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"A educação do cidadão católico para a paz" é uma das palestras de um Simpósio no Auditório da Catedral de Seul "A educação do cidadão católico para a paz" é uma das palestras de um Simpósio no Auditório da Catedral de Seul  (AFP or licensors)

Igreja na Coreia promove o Dia de oração pela reconciliação e a unidade nacional

Em 2024, 74º aniversário da eclosão da Guerra da Coreia, que consolidou a divisão da Península Coreana, as relações intercoreanas parecem estar no seu ponto mais baixo, mas o povo coreano não esquece que é “um só povo”, relembrando as temporadas passadas ao longo de 70 anos, quando falamos de diálogo, cooperação e convivência.

25 de junho é o Dia de Oração pela Reconciliação e Unidade Nacional que a Igreja coreana celebra desde 1965. É um momento especial em que toda a comunidade católica coreana se volta de maneira especial ao Todo-Poderoso, invocando a paz autêntica entre a Coreia do Norte e Coreia do Sul, rezando pela reconciliação e pela unidade nacional.

O dia adquire maior importância e atualidade, visto as relações entre a Coreia do Norte e a Coreia do Sul estarem cada vez mais distantes da paz e da reconciliação. Todos os canais de diálogo estão fechados e o acordo militar de 19 de setembro de 2018, concebido para evitar confrontos acidentais, foi parcialmente suspenso pelo governo de Seul. Esse pacto visava reduzir as tensões ao longo da fronteira inter-coreana, por meio da remoção de minas terrestres, postos de guarda, armas e pessoal em ambos os lados da fronteira e também por meio da criação de zonas tampão militares conjuntas.

A Coreia do Norte, observa o governo de Seul, continua a realizar testes de mísseis e exercícios militares e declarou que concebe as relações intercoreanas como aquelas entre "dois países hostis e beligerantes", lembrando que a Guerra da Coreia (1950-1953) terminou com um armistício, não um tratado de paz.

Os últimos "incidentes" na fronteira ganharam destaque na mídia internacional: a Coreia do Sul afirmou que soldados norte-coreanos cruzaram - embora acidentalmente - a fronteira enquanto construíam fortificações na "zona desmilitarizada", a faixa de terra fortificada que separa o Norte do Sul, o segundo acidente de travessia no espaço de duas semanas. O exército sul-coreano disparou tiros de advertência e deu o alarme com o uso de um alto-falante. A Coreia do Norte, afirma-se, enviou um grande número de tropas para a “zona desmilitarizada” para construir novas fortificações ou enterrar minas terrestres.

As tensões entre a Coreia do Norte e a Coreia do Sul também tomaram um rumo incomum, como uma espécie de “guerra psicológica”. Fotografias divulgadas pela mídia mostram balões de ar quente inflados, lançados por Pyongyang, que carregam uma mistura de lixo e esterco. As autoridades sul-coreanas emitiram avisos aos residentes nas zonas fronteiriças, instando-os a evitar o contacto com estes objetos. Tais lançamentos não são apenas uma violação do decoro, mas também representam uma clara violação das regulamentações internacionais, sublinharam as autoridades sul-coreanas, denunciando tais atos como “desumanos e vulgares”.

A Coreia do Norte informou que tais ações são uma resposta direta aos panfletos anti-norte-coreanos lançados através da fronteira pela Coreia do Sul. Planfletos e discursos com o uso de altofalantes transmitem mensagens criticando o regime norte-coreano e encorajando a dissidência entre os cidadãos norte-coreanos. Nesta situação, o governo sul-coreano está enfatizando o seu poder militar, ao estilo da “Guerra Fria”, em frentes opostas (de um lado Coreia do Norte, China e Rússia, do outro Coreia do Sul, Estados Unidos e Japão).

“O que podemos fazer agora que as relações intercoreanas estão à beira do colapso?”, pergunta dom Simon Kim Jong-gang, presidente do Comitê de Reconciliação Nacional da Conferência Episcopal Coreana, com uma atitude de amargura e dor. “O que podemos fazer é a nossa conversão”, responde. A ideia é “refletir se realmente tratamos nossos irmãos na Coreia do Norte como 'compatriotas' nestes anos de divisão. Devemos começar a nossa nova jornada com um coração humilde e um espírito de conversão sincera. Isto porque a verdadeira unidade pode ser alcançada quando nos esforçamos para mudar a nós mesmos, com um coração acolhedor e compreensivo para com os outros”.

Neste espírito, os fiéis da Coreia do Sul iniciaram uma novena especial em preparação ao Dia de Oração pela Reconciliação e Unidade Nacional, que inclui também a celebração de dois simpósios. A novena de oração, que começou no dia 17 de junho, prossegue até ao dia 25 em todas as paróquias do país, e cada comunidade recita fielmente a mesma “Oração pela reconciliação e unidade nacional”, divulgada pela Conferência Episcopal, antes e depois de cada Missa.

Um simpósio será realizado na quinta-feira, 20 de junho, no Auditório do Complexo da Catedral de Seul, sobre o tema “Igreja Católica e Educação para a Paz”. A professora Julia Kim Nam-hee, da Universidade Católica da Coreia, falará sobre o tema “A educação do cidadão católico e a paz”, enquanto a pesquisadora Beatrice Seo-jeong Son falará sobre o tema “Os jovens e a educação para a paz”. Uma nova conferência intitulada “O caminho dos crentes pela paz na península coreana”, organizada pela Arquidiocese de Seul, será realizada no dia 25 de junho e pretende ser uma expressão da vontade dos católicos leigos de tomar a iniciativa de melhorar a inter- relações coreanas.

Dom Simon Kim Joo-young afirmou estar preocupado, "porque vemos quase desaparecer a esperança de que os conflitos possam ser resolvidos por meio do diálogo e da cooperação, pois parece que é enfatizada apenas a segurança por meio do uso da força militar". Em uma situação muito difícil, “é preciso pedir a ajuda de Deus e é preciso que os leigos tomem a iniciativa” para a perspectiva de reabrir um canal de diálogo, de paz."

Ahn Jae-hong, presidente da Associação do Apostolado Leigo Católico da Coreia, afirma a este respeito, que como católico, "não posso aceitar a insistência apenas na 'paz por meio da força' enquanto testemunho todos os horrores da guerra Ucrânia-Rússia e da guerra Guerra Israel-Hamas. Faremos com que a nossa voz seja ouvida para pedir e trabalhar pela melhoria das relações”.

Em 2024, 74º aniversário da eclosão da Guerra da Coreia, que consolidou a divisão da Península Coreana, as relações intercoreanas parecem estar no seu ponto mais baixo, mas o povo coreano não esquece que é “um só povo”, relembrando as temporadas passadas ao longo de 70 anos, quando falamos de diálogo, cooperação e convivência.

*Agência Fides

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19 junho 2024, 14:03