Malásia. Festa de fim do Ramadã no espírito da Páscoa, para celebrar alvorecer de paz
Vatican News
Em Miri, uma cidade malaia na província de Sarawak (no Bornéu da Malásia), a menos de 100 metros de distância estão a mesquita "Masjid An Naim" e a Igreja anglicana do Bom Pastor. Há um acolhimento mútuo entre as comunidades. Às sextas-feiras, a igreja abre seu portão para permitir que os muçulmanos estacionem seus veículos durante o horário de oração, enquanto aos domingos, a mesquita retribui e faz o mesmo. Os fiéis cristãos da igreja e os fiéis muçulmanos da mesquita se reúnem em ocasiões especiais para os feriados religiosos uns dos outros.
Espírito de diálogo inter-religioso entre as duas comunidades
É o espírito de diálogo inter-religioso e proximidade que caracterizou o tempo do mês sagrado do Ramadã e sua conclusão (entre 8 e 10 de abril), a celebração do Id-al-fitr, em muitos lugares da Malásia, um país multicultural e multirreligioso.
As reuniões conjuntas sancionaram o vínculo especial que se desenvolveu, em particular, entre as comunidades de cristãos e muçulmanos da província de Sarawak. As comunidades religiosas de Miri hoje compartilham espaços, instalações, eventos "e para elas é tão natural que faz parte do seu modo de vida cotidiano", explicou o arcebispo de Kuching, Simon Poh Hoon Seng, observando que o povo de Sarawak "mostra que é realmente uma grande família, não em slogans, mas na experiência da vida cotidiana".
Os fiéis católicos se uniram aos muçulmanos em vários momentos durante o Ramadã e também o fazem na celebração do fim do mês sagrado, na festa de Id al-Fitr. E eles fazem isso no espírito da Páscoa, "cujo significado autêntico é celebrar um novo alvorecer de paz, fraternidade e amor mútuo com um Deus ressuscitado de um túmulo onde a morte foi derrotada", disse o arcebispo.
Mensagem do Dicastério para o Diálogo Inter-religioso
Não se deve esquecer, continuou ele, que "a intolerância racial e religiosa continua a se manifestar de tempos em tempos no país, com atos de hostilidade que criam tensões e divisões na sociedade", mas precisamente por causa disso, observou ele, "há uma necessidade de maior compreensão e respeito pela diversidade que existe em nosso país e de trabalhar pela harmonia".
O arcebispo Simon Poh disse que visitou o Centro islâmico de informação na Sexta-feira Santa e compartilhou a celebração espiritual do jejum "em um espírito de fraternidade, amizade e fortalecimento da compreensão e do respeito mútuos".
O prelado também apresentou a Mensagem do Dicastério para o Diálogo Inter-religioso do Vaticano para o mês do Ramadã e Id al-Fitr, intitulada "Cristãos e muçulmanos: apagar o fogo da guerra e acender a vela da paz", convidando-nos a "olhar juntos para o Todo-Poderoso como o Deus da paz, a fonte da paz, que ama de maneira especial todos aqueles que dedicam suas vidas ao serviço da paz".
Compreensão e cooperação entre as diferentes comunidades
Dom Simon Poh disse que a fé em Cristo é concretamente expressa pelo amor a Deus e pelo serviço ao próximo, contribuindo para o "bem comum" da sociedade ao desejar aos "irmãos e irmãs de outras religiões paz, alegria e esperança, compartilhando o trabalho de tornar nossa nação e nosso mundo um lugar melhor para todos".
Um grande "Iftar Inter-religioso" também foi organizado pelo Conselho Muçulmano de Anciãos em Kuala Lumpur, com a participação de vários líderes cristãos, incluindo o arcebispo de Kuala Lumpur, dom Julian Leow. Vários dignitários muçulmanos enfatizaram a importância do diálogo inter-religioso para a criação da paz e pediram aos fiéis que fizessem um esforço para conhecer pessoas de outras religiões. Os fiéis cristãos presentes apreciaram a oportunidade de se reunir com pessoas de diferentes contextos, enfatizando a importância de promover a compreensão e a cooperação entre as diferentes comunidades de fé.
O Conselho Muçulmano de Anciãos ressaltou a importância vital de manter a paz e a aceitação mútua na sociedade malaia. Em um mundo conturbado por guerras e discórdia, a celebração do fim do Ramadã "representa um lembrete pungente de nossa humanidade comum, ilustrando a profunda capacidade de unidade e compaixão entre todos os indivíduos e povos", declarou o Conselho.
(com Fides)
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