Dom Nuno Martins: “Papa Francisco quer que sejamos firmes na defesa da vida”
Bernardo Suate – Cidade do Vaticano
Para o Bispo de Funchal, o encontro com Papa Francisco foi muito agradável, quase fraternal, e nele foi possível abordar vários assuntos que estão no centro da dinâmica da União Europeia, visto que a COMECE, disse, segue essencialmente os dinamismos da União Europeia, tais como o Parlamento Europeu, a Comissão Europeia e o Conselho Europeu.
Em particular, durante a audiência com o Pontífice, tiveram lugar de relevo as recentes eleições para o Parlamento Europeu, que são muito importantes neste momento pois de certa forma vão reconfigurar a Europa dos próximos cinco anos, observou Dom Nuno Brás, para quem a Europa que transparece pode, sim, aparecer como fraca, mas é uma Europa que continua a ser importante, tanto para os próprios europeus, mas também para o mundo.
Também se falou da guerra na Europa, prosseguiu Dom Brás, e em particular da guerra na Ucrânia em que foi sublinhada a dificuldade de vias de diálogo, embora haja alguma esperança no campo humanitário como, pro exemplo, a troca de prisioneiros. Mas de facto a visão é um pouco pessimista no sentido da dificuldade de encontrar pontos firmes por onde possa entrar a paz.
O mesmo se diga para a guerra na Terra Santa, disse ainda o prelado, sublinhando a proximidade do Santo Padre para com os poucos católicos de Gaza. “Apesar de também aqui existirem dificuldades de encontrar saídas de paz, o Papa animou-nos sempre a fazer pressão e a tentar criar dinamismos na União Europeia e nas Instituições Europeias, e a tentar encontrar dinamismos de paz”, enfatizou o Vice-Presidente da COMECE.
Os Bispos europeus abordaram igualmente o tema da vida com o Papa Francisco, explica Dom Brás: “o Papa animou-nos a ser bastante firmes na defesa do início da vida, e mesmo pela necessidade que a Europa tem de mais habitantes e que a vida surja nos diferentes Países europeus”. Igualmente se devem condenar a eutanásia e aquilo a que o Papa se referiu como “seleção artificial”, com a qual seres humanos são mortos no ventre da mãe simplesmente porque apresentam uma característica menos normal, reiterou Dom Brás.
Quanto ao balanço que a Igreja em Portugal faz das recentes eleições europeias, Dom Nuno Brás reconheceu os Bispos fizeram apelo à votação, mas que houve um elevado índice de abstenção, sinal de que muitos cidadãos europeus não sentem as instituições europeias como uma realidade que toca de muito perto a sua vida. “Muitas vezes os temas nacionais, as inseguranças, os medos e a percepção de que a Europa está em Bruxelas e todas as instituições estão em Bruxelas, mas têm muito pouco a ver com a minha vida concreta (o que não é verdade), muitas vezes isso causa a abstenção - talvez enquanto não existir uma dinâmica europeia também em termos partidários, se calhar será sempre esta a situação” - observou Dom Brás.
Contudo, Dom Nuno Martins disse de ser optimista quanto ao projecto da Europa, e que “é preciso ser pacientes e tomar consciência desta Europa que somos, e deixarmos um pouco atrás os egoísmos nacionais”, sublinhou.
Se ainda podemos sonhar em uma significativa presença da Igreja no mundo juvenil e, vice-versa, dos jovens na Igreja, no projecto Europa que se está a construir, foi o último ponto enfrentado por Dom Nuno Brás na entrevista com o Vatican News. E, para Dom Brás, os jovens não são simplesmente o futuro, são já o presente da Igreja e do mundo, e trazem à Igreja aquilo que são os seus pensamentos, as suas preocupações.
Neste sentido, as Jornadas mostraram que, apesar de tudo, Jesus Cristo, o Evangelho e a Igreja, são importantes para tantos jovens; apesar daquilo que se diz, apesar da imagem que se quer passar, os jovens colocam-se a questão de Deus, colocam-se a questão do próximo, é a convicção de Dom Nuno Brás. Pois, “as Jornadas, deram muita força também aos jovens mostrando-lhes que não estão sozinhos, porque, na fé, não estamos sozinhos, temos por trás toda esta Igreja que é, também ela, jovem, e sobretudo temos por trás Jesus Cristo, e, portanto, não há que ter medo, mas andar para frente”, concluiu o prelado.
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