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Óscar Prada, nomeado pelo Papa consultor do Dicastério para a Comunicação, conduziu encontro virtual Óscar Prada, nomeado pelo Papa consultor do Dicastério para a Comunicação, conduziu encontro virtual 

Da América Latina à Europa: uma formação on-line sobre o comunicador católico

A formação sobre a mensagem do Papa para o 58º Dia Mundial das Comunicações Sociais foi conduzida em modalidade on-line pelo diretor de comunicação do Celam e também consultor vaticano na área, Óscar Elizalde. Ele pontuou sobre os aspectos da antropologia humana e cristã acerca da ética e da inteligência artificial, salientando os princípios do comunicador católico. O encontro, além dos promotores do evento da diocese de Caxias do Sul-RS, teve a América Latina e a Europa representada.

Vatican News

Os membros da Pastoral da Comunicação (Pascom) da Diocese de Caxias do Sul-RS e de outras dioceces do Brasil, além de representantes de países como Argentina, Colômbia, Portugal e Espanha, participaram de um momento de formação virtual na última quarta-feira (17). Assessorados por Óscar Elizalde, que é diretor de comunicação do Conselho Episcopal Latino-americano e Caribenho (Celam) e também consultor do Dicastério para a Comunicação da Santa Sé, os participantes puderam refletir sobre o tema “Inteligência Artificial e sabedoria do coração: por uma comunicação plenamente humana”, que é a temática proposta pelo Papa Francisco por ocasião do 58º Dia Mundial das Comunicações Sociais, a ser celebrado no domingo da Acensão do Senhor, 12 de maio.

A atividade foi acompanhada pelo bispo diocesano de Caxias do Sul, dom José Gislon, e pelo coordenador de Pastoral, Pe. Leonardo Inácio Pereira. Em sua saudação, dom José agradeceu a mobilização da Pastoral da Comunicação da diocese para oferecer formação e caminhar em comunhão com o Papa, os bispos e a Igreja no Brasil: "agradeço aos participantes e de modo especial ao senhor Óscar Elizalde pela sua amável disponibilidade em fazer esse tempo de formação".

A formação do consultor vaticano

Óscar introduziu o tema abordando a temática do que é então o homem, no contexto da Inteligência Artificial e qual o futuro da humanidade nesse contexto novo e desafiador. Também iniciou instigando o grupo a pensar sobre como podemos permanecer humanos e direcionar para o bem essa mudança cultural que se apresenta irreversível. Da mesma forma, falou sobre como temos que evitar a tentação primordial do homem de se tornar Deus “sem Deus”.

O assessor recordou que, para o Papa Francisco, uma preocupação é que a Inteligência Artificial pode ser instrumentalizada para transformar os homens em semideuses. Para o Pontífice, o homem é filho de Deus, que comunica como filho de Deus e não como amigo ou inimigo da tecnologia. Também para o Santo Padre, os comunicadores devem sair e gastar a sola dos sapatos, sem medo, pois apenas o homem é capaz de comunicar as coisas que tem no coração.

Ainda segundo o Papa Francisco, na visão de Óscar, o comunicador deve estar sempre correndo riscos, sempre na estrada, sempre comprometido com a vida. Nenhuma tecnologia é capaz desse feito. Somente o homem destemido é capaz de anunciar as coisas do coração. A tecnologia não tem essa capacidade. Tem apenas a tecnicidade, não o coração.

No momento seguinte, Óscar falou para o grupo acerca dos olhares éticos a respeito da Inteligência Artificial, de acordo com Javier Dário Restrepo. Assim, pontuou que a ética é um conjunto de deveres, uma obediência à natureza, deve distinguir entre certo e errado, é um dever do homem. Falou que o comunicador deve buscar a excelência pessoal e profissional pensando onde fica a ética da comunicação numa sociedade que transita facilmente entre o espetáculo e o hiperespetáculo midiatizado pela IA; onde o culto a si mesmo se impõe ao bem comum e onde tudo passou a ser aparência e valorizado por isso.

Óscar refletiu também sobre até que ponto a IA influencia na realidade através da midiatização da comunicação. "Se antes nós éramos os consumidores, hoje passamos a ser os consumíveis". Salientou que hoje estamos vivendo duas realidades: a verdade e a crítica e que o comunicador católico tem como responsabilidade profética anunciar a verdade. Nesse contexto, citou novamente algumas falas do Papa Francisco, em que afirma que devemos nos comunicar com nossos valores; ser pessoas comprometidas com os valores humanos; que devemos priorizar uma comunicação que seja humana, com calor humano e não puramente técnica, pois a técnica por si só não ajuda em nada se por trás não tem um coração, se você não usa o coração para servir aos irmãos.

Ao falar sobre essa necessidade de aliar à técnica o coração, o Papa menciona uma freira presente na plateia que estava fazendo a tradução da língua de sinais e disse que ela tinha a técnica, mas que só isso não bastava, pois ela precisava usar seu coração de mãe, de mulher, de irmã para se comunicar com emoção e coração com as pessoas que tinham essa necessidade.

Acerca da beleza das comunicações, Óscar falou que a beleza proporcionada pelos aplicativos pode ajudar a inspirar as pessoas que acessam a comunicação através da arte, do desenho, da música, do mural, da dança, da poesia de conteúdos digitais etc. Citou também dez atitudes de um bom comunicador: amar a verdade; ser um bom ser humano; comunicar com o coração e principalmente escutar com o coração; saber compartilhar valores humanos; ter orgulho da sua vocação e não a delegar às IAs; ter a capacidade de autocrítica; gerar conhecimento; usar as mediações tecnológicas e as compartilhar; saber como transmitir com um objetivo; ter senso do outro; ser independente ou pelo menos tentar, e por fim, manter intacta sua capacidade de se encantar diariamente, de se surpreender positivamente com a vida, pois isso o faz mais humano.

Por fim, Óscar respondeu algumas perguntas dos participantes e frisou que os comunicadores católicos devem entrar em diálogo com pessoas que pensam diferente. É importante fazer um exercício mais profundo de ouvir mais detalhadamente as razões de cada um. Disse que por vezes, ele próprio já percebeu que as dúvidas de muitas pessoas são dúvidas básicas sobre os assuntos da fé católica e que o comunicador eclesial por vezes pode fazer o papel de catequista, pois responde perguntas que ninguém mais faz e muitas vezes os comunicadores se preocupam em comunicar com termos técnicos, de fundo moral e de uma certa tecnicidade exacerbada.

Óscar frisou, ao longo de todo o encontro, que um comunicador deve sempre priorizar falar a verdade diretamente do seu coração para o coração do outro. Assim, estará em comunhão com a Igreja e com o que pede o Papa Francisco.

O site da diocese está disponibilizando o acesso a vários materiais vinculados à formação.

Colaboração: Katiucia Comin | Pascom Região Pastoral de Caxias do Sul

Confira a íntegra da formação com consultor de Comunicação da Santa Sé

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19 abril 2024, 16:08