Mulheres católicas...motivos a comemorar?
Bianca Fraccalvieri - Vatican News
Para a teóloga Maria Clara Bingemer, neste 8 de março as mulheres católicas têm motivos a comemorar.
Por ter sido recentemente nomeada pelo Papa Francisco como consultora da Secretaria Geral do Sínodo, o tema da entrevista foi a sinodalidade sob diversos aspectos, sobretudo no que diz respeito ao papel da mulher na Igreja.
Bingemer analisa a intenção do Pontífice em resgatar muitos temas do Concílio que estavam meio "na sombra", reativando-os neste modelo sinodal, que impacta inclusive no seu trabalho como docente.
A teóloga comenta as preocupações - infundadas - que a sinodalidade gera na comunidade eclesial e as polêmicas acerca da nota "Fiducia supplicans" sobre as bênçãos a casais irregulares. Não se trata de doutrina, mas de pastoral, esclarece: "Deus é benção e a bênção não se pode negar ninguém, independentemente da situação em que se encontra. Ao longo da história, a Igreja abençoou tanques de guerra, armas de fogo, automóveis, cães, gatos...por que ela não pode abençoar pessoas?".
Neste contexto da sinodalidade, grande parte da entrevista foi dedicada ao caminho que homens e mulheres devem e podem fazer lado a lado na Igreja e a "revolução" proposta por Francisco ao visibilizá-las em postos de comando.
"Particularmente, a mulher católica, eu acho que ela tem sim o que comemorar, porque ela está mais visível, o rosto dela aparece mais nos lugares de decisão, não na Igreja como um todo, porque a mulher sempre esteve muito presente, ela que carrega a Igreja nas costas. No fundo, é isso, as mulheres é que estão assumindo todos os serviços e tal, mas esses serviços mais de decisão, de comando, eu acho que a gente tem que comemorar isso, que graças ao pontificado do Papa Francisco isso está acontecendo. Está acontecendo de uma maneira assim constante, persistente, bonita, boa e positiva. Eu imagino as mulheres dando à Igreja mais um aspecto de casa mesmo, que é o que ela deve ser, aliás a casa de todos, acolhedora, onde as pessoas se sintam bem, se sintam à vontade, se sintam felizes, acompanhadas, alegres. Eu acho que a presença maior das mulheres em cargos mais de decisão pode ajudar muito nisso. Agora nós estamos na mudança de paradigma, paradigma do cuidado. A mulher desde que nasce está cuidando de pessoas, então dentro da Igreja, esse carisma dela, do cuidado, pode ser uma coisa preciosa para que a Igreja seja mais uma Igreja cuidadora e não competitiva, e não a reprodução de uma sociedade do êxito e predatória do meio ambiente, nisso as mulheres estão entrando de cabeça, nessas duas lutas, e isso é muito bom."
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