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Montanhas Kinabalu, Borneu Montanhas Kinabalu, Borneu 

Em busca do essencial

O Papa nos convida a sermos mendigos do essencial, do que dá sentido à nossa vida, despojando do que pesa na vida quotidiana.

Padre Ricardo Fontana - Reitor do Santuário Nossa Senhora de Caravaggio

O secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin enviou a mensagem que o Papa Francisco escreveu expressando seus votos e reflexões por ocasião do 45º Encontro para a Amizade entre os Povos que acontece em Rimini, na Itália, entre os dias 20 e 25 de agosto, com o tema “Se não estamos em busca do essencial, então o que estamos procurando?”. O Papa Francisco inicia sua mensagem dizendo que: mesmo quando atravessamos tempos complexos, a busca daquilo que constitui o centro do mistério da vida e da realidade é de importância crucial. Diante do cenário que vivemos atualmente com problemas e desafios, encontramos um sentimento de impotência, levando a tomar atitudes derrotistas e passiva que pode levar a “arrastar a vida” e a deixar-nos dominar pela insensibilidade da felicidade efêmera, a ponto de perder o sentido da existência. Neste cenário, portanto, a escolha de rastrear o que é essencial é mais pertinente do que nunca.

O Papa adverte sobre o perigo de perder a paixão pela vida, uma característica que, segundo Francisco, é muito comum nos dias de hoje, até mesmo entre os jovens; motivando a procurar, com paixão e entusiasmo, aquilo que revela a beleza da vida, respondendo à pergunta colocada por Dom Luigi Giussani quando afirmou com coragem: «O coração é corroído pela esclerose, isto é, pela perda da paixão e do gosto de viver. […] A velhice aos vinte e ainda mais cedo, a velhice aos quinze, esta é a característica do mundo de hoje” (Il senso religioso, Milão 2013, 116˗117).

À medida que sopram os ventos frios da guerra, somando-se a fenômenos recorrentes de injustiça, violência e desigualdade, bem como à grave emergência climática e a uma mutação antropológica sem precedentes, é essencial parar e perguntar-nos: há algo que vale a pena viver e esperar?  O Papa nos convida a sermos mendigos do essencial, do que dá sentido à nossa vida, despojando do que pesa na vida quotidiana, seguindo o exemplo de um alpinista que, tendo chegado ao início da face rochosa, deve se livrar do supérfluo para poder subir mais rapidamente, recordando que “o que é essencial, mais belo, mais atraente e ao mesmo tempo mais necessário para nós é a fé em Cristo Jesus” (Discurso ao Plenário do Dicastério para a Doutrina da Fé, 26 janeiro de 2024).

O Senhor salva a vulnerabilidade humana no tempo da adversidade, sendo o porto seguro que oferece resiliência, alegria e força ao barco da vida, que ficaria à mercê das ondas e correria o risco de afundar. A fé em Cristo Jesus é a condição para mergulhar verdadeiramente na história, para enfrentá-la sem fugir aos seus desafios, para encontrar a coragem de arriscar e amar mesmo quando parece não vale a pena a dor, viver no mundo sem nenhum medo. Como escreveu o então Arcebispo Montini: «Tu és necessário para nós, ó Cristo, ó Senhor, ó Deus conosco, para aprendermos o verdadeiro amor e caminharmos na alegria e na força da tua caridade, ao longo do caminho da nossa vida cansativa». (Omnia nobis est Christus. Carta pastoral à Arquidiocese de Milão para a Quaresma de 1955).

O Papa motiva a todos assumirem o controle de suas vidas sendo protagonistas do essencial e indispensável processo de mudança, contribuindo para a missão da Igreja de construir espaços onde a presença de Cristo possa ser sentida e experimentada, gerando um mundo novo, onde o amor, manifestado em Cristo, permaneça e transforme o planeta em um Templo de fraternidade, tendo o desejo comum de buscar  e aprofundar a fé em Jesus Cristo através da escuta do anúncio do Evangelho, que é fonte de libertação que faz florescer nos corações a força que cura e transforma a humanidade.

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22 agosto 2024, 15:42