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Francisco na prisão juvenil de Casal de Marmo, em Roma, em 2023 Francisco na prisão juvenil de Casal de Marmo, em Roma, em 2023  (Vatican Media)

Pe. Maicon Malacarne: celebrar a Páscoa significa encontrar Deus nos pés dos irmãos

Nesta Quinta-feira Santa, "a celebração da Ceia do Senhor coloca o centro nos pés", recorda o doutorando em Teologia Moral pela Pontifícia Academia Alfonsiana de Roma. O gesto do Lava-pés, o ponto de partida do Tríduo Pascal, é contemplado pelo sacerdote da diocese de Erexim/RS através de diferentes expressões extraídas de um italiano, o Servo de Deus dom Tonino Bello, e um alemão, o artista Sieger Köder.
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Andressa Collet - Vatican News

"O Servo de Deus, dom Tonino Bello, resumia a Quaresma em uma expressão: 'da cabeça aos pés'", comenta o Padre Maicon Malacarne, pároco da paróquia São Cristóvão da diocese de Erexim, no Rio Grande do Sul. Ele faz referência a dom Antonio Bello, um bispo italiano que o Papa Francisco cita frequentemente. Inclusive, em 2018, chegou a visitar o seu túmulo na região italiana da Puglia.

“'Da cabeça aos pés'; da minha cabeça aos pés do outro, aos pés dos meus irmãos e das minhas irmãs. Dom Tonino dizia que a Quaresma é uma espécie de redução daquilo que é o compromisso cristão de toda uma vida. A nossa vida cristã poderia ser resumida em 'da minha cabeça aos pés do outro'.”

De fato, continua Pe. Maicon, que é mestre e doutorando em Teologia Moral pela Pontifícia Academia Alfonsiana de Roma, o início do caminho quaresmal parte "com cinzas sobre a nossa cabeça, o convite ao arrependimento, o convite à conversão" até chegar ao final da Quaresma e em direção ao Lava-pés, "do serviço e do amor ao outro".

O Lava-pés

Na Quinta-feira Santa, a Ceia do Senhor, estabelecida por Jesus em vista da celebração da Páscoa, vem acompanhada pelo ato de lavar os pés dos discípulos. Esse rito religioso pode ser comparado a uma espécie de “mini batismo” para purificação dos pecados. Baseado no Evangelho de São João, esse gesto é observado por diversas denominações cristãs e, como recorda o Pe. Maicon, "configuraria uma das expressões máximas de Jesus: abaixar-se e lavar os pés dos discípulos (Jo 13,1-15)."

“Este é o ponto de partida do Tríduo Pascal e celebrar a Páscoa significa encontrar Deus nos pés dos irmãos!”

Tudo começa dos pés

Extraído da pintura original de Sieger Köder sobre o Lava-pés
Extraído da pintura original de Sieger Köder sobre o Lava-pés

O Padre Maicon Malacarne faz uma reflexão sobre a cerimônia do lava-pés, através de uma imagem do artista alemão, Sieger Köder, para recordar que “tudo começa dos pés":

"Gosto muito de uma pintura de um alemão, chamado Sieger Köder, que apresenta Jesus e Pedro na cena do Lava-pés. Ambos estão inclinados, um para o outro. No entanto, Jesus se inclina mais na direção de Pedro para lavar os seus pés. Essa inclinação de Jesus é tão grande que nós não conseguimos ver o seu rosto. Vemos o reflexo, a luminosidade da sua face refletida na água da bacia em que ele lava os pés.

A pintura nos ajuda a compreender que nós somos aquilo que somos, que a nossa identidade é formada na relação com o outro, no Lava-pés. Sem os pés, sem os pés do outro, sem o serviço e o amor nós não vivemos a nossa identidade. Nós não vivemos aquilo que nós somos.

A Quinta-feira Santa é esse convite a regressar à essência daquilo que Deus quer de cada um e cada uma de nós. A Ceia do Senhor, o mandamento do amor, a instituição da Eucaristia e do sacerdócio, o Lava-pés: a grande identidade de um Deus que ama, que se torna oferta, que se reparte e que convida a uma vida doada. Köder, na pintura, coloca lado a lado o pão partido, o vinho e o lava-pés. Tudo faz parte de uma única cena. Os olhos de Pedro fixos nos pés de Jesus, nos recordam esse compromisso de toda uma vida."

“'Vós deveis também lavar os pés uns dos outros'. A celebração da Quinta-feira Santa recorda esse novo ponto de partida. Tudo começa dos pés. Partindo dali, nós podemos viver melhor aquilo que nós somos e nos comprometer melhor com Jesus, que nós queremos cada vez mais mais seguir, servir e amar.”

Ouça a reflexão de Pe. Maicon Malacarne na íntegra

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28 março 2024, 08:00