CNBB, dom Jaime: “a identidade e a missão da Igreja não é outra que Evangelizar”
Silvonei José – Vatican News - Aparecida
O encontro, com número recorde de bispos reunidos em Aparecida (486 no total), começou com a Santa Missa com Laudes no Altar Central do Santuário presidida pelo presidente da CNBB, Dom Jaime Spengler e concelebrada pelos outros membros da presidência: o arcebispo de Goiânia (GO) e primeiro vice-presidente, Dom João Justino de Medeiros Silva; o arcebispo de Olinda e Recife (PE) e segundo vice-presidente, Dom Paulo Jackson Nóbrega de Sousa; e o bispo auxiliar de Brasília (DF) e secretário-geral da CNBB, dom Ricardo Hoepers.
Na homilia da Santa Missa, Dom Jaime enfatizou que a preocupação maior nesses dias de Assembleia é trabalhar com paixão na causa do Evangelho na Capital Mariana da Fé.
“Deus amou tanto o mundo! Há 40 anos este templo onde veneramos a Senhora da Conceição Aparecida, recebeu o título de Santuário Nacional! Aqui na Casa da Mãe, em casa, peçamos que ela interceda por nós, pelas igrejas particulares. Recomendemos a ela esta Assembleia Geral, a fim de desenvolvermos aquilo que o tempo presente espera e requer de nós como homens do Evangelho, afinal, Deus tanto amou o mundo!”.
O presidente da CNBB clamou pela paz, a partir da cultura do encontro e também citou a importância em evangelizar a juventude.
“Nosso povo é bom, solidário e generoso! Por isso, falar do amor ao coração da nossa gente com imagens capazes de tocar o íntimo de cada pessoa, multiplicando e desenvolvendo melhor o que cada um traz em seu íntimo e ouso dizer que nossa atenção particular merece os nossos jovens! Com suas potencialidades extraordinárias, criatividade, sonhos, fazer-se próximo, educar, acompanhar para a alegria da graça do encontro com o Espírito do Senhor e Seu santo modo de operar”.
Depois, no Centro de Eventos padre Vitor Coelho, com a acolhida da imagem de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, o episcopado brasileiro iniciou seus trabalhos.
“Que nós, bispos, escutemos tudo o que Jesus nos disser!”, ressaltou o arcebispo de Goiânia (GO) e primeiro vice-presidente da CNBB, dom João Justino de Medeiros Silva, ao saudar seus irmãos no episcopado e a imagem da padroeira do Brasil, pedindo a intercessão de Nossa Senhora para os trabalhos da Assembleia.
O encontro reúne os cardeais, arcebispos, bispos diocesanos, auxiliares e coadjutores, bispos eméritos, administradores diocesanos e representantes de organismos e pastorais da Igreja. Atualmente, a Igreja Católica no Brasil possui 279 circunscrições eclesiásticas. O número de bispos no país é de 486, dos quais 318 estão no exercício do governo pastoral de alguma Igreja Particular e outros 168 são bispos eméritos.
Este ano, a programação da 61ª Assembleia Geral da CNBB é dividida em quatro sessões diárias, totalizando 27 ao longo das duas semanas. A primeira sessão, a de abertura, realizou-se no Centro de Eventos Padre Vítor Coelho de Almeida, às 8h30, com a presença do Núncio Apostólico no Brasil, dom Giambatistta Diquattro; os membros da presidência da CNBB: dom Jaime Spengler (presidente), dom João Justino de Medeiros Silva (primeiro vice-presidente), dom Paulo Jackson Nóbrega (segundo vice-presidente) e dom Ricardo Hoepers (secretário-geral), e o reitor do Santuário Nacional, padre Eduardo Catalfo.
A pauta da 61ª Assembleia Geral da CNBB inclui o tema central (A realidade da Igreja no Brasil e a atualização de suas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora), quatro temas prioritários (Sínodo dos Bispos 2021-2024, Jubileu 2025, Relatório da Presidência e Juventude) e assuntos a serem tratados em razão da previsão estatutária da Conferência (Doutrina da Fé, Liturgia, Relatório do anual da presidência, relatório econômico, Textos Litúrgicos – CETEL) e outros temas e informes diversos sobre a vida da Igreja Católica no Brasil.
Abertura
Na Sessão de Abertura da 61ª AG CNBB dom Jaime Spengler destacou a importância de ter clareza sobre a missão da Igreja para dar passos assertivos para o serviço do Evangelho.
“A identidade e a missão da Igreja não é outra que Evangelizar, ser sacramento de salvação no mundo. Contamos com uma tradição belíssima capaz de assegurar que a oportunidade que nos apresenta não pode ser desperdiçada e, ao mesmo tempo, somos convidados a avaliar e talvez renovar com critérios evangélicos as estruturas para que estejam verdadeiramente ao serviço do Evangelho e da evangelização".
Isso certamente requer de todos nós um caminho de discernimento e, ao mesmo tempo, de criatividade pastoral. Fazemos votos que tendo presente a identidade e a missão da Conferência, como peregrinos da esperança possamos em espírito de comunhão e participação, traçar indicações que respondam aos desafios do tempo presente, tendo em vista uma Igreja sempre mais mistagógica, acolhedora, samaritana, ou seja, missionária”.
O Missionário Redentorista e reitor do Santuário Nacional, Pe. Eduardo Catalfo, também participou da sessão de abertura, explicando alguns dados sobre o trabalho do Santuário Nacional e também sobre a missão dos Missionários Redentoristas em Aparecida.
“Como todo centro de peregrinação, o Santuário de Aparecida é um lugar de esperança e de espiritualidade, nossa vocação mais importante é acolher os peregrinos e enviá-los em missão”.
Em seguida, o arcebispo de Aparecida, Dom Orlando Brandes, saudou a todos os presentes, e desejou uma abençoada assembleia a todos.
“Façamos uma experiência de fraternidade. Somos todos irmãos. Façamos uma experiência de sinodalidade, caminhemos juntos com nossas diferenças. Façamos uma experiência de amizade social, vamos viver aqui a Campanha da Fraternidade. Façamos a experiência de peregrinos, é tão importante a Mãe estar nos esperando de braços abertos e com as mãos cheias de graça. Mãe Aparecida, que Ela nos cubra com seu manto maternal. E então uma boa, frutuosa, abençoada assembleia”.
O Núncio apostólico no Brasil, dom Giambattista Diquattro, também compôs a mesa na sessão de abertura e agradeceu o convite e a oportunidade de participar deste grande encontro.
“Agradeço o convite para participar da Assembleia Geral que como todas as outras é uma escola cheia de inspiração e ação do Espírito Santo e Jesus Cristo. Que Nossa Senhora Aparecida, que invocaremos muitas vezes durante esses dias, nos dê a graça de enriquecer com a nossa comunhão”.
Por fim, o cardeal Pietro Parolin, Secretário de Estado do Vaticano, também deixou algumas palavras para o episcopado brasileiro.
“Uma alegria de estar aqui entre vocês e também um temor de falar diante de uma Assembleia tão numerosas como a Assembleia dos Bispos do Brasil. Agradeço com simplicidade, e com simplicidade todos nós ouviremos a Palavra que o Espirito que sopra em todos nós para ouvir a sua voz”.
Ainda na manhã desta quarta o bispo de Dori em Burkina Faso, dom Laurent Dabiré, deu seu testemunho sobre a realidade da Igreja em seu país.
Na parte da tarde deste primeiro dia de Assembleia teve início o retiro dos Bispos, que prossegue durante toda a quinta-feira (11). Como parte do momento de oração, neste dia, os bispos vivenciarão a celebração penitencial, às 10h30.
Os trabalhos
O bispo auxiliar de Brasília (DF) e secretário-geral da CNBB, dom Ricardo Hoepers, apresentou a dinâmica da Assembleia, parabenizou os bispos aniversariantes, acolheu o episcopado de recente nomeação e prestou homenagem aos bispos falecidos desde a última AG, recordando, de modo especial, dom Geraldo Lyrio Rocha, arcebispo emérito de Mariana (MG), que atuou fortemente em prol da comunhão eclesial.
Falando à A12 o secretário-geral da Conferência disse da alegria em reunir o episcopado brasileiro em mais uma oportunidade.
“Bem, é um momento muito especial. Primeiro porque nos encontramos entre nós, os bispos. É uma confraternização, é um sinal de comunhão, é um sinal de unidade. E segundo, porque vamos trabalhar as diretrizes para a evangelização, que se Deus quiser no que vem vamos aprovar".
Os temas dessa Assembleia são muito significativos, desde as questões de inteligência artificial até uma prioridade que é a juventude. Então estamos numa boa expectativa de trabalho, nós bispos estamos em número recorde e assim queremos de fato mostrar que a Conferência do Brasil não é só a maior do mundo, mas tem um coração grande e responsável pelo povo brasileiro”.
Dom Ricardo também falou de um momento especial nesta assembleia, a "Conversa no Espírito", usado no Sínodo em Roma e que agora fará parte do trabalho do episcopado brasileiro.
“A metodologia da conversação espiritual tem a vantagem de que todo mundo participa, ninguém fica de fora. Então, vai ser um momento também em que cada um vai ter a sua palavra dentro do grupo, e isso tudo enriquece depois a preparação para as diretrizes. É uma bênção essa metodologia que o Papa nos propôs”.
Ainda na manhã desta quarta houve a segunda sessão, com a síntese das ações da CNBB, sob a condução da nova presidência no período que compreende a última assembleia e a participação do bispo de Dori em Burquina Faso, Dom Laurent Dabiré, que deu testemunho sobre a realidade da Igreja em seu país.
Obrigado por ter lido este artigo. Se quiser se manter atualizado, assine a nossa newsletter clicando aqui e se inscreva no nosso canal do WhatsApp acessando aqui