Cardeal Parolin celebra a Santa Missa no Palácio Episcopal São Joaquim - Rio de Janeiro Cardeal Parolin celebra a Santa Missa no Palácio Episcopal São Joaquim - Rio de Janeiro 

Cardeal Parolin celebra a Santa Missa no Palácio Episcopal São Joaquim

Cardeal Parolin: “É preciso levar a sério as necessidades dos irmãos, porque o mundo é uma grande família”.

Carlos Moioli – Arquidiocese do Rio de Janeiro

O secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, após participar do primeiro dia da Cúpula do G20, no Rio de Janeiro, 18 de novembro, presidiu missa na Capela Nossa Senhora da Conceição, no Palácio Episcopal São Joaquim, na Glória.

Na saudação inicial, o secretário de Estado observou que, após chegar de Roma, o dia foi pesado e pleno de atividades, por participar do G20, mas que estava feliz pelo momento celebrativo. Ele agradeceu de coração a acolhida e hospedagem feita pelo arcebispo metropolitano, cardeal Orani João Tempesta.

Na celebração estavam o núncio apostólico no Brasil, dom Giambattista Diquatto, os bispos auxiliares e residentes no Rio de Janeiro, sacerdotes, seminaristas, religiosos e leigos.

Cardeal Parolin celebra a Santa Missa no Palácio Episcopal São Joaquim
Cardeal Parolin celebra a Santa Missa no Palácio Episcopal São Joaquim

Colunas da Igreja

Na homilia, com tradução do italiano feita por monsenhor André Sampaio, o secretário de Estado lembrou que na celebração do dia, a memória da Dedicação das Basílicas dos Apóstolos São Pedro e São Paulo fazia unidade com o Papa Francisco. Também acrescentou que com as basílicas estão as basílicas de São João de Latrão e Santa Maria Maior, que serão locais de peregrinação no Jubileu do Ano Santo de 2025.

O Cardeal Parolin lembrou que, em vista do jubileu, o baldaquino da Basílica de São Pedro passou por restauração, e que também há um projeto de restauração dos mosaicos da Basílica de São Paulo. “As basílicas foram construídas em cima das sepulturas dos dois apóstolos martirizados, colunas da Igreja.

“Peçamos a São Pedro que nos inspire no seu amor a Nosso Senhor. Ele tinha momentos de fraqueza, mas amava e seguia o Senhor. No largo de Genesaré, entre lágrimas, confessou: ‘O Senhor sabe tudo, sabe que te amo’.  Que também nós possamos ter um pouco deste amor, na mesma condição que Jesus pede a Pedro. ‘Apascenta meus cordeiros’, disse Jesus, para ser pastor do rebanho. Para ser pastor é necessário ter uma preparação, competência e conhecimento, mas não pode faltar o amor apaixonado e total pelo Senhor. Peçamos a São Pedro, principalmente nós bispos e sacerdotes, que possamos crescer nesse amor para nos tornarmos bons pastores, a exemplo de Jesus”, disse.

Sobre o apóstolo São Paulo, o Cardeal Parolin destacou que ele tem capacidade e ardente empenho em anunciar o Evangelho. ‘Ai de mim se não evangelizar’, diz São Paulo. E mais: ‘Tudo fiz pelo Evangelho’. “Esse amor deve ser tornar em anúncio e ser levado a todos os irmãos”, disse.

Ao recordar o Sínodo dos Bispos sobre a Sinodalidade, realizado em outubro, em Roma, o secretário de Estado lembrou que "o convite do Papa é caminhar juntos como irmãos”. Neste sentido, evidenciou que o Rio de Janeiro tem seus desafios para anunciar o Evangelho, mas quando todos “trabalham juntos e bem, a evangelização responde à expectativa profunda do ser humano”.

Na conclusão da homilia, o cardeal Parolin pediu as bênçãos de São Pedro e São Paulo para que “a missão seja bem desenvolvida pelos ministros do Senhor”, uma “missão belíssima”, e que os “jovens possam ver alegria em seus rostos e também se sentir atraídos no serviço ao Senhor.” Também pediu a proteção de Maria, sob o título da Imaculada Conceição, cuja solenidade se aproxima.

Unidade

No final da celebração, dom Orani agradeceu a presença do Cardeal Parolin no Rio de Janeiro, pela oportunidade de concelebrar a Eucaristia com os bispos auxiliares e sacerdotes.

“A memória da Dedicação das basílicas de São Pedro de São Paulo nos faz bem próximos e unidos ao Papa Francisco. Peço que transmita ao Santo Padre o nosso abraço, adesão e fidelidade. Também nossa comunhão com sua caminhada, a sua preocupação pela paz em um mundo de guerra, pela pobreza e outras necessidades, assim como o senhor se referiu ao ler a carta na Cúpula do G20”, disse dom Orani.

Cátedra Guido Schäffer

O Cardeal Parolin foi presenteado pela Cátedra Guido Schäffer de Esporte, Fé e Cultura, da PUC-Rio, e o Núcleo Esporte e Fé do Santuário Cristo Redentor, com a camisa azul da Seleção Brasileira de Futebol, que carrega um simbolismo enorme. De acordo com a história, ela é azul em homenagem a Nossa Senhora Aparecida.

Cardeal Tempesta e cardeal Parolin
Cardeal Tempesta e cardeal Parolin

Entrevista

Após a Santa Missa, em entrevista ao Sistema de Comunicação da Arquidiocese do Rio de Janeiro, o Cardeal Parolin fez um balanço do primeiro dia da Cúpula do G20. Entre os temas, abordou sobre a crise climática, como fenômeno global, e o alerta do Papa Francisco, com a Laudato si’, que pede que as pessoas cuidem da Casa Comum e vivam em harmonia com a criação de Deus. O tema, observou, também foi refletido dias antes na COP29 de Baku, no Azerbaijão, em que esteve presente, representando o Santo Padre.

“Tudo começa com o acordo de Paris, que enquadra muito bem a problemática. A grande dificuldade para resolver a crise climática é a lentidão em implementar as decisões tomadas anteriormente”, disse.    

Para o secretário de Estado, a encíclica Fratelli tutti, do Papa Francisco, é uma luz para promover o diálogo e cooperação entre as lideranças globais.

“Podemos, sim, enfrentar e superar os conflitos que existem no mundo. Mas isso só será possível quando todos nós reconhecermos que somos irmãos, muito mais para nós, como cristãos, que somos filhos do mesmo Pai. O cuidado da Casa Comum e uma responsabilidade mútua”, disse.

Para o cardeal Parolin, “é preciso levar a sério as necessidades dos irmãos, porque o mundo é uma grande família. Se não houver essa perspectiva, será difícil dar passos. Vejo que há necessidade de ter confiança para melhorar o mundo. Se não há confiança, não há diálogo, se não há confiança não há fraternidade.”

Apesar do cenário de um mundo em guerras, com situações de fome e pobreza, as quais os países deveriam se esforçar para resolver, o secretário de Estado lembrou que há motivos de esperança.

“O Jubileu de 2025 foi convocado sob o sinal da esperança. A intenção do Santo Padre é que sejamos peregrinos de esperança. É como se ele quisesse dizer: devolver a esperança a este mundo que parece tê-la perdido completamente. Uma esperança global. Para nós, a esperança é virtude teologal”, disse.

“Falando em esperança, precisamos dar respostas aos pobres, de levar em consideração a situação de como vivem, de tal forma, que as desigualdades deixem de existir. Na Cúpula do G20 discutimos uma nova arquitetura econômica global. Dar esperança aos pobres significa reformar precisamente o sistema e eliminar as causas estruturais da pobreza”, concluiu o cardeal Parolin.

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20 novembro 2024, 13:45