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Dom Paulus Budi Kleden SVD, arcebispo de Ende, na Indonesia (Vatican Media) Dom Paulus Budi Kleden SVD, arcebispo de Ende, na Indonesia (Vatican Media)

Dom Paulus Kleden: 'Francisco ajude a nós, indonésios, a defender a harmonia social'

Originário da ilha de Flores, até poucas semanas atrás superior geral dos verbitas, dom Paulus Budi Kleden iniciou seu mandato como arcebispo em Ende no dia 22 de agosto. Na véspera da chegada do Papa ao país, ele falou à agência AsiaNews sobre as expectativas para essa visita. E sobre o rosto missionário da Igreja indonésia que, em dezenas de países ao redor do mundo, hoje tem seus sacerdotes e religiosas a serviço da evangelização

Vatican News

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Dom Paulus Kleden iniciou seu ministério como arcebispo há poucos dias. Ele foi o segundo asiático a liderar os verbitas por seis anos, a congregação missionária fundada em 1875 na Alemanha pelo padre Arnold Janssen, uma das mais presentes na Ásia e que hoje tem muitas vocações na Indonésia. Em maio passado, o Papa Francisco escolheu o padre Paulus Budi Kleden para conduzir a Arquidiocese de Ende, a metrópole da ilha de Flores, o coração do catolicismo indonésio. Com 58 anos de idade, originário da zona rural de Larantuka, na própria ilha de Flores, e sacerdote desde 1993, dom Paulus Kleden ensinou teologia fundamental durante muito tempo em Ledalero, o grande seminário dessa ilha, antes de ocupar o cargo de superior geral dos verbitas de 2018 até julho passado. Ele foi ordenado bispo em 22 de agosto em Ende, escolhendo como lema episcopal “Perseverai no amor fraterno”, o versículo que abre o capítulo 13 da carta aos Hebreus. E foi com ele que a AsiaNews - na véspera da partida do Papa Francisco para a Indonésia, na tarde desta segunda-feira (02/09) - refletiu sobre o significado dessa viagem para esse grande país asiático e para o mundo inteiro.

Arcebispo Paulus Kleden, o que o senhor espera da visita do Papa Francisco a Jacarta?

 

“Em primeiro lugar, fortalecer os católicos na Indonésia em sua identidade como crentes e em sua contribuição para a nação. Embora em pequeno número, os católicos indonésios têm desempenhado um papel fundamental no desenvolvimento do país. Esse papel deve ser fortalecido e continuado.

Em segundo lugar, que promova o diálogo inter-religioso na Indonésia. Que ela ajude os indonésios de outras religiões a entender que a Igreja católica se preocupa com os problemas da humanidade como um todo e está aberta a colaborar com outros para enfrentar os desafios.

Em terceiro lugar, que ela incentive o governo indonésio em sua tarefa de servir aos indonésios, ajudando-os a viver pacificamente com as diferenças, inclusive as diferenças religiosas, que existem entre eles, para que vejam essas diferenças como uma riqueza que nos ajuda a crescer.

Por fim, espero que, após essa visita, o governo indonésio facilite a vinda e o trabalho de missionários católicos de outros países na Indonésia”.

Durante essa visita, o senhor acredita que a experiência da Indonésia pode oferecer ao mundo inteiro um exemplo de diálogo entre cristãos e muçulmanos?

“Minha grande esperança é exatamente esta: que a realidade indonésia de enriquecimento mútuo das comunidades religiosas seja um exemplo e uma inspiração para o mundo. As pessoas deveriam ver isso. Eu mesmo fiquei muito orgulhoso e, ao mesmo tempo, inspirado pela participação de meus irmãos e irmãs muçulmanos e de outras religiões em minha ordenação episcopal e em tantas outras ocasiões na vida de nossas comunidades aqui. É também um apelo a todos os indonésios para que salvaguardem esse modo de viver e trabalhar juntos”.

Em sua homilia no início de seu ministério como arcebispo de Ende, o senhor enfatizou a necessidade de defender a “harmonia social” na sociedade indonésia: o que a coloca mais em risco hoje?

 

Sim, eu disse essas palavras. A harmonia social, por exemplo, é ameaçada hoje por alguns políticos que exploram questões religiosas ou a identidade religiosa para obter votos. A insensibilidade em construir prédios religiosos onde há apenas alguns fiéis dessa religião também é um fator. Assim como o econômico: quando os habitantes de um lugar que são fiéis de uma religião veem que seus vizinhos de outras religiões recebem mais privilégios e apoio para iniciar e administrar seus próprios negócios, surgem tensões”.

Com base em sua experiência anterior como superior geral dos verbitas, como o senhor vê a contribuição dos missionários indonésios para a Igreja no mundo hoje?

“Como católicos indonésios, podemos nos orgulhar de termos nos tornado um país de envio de missionários, depois de décadas sendo apenas um país receptor. Se considerarmos apenas os verbitas, há mais de 500 missionários indonésios que exercem seu ministério em 50 países ao redor do mundo. Os missionários indonésios são caracterizados por sua simplicidade e disposição para trabalhar até mesmo nos lugares mais remotos. A experiência deles de convivência com outras religiões, especialmente com os muçulmanos, é uma contribuição muito útil para as outras Igrejas locais”.

(AsiaNews)

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02 setembro 2024, 12:00