8000 Jovens celebram o Dia Nacional da Juventude na Arquidiocese de Curitiba
Por Diego Henrique da Silva Alves*
No último dia 28 de setembro (sábado), o Colégio Marista Paranaense acolheu em suas dependências o Dia Nacional da Juventude 2024, evento promovido pelo Setor Juventude da Arquidiocese de Curitiba em parceria com a Província Marista Brasil Centro-Sul, a Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) e a GERAR.
A temática proposta para o DNJ 2024 da referida Arquidiocese – Testemunhas da Esperança – esteve em consonância com o Plano de Pastoral Juvenil da Igreja no Brasil (lançado em 2022), com um dos temas tratados na mais recente edição da Assembleia Geral da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), realizada em Abril de 2024, com o próprio Sínodo sobre os Jovens (Outubro de 2018), além, é claro, de fazer uma clara referência ao tema do Jubileu do Ano Santo de 2025 (Testemunhas da Esperança).
O tema em questão conclamou os/as jovens arquidiocesanos a tomarem parte num processo de evangelização no qual cada um/a é corresponsável no projeto cristão da salvação e no convite a outros/as jovens para que conheçam a mensagem de Jesus Cristo. Tal movimento temático também quis motivar toda a Igreja Arquidiocesana a ir ao encontro das juventudes.
Para o Irmão Marista de Champagnat, Miguel Fernandez, Diretor de Identidade, Missão e Vocação da Província Marista Brasil Centro-Sul, “esse tema nos convida a sermos sinais vivos de fé e coragem em um mundo que, tantas vezes, parece perdido no medo, na violência, na violação dos direitos humanos mais fundamentais e na desesperança”.
Juventudes que coexistem sem renunciar às suas identidades
Sala de meditação, bosque para o Sacramento da Reconciliação e orientação espiritual, barracas com comidas e bebidas, shows de pagode e batalhas de rima, estandes de Congregações Religiosas para o diálogo sobre as diferentes vocações na Igreja, arena com quadra de vôlei de areia e campo de futebol, espaço musical para os/as jovens... Não faltaram lugares e experiências para acolher as mais diversas expressões juvenis, que puderam escolher dentre os diversos roteiros de atividades que estiveram à disposição durante todo o evento.
O Assessor Eclesiástico do Setor Juventude da Arquidiocese de Curitiba, Pe. Clayton Munhoz, explica as razões do êxito desta edição do DNJ: “A variedade, a diversidade, para mim, não é um problema. A chave, o segredo, é muito simples: eu trouxe todo mundo. Todo mundo é convidado! Todo mundo é protagonista!”, ponderou. Segundo ele, o DNJ é uma expressão da unidade a ser vivida pelos/as jovens católicos/as. “Ninguém precisa anular a sua identidade para gerar comunhão. Então, nós temos aqui as Novas Comunidades carismáticas, as juventudes mais progressistas, os grupos paroquiais, todas as pessoas. Isso é a Igreja! Todas as vezes que se experimenta comunhão, o Reino de Deus acontece. E aí cresce e aumenta, se desenvolve e transborda”, avalia.
O Jovem Lucas Orso, que faz parte do Movimento Jornada Jovem de Curitiba, junto a vários amigos, comercializaram lanches em uma das barracas da Praça de Alimentação do DNJ com o objetivo de levantar recursos para a realização de um grande retiro que pretendem realizar. De touca na cabeça e avental personalizado, ele afirmou que a cultura do encontro faz todo o ritmo intenso de trabalho se tornar mais leve e adquirir um novo sentido, que está alicerçado na missão de evangelizar. “O mais legal é a união com os amigos. A gente está sempre junto, se ajudando e não é uma coisa de hoje: é uma coisa que vem há tempo, com a gente se preparando. Não é uma simples amizade, é uma coisa de irmão! Trabalhar aqui mostrou o quão unido a gente é!”, explicou.
A Jovem Taíza Vitória Cequinel, integrante da equipe de liturgia da Paróquia Nossa Senhora da Piedade, da cidade de Campo Largo (PR), na região metropolitana de Curitiba, defendeu que a companhia de seus pares foi o que achou mais marcante nesta edição do DNJ. “Eu acho que faz muita falta, no dia-a-dia... A gente não vê tanto jovem católico assim, na prática. Aqui, juntando todo mundo, parece que a gente não está sozinho mesmo!”
Juventudes: tempo passado, tempo presente e as novas formas de evangelização
Dom José Antônio Peruzzo, Arcebispo Metropolitano de Curitiba e participante do DNJ, destacou as semelhanças e as diferenças entre as juventudes de seu tempo e as juventudes contemporâneas, em especial, as que observou circulando pelo DNJ: “Outrora a alegria era a mesma, mas agora é mais ruidosa, faz mais barulho, mas também a criatividade é bem maior, também a espontaneidade é maior”. O Arcebispo também reconheceu que há uma convivência mais fraterna e valorizam-se as expressões juvenis mais autênticas e destemidas das personalidades individuais. “Antigamente, tudo era muito mais tímido. Agora a espontaneidade deixa pronunciar sentimentos, amores, dores, temores. Antigamente nada se sabia, parecia que cada pessoa era um universo cheio de ocultações e de intimidações. Agora é mais espontâneo, muito mais, porém também são maiores, na atualidade, os riscos a que um jovem está exposto”. Posteriormente, ao início da Missa, Dom Peruzzo afirmou: “Eu nunca havia visto um DNJ tão grandioso e festivo como este”.
O Irmão Marista de Champagnat, Gutto Wendler, que também é um dos Animadores Vocacionais da Província Marista Brasil Centro-Sul, comentou sobre o quanto a realização do DNJ o fez lembrar do impacto que a sua participação em grupos de jovens refletiu na sua opção pela vida religiosa. “Recordar o DNJ é recordar a minha vocação. Eu me fiz Irmão, decidi consagrar a minha vida olhando essa juventude que carece e, cada vez mais, quer se aproximar do próprio Cristo, a partir de suas expressões. Não temos uma receita única para aproximar a juventude de Jesus Cristo. Eu, de maneira muito especial, descubro a minha vocação a partir de todo tempo que me dediquei à Pastoral da Juventude”.
Palco São Marcelino Champagnat, no Espaço das Juventudes, foi o coração do DNJ
O palco principal reuniu os shows dos Ministérios M3 e Missão & Canção, as pregações de Rafael Medeiros e do Pe. Clayton Munhoz, o Desperta Vocacional (momento de tira-dúvidas com Padres, Irmãos, Religiosas e Leigos), os testemunhos de convidados/as especiais, a adoração ao Santíssimo Sacramento, a Santa Missa e o show de encerramento com a Fraternidade São João Paulo II. Por ter recebido essa intensa programação, o palco dialogou explicitamente com o carisma de um dos Patronos do DNJ 2024, como explicou o Ir. Miguel Fernandez durante o comentário inicial da Missa: “Marcelino Champagnat, Fundador dos Irmãos Maristas, dedicou sua vida à educação e à evangelização das crianças e jovens, ensinando-nos a importância de plantar a fé nos corações de cada um e a tornar Jesus conhecido e amado”. Vale salientar que neste ano de 2024, celebram-se os 25 anos da canonização de Marcelino Champagnat.
O Ir. Gutto Wendler não escondeu a alegria em ter o Fundador de sua Congregação inspirando as juventudes do evento. “Para nós, Maristas de Champagnat, é uma alegria muito grande ter como um dos Patronos do Dia Nacional da Juventude de nossa Arquidiocese um santo que inspira também a nossa consagração... Um santo que desafiou o seu tempo, evangelizou, empreendeu esforços e empenhou seu amor, e, não por acaso, tornou-se um grande apóstolo da juventude. Nós, como Irmãos Maristas, temos essa missão: confiar na juventude!”, ponderou o Irmão.
Patronos escolhidos para o DNJ 2024 traduziram em suas vidas o ideal cristão em face das juventudes
Um padre apaixonado pela educação, um médico surfista que se lançou à vida religiosa, um adolescente conectado ao mundo digital e uma jovem que abdicou a se tratar do câncer para poder dar à luz ao seu bebê. O time de Patronos e Patrona escolhidos para esta edição do DNJ não deixa dúvidas sobre a mensagem que a edição do evento desejou transmitir: ser santo hoje continua sendo possível!
São Marcelino Champagnat deu o nome ao Espaço Juventude, onde estava localizado o palco principal do DNJ. O padre francês discerniu pela vida sacerdotal a partir de seus 14 anos e toda a sua jornada se deu em favor da educação e da evangelização de crianças e jovens. Hoje, a obra que fundou há mais de 200 anos, já supera o número de 600 escolas em 80 países, com universidades, colégios privados e inúmeras unidades sociais que provisionam estudo gratuito a muitas populações.
Carlo Acutis foi o Patrono do Espaço Santidade, localizado na tenda montada para um bate-papo com o Arcebispo (Dom José Peruzzo) e os Bispos Auxiliares (Dom Reginei Modolo e Dom Adenis de Oliveira) da Arquidiocese de Curitiba, para oração, adoração eucarística, meditação, exercícios inacianos e intercessão pelo evento. Carlo Acutis, nascido em Londres e criado na Itália, faleceu aos 15 anos, em decorrência de uma leucemia. Seu corpo encontra-se sepultado na cidade de São Francisco, Assis (Itália). Seu processo de canonização foi aberto em 2013 e ele foi proclamado venerável em 2018. É considerado padroeiro da juventude, da internet e dos estudantes. Ficou conhecido por documentar milagres eucarísticos e aparições de Maria aprovadas pela Igreja ao redor do mundo e catalogá-los em um site que ele mesmo criou, pouco tempo antes de sua morte.
Guido Shaffer foi o Patrono do Espaço Radicalidade. O jovem formou-se em medicina pela UFRJ, ofertando assistência médica gratuita à população do Vidigal, no Rio de Janeiro. Em 2008, ingressou no Seminário, respondendo ao chamado que sentia em relação à vida presbiteral. Amante do surf, nunca deixou de praticá-lo nas praias cariocas. Morreu aos 34 anos enquanto surfava no Recreio dos Bandeirantes. Hoje, é considerado venerável pela Igreja.
Chiara Corbella foi a Patrona do Espaço Esperança, um amplo bosque ao interno do Colégio Marista Paranaense, que esteve destinado ao atendimento de confissões e à orientação espiritual. A jovem italiana em questão é expressão da escolha consciente e da doação de si. Conheceu seu esposo em uma peregrinação, casou-se e teve dois filhos que vieram à óbito logo após o parto. Em sua terceira gestação, teve o diagnóstico de câncer na língua e, contrariando os médicos que recomendaram a prática do aborto, optou dar à luz ao bebê, que se desenvolveu sem complicações, mesmo que isso tenha custado o adiamento de seu tratamento e a sua páscoa, ainda muito jovem, aos 28 anos.
*Diego integra a Equipe da Diretoria de Identidade Institucional da PUCPR – Pontifícia Universidade Católica do Paraná.
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