Dom Tadeu em Itacoatiara, Amazonas: a gente vai para somar na perspectiva de uma Igreja sinodal
Padre Modino – Regional Norte 1 da CNBB
O Papa Francisco nomeou dom Edmilson Tadeu Canavarros dos Santos novo bispo da prelazia de Itacoatiara na última quinta-feira, 22 de agosto. Durante 7 anos e meio ele foi bispo auxiliar de Manaus, que diz ter sido uma escola para se inserir dentro da Igreja na Amazônia, para sentir o cheiro das ovelhas, tendo como prioridade a família, os jovens e os padres. Em sua nova missão na Prelazia de Itacoatiara, no Amazonas, ele vê como desafio a questão das vocações e, para isso, destaca a importância da Iniciação à Vida Cristã e de acompanhar os jovens.
Para a Igreja de Manaus, ele deixa uma mensagem de gratidão: “me senti realmente em casa”. Em Itacoatiara, “a gente vai para somar, com as pessoas que estão aí, com as lideranças, sobretudo com os padres que aí se encontram, nessa perspectiva de ser uma Igreja sinodal, uma Igreja de comunhão, participação e a missão que se desenvolve para que realmente o Reino de Deus aconteça”.
Depois de 7 anos e meio como bispo auxiliar de Manaus, o Papa Francisco acaba de lhe nomear bispo da Prelazia de Itacoatiara. Qual a leitura que o senhor faz desse tempo que tem servido na Arquidiocese de Manaus?
É impressionante essa experiência como bispo auxiliar, verdadeiramente é uma escola, porque a gente, por mais que tenha formação, nunca está preparado para ser bispo. Esse período que eu estive aqui na arquidiocese me ajudou muito, primeiro a me inserir dentro da Igreja na Amazônia, de conhecer profundamente, porque eu venho de uma outra realidade. E depois, também conhecer a dinâmica de como é que é viver como bispo, atuar como bispo.
O senhor fala que aprendeu a ser bispo, o que aprendeu nesse tempo?
Perceber exatamente o que é que significa ser um pastor, e sobretudo agora, nessa perspectiva, nesse ensinamento do Papa Francisco, com o cheiro das ovelhas, que significa realmente estar nos meios populares, estar mais inserido no meio do povo. O pessoal, quando eu cheguei, me perguntava quais eram minhas prioridades, e eu continuo ainda com elas: que é exatamente a família, os jovens e os nossos padres.
Agora que inicia um novo caminho na Prelazia de Itacoatiara, quais podem ser os maiores desafios a enfrentar?
Na realidade da prelazia, a questão das vocações. Nós temos um clero bastante pouco, ainda contamos com muitos padres vindos de fora, que tem o seu tempo, tem o seu prazo, e falta exatamente fazer crescer as vocações, e não simplesmente para o âmbito sacerdotal; mas também não temos nenhum diácono, a Vida Religiosa, que a gente precisa dinamizar mais, e a vocação para o matrimônio.
O senhor afirma que entre as suas prioridades está a família e os jovens, âmbitos onde a vocações são cultivadas. Quais os passos a serem dados nas famílias, entre a juventude, para que essas vocações possam aflorar?
Na perspectiva da vida de família, ajudar os novos casais, os jovens também, a despertar para uma vida matrimonial que realmente aposta nesse projeto de vida. E daí exatamente a questão da fecundidade, da geração de novos filhos, esse cuidado que se tem de como passar a fé aos filhos, essa experiência que se dá também na comunidade. E para isso tem ajudado muito na nossa Igreja aqui, o processo de Iniciação à Vida Cristã a partir das famílias. Sobretudo como acompanhar mais os grupos de jovens, fomentar mais esses grupos a partir da experiência das pequenas comunidades onde estão inseridos e onde realmente pode despertar as vocações.
Agora já está próxima a sua saída da Arquidiocese de Manaus. Qual a mensagem que o senhor deixaria para o povo da arquidiocese?
Uma coisa muito clara é agradecer, agradecer todo tipo de acolhida que eu tive, a experiência da convivência com dom Sérgio, um homem com quem aprendi muito. Também a questão da renúncia, sobretudo pelo limite da saúde em que ele viveu pela doença que o consumiu depois até os últimos dias da sua vida. Mas exatamente, a minha mensagem é de gratidão, de gratidão exatamente porque a Igreja aqui de Manaus é muito viva, nos acolheu de uma maneira muito excepcional e, nessa acolhida, eu me senti realmente em casa, pela circunstância das relações que foram se criando e os trabalhos que foram se desenvolvendo e, ao mesmo tempo, conhecendo e se dando a conhecer as diversas realidades que nós temos. Desde as comunidades ribeirinhas mais distantes até o grande centro, aquilo que desafia hoje a nossa cidade de Manaus.
E ao povo de Itacoatiara que já lhe espera como seu pastor, qual a mensagem que quer enviar?
Em primeiro lugar, estou não para começar algo novo, mas dar continuidade. Nós temos a presença de pelo menos cinco prelados que antecederam a minha presença, e que construíram a Igreja de Itacoatiara, e levaram para frente. Alguns que contribuíram em uma área e outros que contribuíram em outra área. A gente vai para somar, com as pessoas que estão aí, com as lideranças, sobretudo com os padres que aí se encontram, nessa perspectiva de ser uma Igreja sinodal, uma Igreja de comunhão, participação e a missão que se desenvolve para que realmente o Reino de Deus aconteça.
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