Presidente dos bispos dos EUA sobre atentado a Trump: superar as diferenças
Deborah Castellano Lubov – Vatican News
“Uma coisa que todos podemos fazer é promover a dignidade humana. E ter sempre em mente o fato de que mesmo que alguém não concorde comigo, ele ou ela ainda é criado à imagem e semelhança de Deus...". Em entrevista à Rádio Vaticano – Vatican News, dom Timothy Broglio, presidente da Conferência dos Bispos Católicos dos Estados Unidos (USCCB), reflete sobre o atentado do último sábado (13/07) ao ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, durante um comício eleitoral em Butler, na Pensilvânia. Um fato “horrível”, diz, que ocorreu “no que deveria ser uma sociedade democrática”. Ao mesmo tempo, Broglio oferece palavras de fé e de consolação, especialmente tendo em vista o próximo Congresso Eucarístico nos Estados Unidos como uma oportunidade para promover a paz e a reconciliação.
Qual foi a sua reação a essa tragédia que atingiu os Estados Unidos durante o comício na Pensilvânia?
Certamente a minha reação inicial é de horror pelo fato da violência poder ocorrer em uma sociedade que se diz democrática, por sermos incapazes de falar uns com os outros. Alguém conseguiu atentar contra a vida do ex-presidente Trump. Isso é certamente muito trágico.
O que pode ser feito para prevenir ou combater esse tipo de situação? Ninguém jamais teria pensado que isso poderia acontecer, mesmo do ponto de vista da segurança e, em vez disso, aconteceu...
Acho que um técnico precisa analisar o que poderia ser feito do ponto de vista da segurança. Mas acredito que uma coisa que todos podemos fazer é lembrar e promover a dignidade da pessoa humana. E ter sempre em mente o fato de que mesmo que alguém não concorde comigo, ele ou ela ainda é criado à imagem e semelhança de Deus. É uma dignidade que devo reconhecer e respeitar. Se a nossa sociedade - e me limitarei à sociedade dos EUA - estivesse mais consciente disto, então poderíamos discutir como seres humanos racionais os problemas e desacordos que temos, e talvez chegar a soluções. Mas é trágico que o discurso político neste país tenha chegado a um ponto em que as pessoas gritam umas com as outras e não há espaço para ouvir umas às outras. É algo que o Papa Francisco nos exortou constantemente a reconhecer, a dignidade humana básica e a respeitar de todas as maneiras possíveis.
Na sua qualidade de presidente da Conferência dos Bispos Católicos dos Estados Unidos, o que os bispos podem fazer para cultivar esse tipo de diálogo pacífico ou de coexistência entre os americanos?
Penso que todos nós, nas nossas dioceses, podemos certamente promover a importância do diálogo e do respeito pelos outros. O nosso compromisso com a vida humana baseia-se também nessa noção de que a pessoa humana é digna do nosso respeito desde o momento da concepção até à morte. Devemos ser constantes nisso. O Congresso Eucarístico começa na quarta-feira, 17 de julho, creio que poderá ser uma grande oportunidade para promovermos o diálogo e a reconciliação. E também lembrar que em Jesus Cristo encontramos a nossa salvação... Na pessoa de Cristo encontramos um código de conduta e penso que quanto mais trabalharmos para promovê-lo, melhor será para a nossa sociedade. Não podemos fazer tudo sozinhos, mas podemos certamente lançar as bases e instar aqueles por quem somos responsáveis a promover a dignidade e o diálogo.
Devido a esse ataque contra o ex-presidente Trump, um homem inocente morreu…
A minha proximidade, as minhas condolências e a promessa de uma oração pelo repouso da sua alma vão certamente para a família do senhor assassinado. E também para aqueles que foram feridos, incluindo o ex-Presidente Trump, envio uma mensagem de consolação e garanto as minhas orações e as de todos os fiéis nos Estados Unidos. Esse trágico acontecimento é um convite para todos nós avançarmos nos caminhos da paz e da reconciliação e avaliarmos honestamente as diferenças políticas que existem e as formas como podemos trabalhar em conjunto para encontrar soluções.
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