Dom Mokrzycki: rezemos em solidariedade a quem sofre na Ucrânia
Svitlana Dukhovych e Beata Zajaczkowska - Vatican News
Após o ataque de terça-feira, 3 de setembro, no qual a Rússia atingiu um instituto de treinamento militar e um hospital em Poltava (capital de uma região central da Ucrânia) com mísseis balísticos, quando 53 pessoas morreram e 271 ficaram feridas, em outro ataque com mísseis, na madrugada de desta quarta-feira, 4 de setembro, os russos atingiram Lviv, oeste do país. Sete pessoas perderam a vida, entre elas, 3 crianças.
O prefeito de Lviv, Andriy Sadovyi, postou uma foto de uma família no Telegram, escrevendo que o homem, o único sobrevivente, estava gravemente ferido. A esposa dele, Yevhenia, e as três filhas, Yaryna, de 21 anos; Daria, de 18 anos; e a caçula Emilia, morreram no ataque à sua casa. A Universidade Católica de Lviv divulgou uma postagem no Facebook afirmando que Daria era sua aluna, no segundo ano do programa de Estudos Culturais da Faculdade de Ciências Humanas. Dom Mieczyslaw Mokrzycki, arcebispo latino de Lviv, também foi imediatamente ao local do ataque.
O senhor foi pessoalmente ao local do ataque para dar apoio e conforto à população...
Todos os dias recebemos alarmes duas ou três vezes. Mesmo esta noite, às 4 horas da manhã, ouvimos sirenes. Geralmente não há ataques desse tipo aqui em Lviv, mas esta noite, infelizmente, mísseis caíram na cidade, perto da estação de trem. Eles destruíram dois ou três prédios onde as pessoas moravam e, infelizmente, sete pessoas morreram, incluindo três crianças. Outros prédios foram danificados, janelas, portas e muitos carros foram destruídos. As pessoas sofreram esse trauma. Eu também fui para lá. Nesta manhã, visitei duas comunidades religiosas de nossas irmãs, as Irmãs Franciscanas da Família de Maria e as Irmãs Honoratki (Pequenas Irmãs do Imaculado Coração de Maria). Até mesmo na casa delas, as janelas e portas foram destruídas. Graças a Deus, elas se esconderam no banheiro e ninguém se feriu. E as pessoas na Ucrânia passam por esses traumas todos os dias. Rezemos para que essa paz há muito desejada chegue.
O que significa para as pessoas ver e sentir o apoio dos sacerdotes e religiosos em momentos e lugares de tanta dor?
As pessoas geralmente se aproximam deles e pedem uma bênção, pedem oração e, muitas vezes, nossos soldados também pedem confissão. Mas, acima de tudo, apreciam a presença de padres e religiosos nos momentos difíceis e trágicos de suas vidas, em momentos como este. Além disso, porque muitas vezes também podemos dar a extrema-unção a pessoas que estão morrendo. Também fui ao local do ataque para estar perto de nossas freiras e assegurar-lhes que estaremos lá inclusive com ajuda material. Também falei com outras pessoas, para dar conforto e esperança.
Como estão as freiras? Elas estão muito assustadas?
Sim, até certo ponto estamos acostumados com esses alarmes, mas, desta vez, as freiras disseram que ouviram um ruído alto e depois viram uma grande luz como se fosse uma bomba nuclear. Naquele momento, elas também não tinham palavras para avisar as outras freiras. Assim, quase todas se viram no corredor e depois se esconderam no banheiro, pois não havia tempo de descer para o abrigo embaixo da casa.
Neste momento trágico, o que o senhor gostaria de dizer aos católicos de outros países do mundo?
Estamos vendo que essa guerra não é apenas entre soldados russos e ucranianos. Infelizmente, a Rússia está atacando civis para criar medo, para criar trauma em todo o país. Convidamos todos os nossos fiéis, e também as pessoas de boa vontade, a se unirem em oração para pedir a misericórdia de Deus e em solidariedade com aqueles que sofreram, com aqueles que perderam seus entes queridos, com aqueles que perderam suas casas. Pedimos, acima de tudo, que nos unamos em oração, pois sabemos que Deus pode mudar nossa história a qualquer momento.
Obrigado por ter lido este artigo. Se quiser se manter atualizado, assine a nossa newsletter clicando aqui e se inscreva no nosso canal do WhatsApp acessando aqui