O amor inesgotável do Coração de Jesus
Dom Neri José Tondello*
Antes que nascesse a Diocese de Juína, o coração amado de Jesus já amava e cuidava das pessoas que moram nesta região noroeste do Estado de Mato Grosso. Foi feliz a escolha como padroeiro da primeira paróquia, que se tornou também, padroeiro da Diocese de Juína, desde 23 de dezembro de 1997, data do seu nascimento.
A realidade desta espiritualidade nasceu do alto da cruz, quando Jesus foi trespassado pela lança e correu logo sangue e água. Dessa água vertente do Coração de Jesus, nascem os sacramentos da Igreja, caminho gradativo de salvação. Do sangue, testemunho de vida doada e vida dada, consequência da obediência ao Pai, Jesus trabalhou a vida toda tendo como centro o reinado de Deus. A sua santa obediência ao amor do Pai para com os pobres e mais sofridos da terra, custou a trama da morte planejada com todo requinte da artimanha do mal arquitetado pelas autoridades religiosas, políticas e econômicas da época.
O amor incansável de Jesus o leva a cuidar da melhor forma do mundo e da pessoa humana. A vida em abundância, a partilha e a solidariedade, a bênção às crianças, a cura aos doentes, o alimento que mata a fome e a sua pedagogia fez com que Ele, Jesus, se tornasse para a humanidade um divisor de águas: antes e depois de Jesus, o mundo reconhece sua imensurável diferença. Após Jesus, o mundo tem mais clareza da sua responsabilidade e seu compromisso consigo mesmo e com as pessoas. Quanta bondade, quanto cuidado! Quanta generosidade! Quanta doação! Quanto amor. No momento das últimas horas da vida, no alto da cruz, Jesus ainda, pede ao Pai que perdoe porque não sabem o que fazem.
Foi nesta hora exata que Jesus nos deu o Espírito e os sacramentos. Cheio de amor, o seu Coração abençoa o mundo inteiro com a água, e, com o sangue, plenifica a nova e eterna Aliança do sangue derramado por muitos.
Queridos amigos e amigas, na festa do Sagrado Coração de Jesus, a Diocese de Juína, celebra a certeza de que todos os povos desta porção do Povo de Deus estão no coração de Jesus. Os povos originários, isto é, os povos indígenas, são os primeiros, que a seu modo já viviam o amor do Coração de Jesus da maneira bem natural em comunhão espiritual com a Casa Comum, a natureza de Deus. Os povos ribeirinhos, mais tarde, também cultuavam o amor do Coração de Jesus, mesmo que sem o saber, do seu modo simples, quase natural. Em seguida, nestas terras vieram outros povos em busca de alguma coisa de melhor. Também eles, cultuavam desde as terras de onde vieram, a espiritualidade do Coração de Jesus, como o coração Bom. O coração que sabe amar, sabe perdoar. Sabe ser misericordioso e cheio de caridade.
Desta forma, todos nos sentimos acolhidos e guardados bem no Coração de Jesus, porque sabemos que no Seu Coração, todos têm lugar: os pobres e os ricos, os simples e os letrados, os presos e os livres, os assentados e produtores rurais, agricultores da agricultura familiar, criadores e todos que habitam nestas terras. A biodiversidade natural e cultural. As águas e as matas, as florestas e as lavouras, o café e o leite, a carne e o arroz. O milho e o feijão, o peixe e a arara. Enfim, no Coração de Jesus tem um lugarzinho para cada um e para todos.
De nossa parte, cabe-nos compreender como filhos e filhas queridos do Coração de Jesus, de que somos especiais no seu lado aberto. Neste sentido, somos chamados a amar como Ele nos amou. A perdoar como Ele nos perdoou.
Muito obrigado querido Coração de Jesus, e por isso, rezamos: "Sagrado Coração de Jesus, eu confio e espero em vós". E também rezamos: "Jesus, manso e humilde de coração, fazei o nosso coração semelhante ao vosso".
* Bispo Diocesano de Juína - MT
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