Igreja no Brasil está próxima às famílias enlutadas pelo acidente aéreo de Vinhedo
Andressa Collet - Vatican News
"Eu fui para levar uma palavra de consolo, de conforto a essas pessoas. Dizer que a gente sofre com elas e tem a mesma preocupação. Fizemos um momento de oração, as pessoas participaram. Mas é claro que a dor é grande e as perplexidades também são grandes, porque muitos agora também querem saber qual é a causa do acidente e isso precisa ter paciência até que o exame técnico das caixas-pretas e outros exames técnicos sejam feitos e o laudo seja divulgado. Porque é inútil começar a divulgar coisas que depois não são verdadeiras. Infelizmente também esse desserviço está sendo feito nas mídias, cada um com sua hipótese, cada um dizendo uma coisa e isso só aumenta a confusão e também a tristeza das famílias, porque cria um ruído e, de alguma forma, desorienta as famílias quanto à compreensão das coisas."
Assim o arcebispo de São Paulo, cardeal Odilo Pedro Scherer, comentou sobre sua visita de solidariedade feita na segunda-feira (12/08) aos familiares das vítimas do acidente aéreo que, na sexta-feira (09/08), matou 62 pessoas em Vinhedo/SP. O prelado foi até o hotel onde o grupo está hospedado na capital paulista e também encontrou autoridades e representantes da companhia VoePass, do Ministério Público e da Defensoria Pública.
O pesar do Papa e da Igreja no Brasil
Com essas palavras, o Papa Francisco também manifestou solidariedade no último domingo (11/08) ao final da oração mariana do Angelus, na Praça São Pedro, onde inclusive um grupo de brasileiros se fazia presente. Em Cascavel, a arquidiocese mobilizou a comunidade para se unir em oração aos familiares e amigos das vítimas, pedindo "a Deus que conceda força, consolo e paz para enfrentar esse momento difícil". O arcebispo local, dom José Mário Scalon Angonese, também ofereceu seu apoio espiritual, "desejando que o conforto divino possa aliviar a tristeza e a dor de todos que estão sofrendo".
Já em um vídeo divulgado pelos canais oficiais, o arcebispo José Antônio Peruzzo e o bispo auxiliar Reginei José Modolo (dom Zico) da Arquidiocese de Curitiba, os dois naturais de Cascavel, transmitiram uma mensagem de condolências. O arcebispo, consternado, assim como toda a cidade de Cascavel e do oeste do Paraná, disse ter reconhecido muitas das vítimas que faziam parte de famílias amigas com quem tinha muita proximidade: "não posso oferecer mais que as minhas preces solidárias, de gente que se sentiu ferido com a tragédia". Dom Zico também expressou dor e sofrimento por tantos amigos que fizeram sua passagem e, demonstrando proximidade, dirigiu um abraço e assegurou orações: "sintam-se acolhidos na dor, por meio de nossas orações e preces. Que o Deus da consolação abençoe a todos".
Em nota, a CNBB manifestou pesar e, neste momento de luto, pediu a intercessão de Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil, junto a todas as famílias enlutadas. Os bispos asseguraram que “nossas orações e nossos corações estão voltados para as estas pessoas que enfrentam neste momento a dor da perda e da profunda tristeza. Rogamos a Deus, em sua infinita misericórdia, que acolha as almas daqueles que partiram, concedendo-lhes o descanso eterno e o conforto aos que permanecem. Que a fé em Cristo, que venceu a morte, seja fonte de esperança para todos que sofrem as consequências desta tragédia”, diz um trecho do documento.
O acidente em Vinhedo
O avião, um turboélice ATR 72-500 da VoePass, saiu de Cascavel, no Paraná, e caiu em Vinhedo, a cerca de 70Km do destino final que era o Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo. Os 58 passageiros e 4 tripulantes do voo 2883 morreram de forma instantânea por politraumatismo no momento em que a aeronave tocou o solo, confirmou a Polícia Científica. Ninguém ficou ferido em terra com o impacto da aeronave. O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), ligado à Força Aérea Brasileira (FAB), conduz a investigação para descobrir as causas do acidente fatal. Peritos analisam caixas pretas para verificar elementos importantes para investigar as causas do acidente. Foi o mais grave acidente aéreo desde 2007, quando uma aeronave da TAM não conseguiu pousar na pista do Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, e bateu no prédio da TAM Express, provocando a morte de 199 pessoas.
Os familiares, em diferentes partes do país, estão prestando as últimas homenagens nestes dias, enquanto uma parte em São Paulo ainda aguarda o reconhecimento e a liberação dos corpos das vítimas por parte do Instituto Médico Legal (IML) para o sepultamento. Ainda não há previsão para terminar o processo de identificação.
"As pessoas estão muito abaladas, é claro, mas agora a preocupação é que possam, primeiro, o quanto antes liberar os corpos no IML. E isso naturalmente tem o seu tempo. E o IML é é o único que pode dar informações às pessoas que estão à espera dessas informações. Ao mesmo tempo, porém, o IML não pode correr o risco de dar informações apressadas que depois não se confirmam. Então, o IML já avisou que só vai liberar os corpos quando tem certeza de quê da identidade do corpo a ser liberado", finalizou dom Odilo Scherer.
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