Milagre na Amazônia leva à canonização do Beato José Allamano
Por Julio Caldeira, IMC - REPAM
Na manhã desta quarta-feira, 23 de maio, o Papa Francisco recebeu o cardeal Marcello Semeraro, prefeito do Dicastério para a Causa dos Santos, e autorizou a publicação do decreto que leva a canonização do bem-aventurado José Allamano, fundador dos missionários e missionárias da Consolata.
Na audiência também foram aprovados os decretos de canonização do jovem Carlos Acutis e de um grupo de franciscanos martirizados na Síria, de beatificação de um missionário do Precioso Sangue e dois mártires da Polônia e Hungria. No mesmo ato foram reconhecidas as virtudes heróicas de três servos de Deus da Itália e Espanha.
Milagre
Os missionários da Consolata chegaram à Amazônia em 1948, justamente em Roraima, na região norte do Brasil que faz fronteiras com Venezuela e Guiana. Desde o princípio estiveram dedicados ao acompanhamento das comunidades desse território e fazendo paulatinamento uma opção preferencial pelos povos indígenas das atuais Terras Indígenas Raposa-Serra do Sol e Yanomami. Foi justamente na Terra Indígena Yanomami, a partir da missão na região Catrimani, onde os missionários e missionárias da Consolata tem uma presença efetiva e significativa desde 1965, onde vive o indígena Sorino Yanomami, que foi curado milagrosamente.
No dia 7 de fevereiro de 1996, no primeiro dia da novena ao Bem-Aventurado José Allamano, o indígena Sorino, com 40 anos de idade, foi atacado por uma onça no interior da floresta, colocando em risco sua vista, pois teve parte do cérebro exposto e sendo declarado com poucas chances de sobreviver. Realizando o atendimento inicial à sua saúde na missão Catrimani, tendo que esperar oito horas até que foi transladado em avião ao hospital de Boa Vista, onde foi operado e ingressou a cuidados intensivos. Neste caminho, invocando ao bem-aventurado José Allamano e realizando a novena colocam uma relíquia dele junto à cama de Sorino e ao lado da sua esposa, um grupo de missionárias e missionários o acompanhou nesse caminho. Assim que, contrariando a muitos diagnósticos médicos, Sorino despertou dez dias depois da operação sem problemas neurológicos. No dia 4 de março saiu do hospital e no dia 8 de maio regressou completamente curando ao Catrimani, retomando sua vida normalmente na Terra Indígena Yanomami.
A pedido dos missionários e das missionárias da Consolata, o bispo de Roraima, Dom Mário Antônio da Silva, no dia 29 de julho de 2020 nomeou os membros do Tribunal Diocesano para a Causa dos Santos local que estiveram reunidos em Boa Vista de 7 a 15 de março de 2021 estudando a veracidade da cura milagrosa de Sorino Yanomami atribuida a intercessão do Bem-Aventurado José Allamano, e enviando posteriormente as conclusões e relatórios ao Dicastério da Causa dos Santos, no Vaticano.
Segundo o padre Luiz Carlos Emer, superior regional dos missionários no Brasil naquele tempo, "a graça recebida pelo indígena Sorino Yanomami, membro de um povo originário de nossa terra brasileira, é muito simbólica e carregada de esperanças para os missionários e para as missionárias da Consolata, que sempre levaram o povo Yanomami no coração e no centro de suas prioridades pastorais e teriam, graças a este milagre concedido a um de seus filhos prediletos, a consolação de ver finalmente seu fundador elevado aos altares. Por isso, convidamos todos a unirem-se em oração à Família Consolata para pedir que esta graça possa ser confirmada e reconhecida pela Igreja".
José Allamano
O padre José Allamano nasceu no dia 21 de janeiro de 1851, em Castelnuovo d’Asti (hoje Castelnuovo Don Bosco), norte da Itália. Educado solidamente nas virtudes humanas e cristãs pela mãe, irmã de São José Cafasso, e pelo próprio Dom Bosco, de quem foi aluno por quatro anos, respondeu à vocação sacerdotal com firmeza e decisão.
Ordenado presbítero em 20 de setembro de 1873, foi por sete anos formador e diretor espiritual no seminário maior da diocese de Turim. Em 1880 foi nomeado Reitor do Santuário da Consolata, ofício que desempenhou por 46 anos até a morte. Ali desenvolveu o ministério sacerdotal em todas as dimensões: restaurou completamente e ampliou o santuário, transformando-o num centro vital de devoção mariana e de iniciativas apostólicas. Reabriu e dirigiu o Instituto de Pastoral (Convitto Ecclesiastico) para os jovens sacerdotes. Empenhou-se carinhosamente na formação espiritual, intelectual e pastoral deles. Empreendeu a Causa de Canonização do seu tio José Cafasso. Restituiu grande vigor à casa de retiros espirituais da diocese no santuário de Santo Inácio, em Lanzo. Foi procurado para direção espiritual, confissão e conselho por inumeráveis pessoas de toda categoria social. Promoveu associações católicas para a formação cristã, deu grande apoio ao trabalho dos leigos empenhados no campo social, editorial e educativo.
Para enriquecer a Igreja com a nota essencial da missionariedade, em 1901 fundou o Instituto dos Missionários e em 1910 o das Missionárias da Consolata, para a missão na África. A eles, embora continuasse seus numerosos empenhos diocesanos, dedicou os principais cuidados, formando-os àquele espírito que ele sabia ter recebido de Deus.
Morreu santamente no dia 16 de fevereiro de 1926, em Turim, junto ao Santuário da Consolata. Foi beatificado pelo Papa João Paulo II, a 7 de outubro de 1990. A festa litúrgica do Bem-Aventurado José Allamano celebra-se no dia 16 de fevereiro. Com o atual milagre atribuído a sua intercessão neste dia 23 de maio, o papa Francisco informa que em breve convocará o Consistório para a cerimônia de canonização.
* Com informações de Consolata América e VaticanNews
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