Cardeal Pizzaballa: mais uma semana santa em meio à guerra
Lurdinha Nunes- CMC Jerusalém
S.B. CARDEAL PIERBATTISTA PIZZABALLA- Patriarca Latino de Jerusalém
Não é a primeira vez que passamos por uma guerra, por isso não é a guerra em si que torna as coisas mais difíceis, porque tivemos muitas guerras, mas sim o contexto de ódio, de ressentimento, de falta de confiança, de frustração. Mais difícil ainda é a falta de perspectivas. Nas guerras anteriores, tinhamos idéia de quando terminariam. Agora não sabemos. É claro que teremos que recomeçar, mas não sabemos como. Porque tudo isso torna o clima muito mais pesado.
O Patriarca sublinha a gravidade do momento atual na paróquia de Gaza.
É uma situação intolerável e incompreensível.
Não é a primeira vez que usam a fome como instrumento de guerra. Não sei se é um instrumento de guerra, não sou militar, não quero entrar nisso, mas objetivamente é uma situação intolerável. Sempre tivemos tantos problemas, todos os tipos de problemas. Até a situação econômica e financeira sempre foi muito frágil, mas nunca houve fome. É a primeira vez que temos de lidar realmente com a fome: isso é intolerável. Penso que todas as comunidades religiosas, políticas e sociais devem fazer todo o possível para acabar com essa situação.
Além da tragédia humanitária de Gaza, há também um problema muito sério para os cristãos na Palestina e em toda a Terra Santa.
A emergência econômica nos territórios da Autoridade Palestina, particularmente na área de Belém, é muito clara, evidente e aguda. Todas as igrejas, em particular o Patriarcado, a Igreja Católica, a Custódia, enfim, as diversas realidades da Igreja Católica, estão trabalhando arduamente para ajudar nessa emergência, também para criar trabalho, pelo menos temporário, precisamos que a situação seja resolvida.
Nas palavras do Patriarca o convite aos peregrinos a retornar à Terra Santa
Acredito que também seja hora de convidar os Peregrinos a retornarem à Terra Santa. Entendo muito bem que há muito medo. Entendo que as imagens que vêm na mídia sejam assustadoras, mas acho que hoje é possível retornar. É seguro fazer a peregrinação à Terra Santa, talvez não tão completa como no passado, mas seria uma forma de apoio muito bonita e muito concreta à pequena comunidade de Belém.
As iniciativas de oração em todas as comunidades religiosas que ajudam a manter viva a esperança.
A oração é a primeira grande ajuda. Principalmente na Páscoa. Porque, o Natal e a Páscoa, os dois principais momentos do ano litúrgico, não podem ser celebrados sem pronunciar o nome Jerusalém. Por isso, e de modo particular, a Páscoa é um abraço que a Igreja do mundo todo oferece em oração à Igreja de Jerusalém, onde a Páscoa foi celebrada e ainda hoje é celebrada onde os fatos aconteceram. E depois, também, é o momento em que acontece a Coleta da Sexta-Feira Santa, que é uma ferramenta importante para ajudar os cristãos. É um momento para recordar que a oração deve transformar-se também em ação, num gesto, numa atenção concreta, especialmente a esta pequena igreja, a esta pequena comunidade.
A importância de manter o testemunho cristão na Terra Santa na oração e também com ajuda financeira.
Não podemos pensar em Jerusalém sem os cristãos, não podemos pensar na Terra Santa sem a presença cristã. Desde o início, desde o tempo de Jesus, sempre nos reunimos aqui, nos lugares para recordar a vida de Jesus, o seu testemunho, sobre tudo como Igreja. Então teremos aqui um testemunho de Páscoa. Por isso é importante que esta, que é a vocação da Igreja, continue aqui na Terra Santa,mesmo que seja com uma pequena comunidade. Que, mesmo sendo pequena, mantenha viva a memória concreta do que Jesus fez aqui.
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