre a JMJ e o caminho sinodal. Fizeram-no participando com a Igreja em diálogo com o mundo, numa obra onde são publicadas as opiniões de políticos, jornalistas, sacerdotes, religiosas, profissionais e docentes universitários.

Especial destaque para o prefácio de Paulo Portas que foi vice-primeiro-ministro, ministro da Defesa e também ministro dos Negócios Estrangeiros. O posfácio é do padre Paulo Terroso, membro da Comissão de Comunicação da Secretaria Geral do Sínodo no Vaticano.

A Rede Sinodal em Portugal está ao serviço da Igreja e aberta à participação de todos os que se sintam entusiasmados com o processo sinodal em curso e dinamizam iniciativas nas dioceses, nas paróquias e nos grupos. Os contributos podem ser enviados para geral@redesinodal.pt.

A Rede Sinodal está em contacto com todas as dioceses portuguesas, para informar sobre o pulsar do Sínodo em Portugal.

Laudetur Iesus Christus