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Pe. Pero Miličević e Pe. Benito Giorgetta Pe. Pero Miličević e Pe. Benito Giorgetta  

Padre Pedro Miličević: “perdoei quem matou meu pai”

Termina neste domingo, 25 de agosto, em Rimini, na Itália, o “Encontro de Amizade entre os Povos”, intitulado “Meeting de Rimini”, que chegou à sua 45ª edição. Entre as diversas intervenções, destaque ao testemunho do sacerdote de Mostar, Padre Pedro Miličević que, quando criança, viveu a guerra na Bósnia e Herzegovina, nos anos 90.

Benedetta Capelli - Rimini

“Há duas coisas que não podem ser separadas: o perdão dado e o perdão recebido. O mal recebido, muitas vezes, é tão grande que, para ser perdoado, parece que devemos subir uma montanha muito alta. Porém, não podemos fazer isso sozinhos, de consequência, precisamos da graça de Deus, que a devemos pedir”. Trata-se da reciprocidade da misericórdia, que o Papa Francisco explicou na audiência geral, em 18 de março de 2020. Este aspecto se expressa de modo forte e poderoso na história do Padre Pedro Miličević, um jovem sacerdote de Mostar, na Bósnia e Herzegovina, a cidade que, em 1993, viu seu símbolo, a ponte velha, destruído por unidades croatas. Foram momentos dramáticos: Mostar ficou dividida entre as forças croatas da Bósnia, que ocuparam a parte ocidental, e o exército da República da Bósnia e Herzegovina, a oriental, onde viviam muçulmanos bósnios.

Precipitados na escuridão

Na época, a Iugoslávia estava envolvida em um conflito entre irmãos, um acontecimento que uma criança de 7 anos, como Pedro, não entendia, mas compreendia as lágrimas copiosas e amargas, que sua mãe derramava, sem a poder consolar.
“Em 1993, em entrevista à Rádio Vaticano, durante o Encontro de Rimini, Pedro disse: “Em um só dia, perdi 8 membros da minha família: meu pai, uma tia, três filhos da minha tia e um de outra tia...”. Além do mais, Pedro foi levado, com outras pessoas, para um campo de concentração, onde permaneceu por 7 meses.

Um oásis de paz

Após dois anos, Pedro foi passar alguns dias de férias em Termoli, na Itália, junto com outras crianças de Mostar, por iniciativa do Padre Benito Giorgetta, que também participou do Encontro de Rimini. Na ocasião, o sacerdote disse: “Fui buscar essas crianças, pessoalmente, não obstante todo o processo burocrático. Foram necessários tantos sacrifícios e trabalho, para as devidas autorizações governamentais; mas, acima de tudo, meu desejo era muito forte para oferecer um oásis de paz àquelas crianças tão atormentadas. Lembro-me do terror delas ao ouvir os fogos de artifício. Aqueles barulhos levou as crianças a se esconder, porque, para elas, representavam toques morte, o que, para nós, ao invés, eram motivos de alegria”. Na entrevista, o sacerdote não deixou de expressar seus agradecimentos, sobretudo, às famílias, que, na época, acolheram aquelas crianças: “foram verdadeiras missionárias, - como ele as define hoje, - porque evangelizaram com seu testemunho”. O sacerdote agradeceu, de modo particular, a família Castrotta, que hospedou Pedro.

O amor que não esquece

As crianças voltaram para Mostar. Os anos passavam, entre sofrimentos e tentativas de melhorar as relações humanas e empreender um caminho de regeneração. Mas, Pedro decidiu entrar para o seminário em Zagreb. Com o passar dos anos, retornou à Itália para concluir seus estudos. Na ocasião, fez uma peregrinação a San Giovanni Rotondo. No caminho, viu a indicação para Termoli. Então se recordou da família Castrotta, que o havia acolhido nos anos passados. Através do Facebook, encontrou a família, à qual pediu notícias sobre o Padre Benito Giorgetta, mas obteve pouca resposta. Depois, ao voltar para Roma, recebeu uma surpresa: o próprio Padre Benito lhe ligou e o convidou a ir a Termoli, para celebrarem juntos uma Missa. “Do amor – disse Padre Pedro – não se esquece”.

“Sei quem matou meu pai…”

Durante todos aqueles anos, a luz do Evangelho iluminou o coração do jovem sacerdote: o encontro com o grande amor revolucionou a sua vida e o abriu ao perdão: “Da mesma forma como Deus perdoa, também nós devemos perdoar. Sei quem matou meu pai, mas eu o perdoei, pois não posso viver na vingança. Se eu tiver que ficar magoado, não seria um homem de Deus; somos humanos, cometemos erros, nascemos no mesmo lugar, mas não somos muito diferentes”. Eis a grande lição que a dor proporcionou ao Padre Pedro: o perdão é o caminho para curar e olhar o outro como verdadeiro irmão.

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25 agosto 2024, 08:36