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CF 2024: A amizade social e a construção de um caminho para a escuta ativa

A CF 2024 pode oferecer uma plataforma valiosa para promover o diálogo sobre questões relacionadas à amizade social e à realidade humana. O tema escolhido para a campanha pode abordar questões como solidariedade, inclusão, respeito às diferenças e construção de relações fraternas entre os seres humanos.

Robson Ribeiro de Oliveira Castro Chaves -  Teólogo e Professor

A Campanha da Fraternidade 2024 (CF 2024), cujo tema é "Fraternidade e Amizade Social", o lema: “Vós sois todos irmãos e irmãs”, (Mt 23,8) e destaca a amizade social como um princípio fundamental para a construção de uma sociedade mais justa e solidária. O texto representa mais um capítulo importante na trajetória da Igreja Católica no Brasil ao abordar questões cruciais para a construção de um mundo novo e uma sociedade inclusiva. Um dos temas é a proposta da prática da escuta ativa, que desempenha um papel crucial na promoção da amizade social e na capacidade de reconhecer os sinais dos tempos, adaptando-se aos desafios em constante evolução da sociedade.

A CF 2024 pode oferecer uma plataforma valiosa para promover o diálogo sobre questões relacionadas à amizade social e à realidade humana. O tema escolhido para a campanha pode abordar questões como solidariedade, inclusão, respeito às diferenças e construção de relações fraternas entre os seres humanos.

No texto da CF 2024 é possível observar a importância da amizade social: “a amizade, como uma virtude política, é necessária para o bem viver na sociedade. Pois ela é fundamental para o florescimento da sociedade e a felicidade do ser humano que se relaciona com o outro”. (CF 2024, n. 13). Assim, a amizade social promove a superação das barreiras da indiferença e do individualismo, buscando ativamente o encontro com o diferente, o acolhimento e a construção de vínculos genuínos.

Neste processo é essencial saber que devemos promover o acolhimento, a escuta e o encontro: “A cultura do encontro nos ajudará a superar as relações líquidas e fugazes, superficiais e impessoais. (...) O anúncio da esperança fará com que esses vínculos tenham sua origem no único que pode livremente dar a vida: Jesus Cristo”. (CF 2024, n. 112).

Na Fratelli tutti, o Papa Francisco já apresentava a necessidade de se falar sobre o acolhimento que passa pela construção de uma realidade humana mais pautada no processo de compaixão e na construção de um mundo melhor: “No mundo atual, esmorecem os sentimentos de pertença à mesma humanidade; e o sonho de construirmos juntos a justiça e a paz parece uma utopia de outros tempos. Vemos como reina uma indiferença acomodada, fria e globalizada, filha duma profunda desilusão que se esconde por detrás desta ilusão enganadora: considerar que podemos ser onipotentes e esquecer que nos encontramos todos no mesmo barco.” (FT, n. 30).

Nesta constante luta por um mundo melhor, Francisco faz ressoar seu desejo por uma sociedade mais justa, mas, também, por um caminho de grande colaboração de todos e todas. Isso será possível por meio de uma verdadeira luta pela promoção humana: “A amizade social é uma convocação a valorizar o direito à vida, o direito ao seu desenvolvimento integral, sobrepondo-se ao individualismo utilitarista, que fecha as pessoas à transcendência de si mesmas, que surge na interação social. A amizade social é, para Francisco, o antídoto contra um ser humano fechado em si mesmo e, consequentemente, contra um mundo fechado aos vulneráveis e “improdutivos”. Para tanto, é absolutamente necessário que o valor recaia na pessoa humana, com a qual se relaciona socialmente, e não no produto dessa relação.” (CF 2024, n. 18).

Desta forma, ao escutar o outro conseguimos identificar as palavras e gestos apropriados que nos desafiam a sair da nossa zona de conforto e nos coloca a agir, a tomar medidas e a responder de forma autentica e comprometida às necessidades dos outros.

A promoção do diálogo e da escuta ativa colabora na busca do crescimento autêntico e desenvolve o melhor de nós mesmos. Para tanto, a escuta ativa, como uma ferramenta não apenas para a compreensão dos outros, mas também para o nosso próprio crescimento espiritual e pessoal, nos ajuda a sermos pessoas melhores, mais fraternas e humanas. Destarte, a escuta ativa envolve empatia, colocando-se no lugar do outro e buscando compreender o seu ponto de vista, suas necessidades, desejos e, principalmente, lutando contra as injustiças de nosso mundo.

A Fraternidade e a amizade social enfatiza a superioridade da unidade sobre o conflito, destacando a necessidade de superar a mentalidade de confronto que muitas vezes permeia nossa sociedade e abrir-se ao diálogo fraterno. Assim, a CF 2024 ecoa como um chamado perene à fraternidade, à amizade social juntamente com a construção de um mundo mais autêntico no processo de escuta ativa e com a grande proposta de Jesus que se colocava atento aos seus e aos que o procuravam.

Robson Ribeiro

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19 março 2024, 13:42