Cristo vive: os jovens têm sede deste anúncio, que é sempre atual
Thulio Fonseca - Vatican News
O diácono Victor Hernández, membro da Comunidade Católica Shalom, há oito anos exerce seu apostolado entre os jovens de Roma e de tantas outras partes do mundo. Em uma entrevista à Rádio Vaticano / Vatican News, no dia em que recordamos os cinco anos da publicação da Exortação Apostólica pós-sinodal do Papa Francisco, Christus Vivit, o missionário fala do processo de escuta da juventude pela Igreja, durante o percurso sinodal sobre “os jovens, a fé e o discernimento vocacional”, concluído em 2018 e que culmina neste documento com um grande anúncio:
“Nós sabemos que os jovens têm uma sede enorme do infinito, uma sede enorme por coisas que não têm fim, por coisas grandiosas. Isso é próprio da juventude. E esta é a grande mensagem da Igreja, na qual o Papa insistiu muito: Cristo vive, Cristo está vivo no meio de nós. E é exatamente isso que todo jovem espera. ‘Cristo vive’ é a notícia infinita, é a notícia que não termina. É a notícia que o coração de cada jovem precisa. Então, acho que não poderia ter outro título, é uma notícia eterna, é exatamente isso que os jovens buscam.”
Durante a entrevista, o diácono Victor destaca a importância da relação com a palavra de Deus, evidenciada pelo Papa Francisco ao citar personagens bíblicos jovens. Além disso, recorda as inquietações dos jovens, incluindo a busca por uma igreja acolhedora e o desejo de protagonismo na evangelização, e enfatiza que a renovação da igreja, como mencionada na exortação, é um processo contínuo que ainda está em andamento:
“Lembro-me que muitas pessoas resumiram as preocupações dos jovens durante o processo sinodal em algumas palavras-chave. Primeiramente, os jovens pediam uma igreja que fosse acolhedora, um verdadeiro lar. Esse desejo foi uma das mensagens mais marcantes. Os jovens ansiavam por um espaço onde pudessem sentir-se bem-vindos, ser eles mesmos e buscar a santidade em sua própria autenticidade, um lugar onde se sentissem verdadeiramente acolhidos. Outro conceito importante foi o protagonismo. Durante todo o percurso, quando se discutia sobre a pastoral juvenil e a responsabilidade em relação aos jovens, muitas vezes liderada por adultos, como padres, por exemplo, o Papa e a Igreja incentivavam os jovens a serem testemunhas e guias para outros jovens. Isso também foi evidente nos documentos preparatórios para o Sínodo e no Christus Vivit. O protagonismo dos jovens na evangelização e na vivência dos sacramentos, juntamente com sua colaboração ativa com a Igreja, foi notável. Esse protagonismo não se baseava em uma causa juvenil ou em uma rebeldia sem sentido, mas sim em uma orientação pelo Espírito Santo, de forma simples e genuína. A Igreja reconheceu a valiosa contribuição dos jovens.”
Ao falar sobre o termo "agora de Deus", utilizado pelo Papa Francisco na exortação apostólica, o diác. Victor sublinha que esse convite não se limita apenas aos jovens, mas abrange a todos, revelando o amor e o zelo de Deus por cada pessoa. Ele compartilha sua experiência de trabalhar com jovens de diferentes partes do mundo, observando que todos compartilham a mesma sede espiritual ao descobrirem que são amados por Deus e desejados por Ele:
“Ser o agora de Deus toca o coração dos jovens, mas eu acredito que também toca o coração de todos, porque todos nós somos o agora de Deus de certo modo. Isso significa que somos amados por Deus, olhados e guardados por Ele. E quando o jovem faz essa experiência, com certeza, ele dá um salto na vida, na humanidade. Uma experiência que eu tenho ao lidar com os jovens é encontrá-los muitas vezes fechados em si mesmos, envolvidos em seus próprios problemas. Não importa, encontramos jovens de todo o mundo aqui em Roma, um lugar de passagem, então em nossos centros encontramos pessoas de todas as partes. E todos eles têm essa mesma sede. Quando o jovem começa essa jornada, abre-se um mundo novo, uma vida verdadeiramente nova."
O diácono, aos 31 anos de idade, que será ordenado sacerdote no fim do ano, reflete também sobre o impacto do convite da Igreja ao comprometimento e à coragem. Além disso, ele ressalta a relevância contínua da exortação apostólica "Christus Vivit" após cinco anos de sua publicação, especialmente no que diz respeito ao protagonismo dos jovens na Igreja e à importância da sinodalidade:
“A igreja é missionária, existe para anunciar Jesus a todos os povos, incluindo os jovens. Quando reconhecemos isso, após termos feito essa experiência, não podemos guardá-la apenas para nós mesmos. É próprio de quem teve uma experiência com Deus transbordar e anunciar. Anunciar o Evangelho não é apenas uma necessidade para os outros, como disse São Paulo, mas para nós mesmos. Quanto mais amamos, mais saímos de nós mesmos. Isso é o que torna a igreja autenticamente missionária.”
Por fim, ao recordar que os últimos capítulos da exortação apostólica "Christus Vivit" são dedicados à vocação. O diácono afirma que esse convite da Igreja é uma provocação para os jovens, que são chamados à amizade com Deus, ao serviço ao próximo, à vida familiar e religiosa, e ao trabalho pelo bem comum:
"É na juventude que fazemos as escolhas mais importantes. Muitas vezes somos impulsionados a fazer essas escolhas cada vez mais precocemente, sem nos sentirmos preparados. E o chamado vocacional é exatamente isso. Deus nos diz que você não está sozinho na sua escolha. Isso dá sentido a uma vocação que não está fechada em si mesma, mas sempre aberta a outra pessoa e aos outros. O Papa diz que a verdadeira pergunta de uma descoberta vocacional não é para que eu fui criado, mas é para quem eu fui criado, para quem a minha vida deve ser destinada."
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