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Ucrânia: UNICEF condena ataque e recorda que hospitais gozam de proteção especial

Após a nova onda de ataques russos contra a Ucrânia, o arcebispo-mor de Kiev dirigiu um apelo às pessoas do mundo inteiro, pedindo que condem o ataque contra o hospital e façam tudo o que estiver ao seu alcance para "parar e punir a mão do assassino implacável". A diretora geral do UNICEF recordou que os hospitais "deveriam ser refúgios seguros", com proteção especial segundo o direito internacional.

Jackson Erpen - Cidade do Vaticano

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Pelo menos 559 crianças foram mortas na Ucrânia e outras 1.449 ficaram feridas desde o início da invasão em larga escala pelas forças russas, em fevereiro de 2022, informou a Procuradoria-Geral da República do país, como relatado por Ukrinform. Este número inclui as quatro crianças que morreram no ataque com mísseis contra o hospital pediátrico em Kiev na segunda-feira, 8 de julho.

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O ataque contra a estrutura hospitalar ocorreu em plena luz do dia, por volta das 10 horas da manhã, em uma nova onda de ataques com mísseis que atingiu outras cidades ucranianas e que matou ao menos 41 civis e deixou outros 190 feridos. Mais de 100 prédios foram danificados nos ataques, incluindo o hospital infantil e uma maternidade em Kiev, creches e um centro comercial e residências, segundo o governo, que proclamou um dia de luto nesta terça-feira.

O Ministério da Defesa da Rússia, por sua vez, afirmou que as suas forças lançaram ataques contra alvos da indústria de defesa e bases de aviação. Desde o início da guerra Moscou tem negado ataques contra alvos e infra-estruturas civis, o que pode facilmente ser desmentido pelas imagens de cidades e vilarejos inteiros transformados em cinzas, pela destruição de centenas de escolas, hospitais, igrejas, prédios e residências, sem falar nas milhares de mortes entre os civis.

 

Schevchuk: "crime contra a humanidade"

 

"Imagens brutais de uma grande tragédia abalam a Ucrânia e o mundo", afirmou na segunda-feira o arcebispo greco-católico Sviatoslav Shevchuk. "Hoje, 8 de julho, os russos atacaram a cidade de Kiev com os seus mísseis. Atacaram deliberadamente um hospital infantil. A remoção dos escombros ainda está em curso, mas já sabemos de dezenas de mortos e quase uma centena de feridos. Entre as vítimas estão crianças, médicos e pais. É de partir o coração ver que aquelas crianças, que vieram salvar as suas vidas, mesmo no centro de diálise, foram mortas impiedosamente por criminosos russos".

O arcebispo-mor de Kiev lamenta que muitas crianças corriam o risco de morrer, pois estavam ligadas a ventiladores pulmonares artificiais. "Muitas crianças estavam sendo operadas naquele momento. Foi precisamente a queda de energia que as levou à beira da morte. Em nome de Deus, com toda determinação, condenamos este crime contra a humanidade”.

Para a maior autoridade da Igreja Greco-Católica no país, "este não é apenas um crime contra as leis e princípios humanos, contra as normas internacionais que nos falam sobre costumes e regras para a condução da guerra". Segundo a moral cristã, "este é um pecado que clama ao céu por vingança".

"Hoje dirijo-me, clamo à consciência de todas as pessoas do mundo inteiro. Peço-lhes que condenem este crime e façam tudo o que estiver ao seu alcance para deter e punir a mão do assassino implacável. Hoje choramos junto com todas as vítimas. Hoje queremos rezar por todas as vítimas, especialmente pelas crianças mortas inocentemente”.

Diretora do UNICEF: "hospitais deveriam ser refúgios seguros"

 

“Estou chocada com as notícias vindas da Ucrânia hoje", disse a diretora geral do UNICEF Catherine Russel. "Quase três anos após a escalada da guerra na Ucrânia, parece não ter fim o horror que as crianças e as suas famílias são obrigadas a suportar."

Russel recorda que o ataque contra o Hospital Okhmatdyt, o maior centro médico infantil do país, "é outro lembrete brutal de que nenhum lugar na Ucrânia é seguro para as crianças. Os hospitais deveriam ser refúgios seguros, e segundo o direito internacional, gozam de um nível especial de proteção. Os civis, incluindo as crianças, e as instalações e serviços de que dependem, devem  sempre ser protegidos."

A diretora do UNICEF assegurou que a agência continuará a trabalhar na Ucrânia, inclusive nas zonas da linha da frente, para responder às necessidades imediatas das crianças e das famílias.  "Mais do que tudo - afirmou -  as crianças da Ucrânia precisam de uma paz duradoura.”

De acordo com o Direito Internacional Humanitário (DIH), estabelecimentos e unidades de saúde, incluindo hospitais, não devem ser atacados. A proteção também é conferida a pessoas doentes e feridas e a profissionais e veículos de saúde.

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08 julho 2024, 21:41